Eu não podia negar a sensação de aceitação que aquela ocasião me trouxe.
Por mais que fosse trágico e assustador, uma coisa pelo menos era certa: Era o que devia ser. Era simples. Anjos e demônios, luz e escuridão, sem nuances de cinza para nos fazer pensar duas vezes sobre que partido tomar. Uma batalha bíblica, como diria a prescrição, cumprida à risca. Teria uma certa beleza se eu estivesse observando de fora; se eu estivesse dando minha opinião de caçador. Só que não era esse o caso. Eu estava observando de dentro; do meio do fogo cruzado; e a minha opinião era a de um mero humano emboscado numa armadilha para ursos - Simplesmente era tudo grande demais para mim.
Mesmo assim eu olhei para a Nina.
Apenas olhei para ela bem na hora que Dean avançou na direção de Michael e a guerra estourou ao nosso redor... E no mesmo instante eu soube que era exatamente ali que eu deveria estar; daquele jeito, para que ela tivesse alguém em quem se segurar enquanto o mundo acabava. E desse jeito eu não teria mais dúvidas - Porque se eu fosse perder a vida agora... Bem... Seria um bom jeito de morrer no final das contas. Ninguém me tiraria o propósito daquilo.
Então avancei também.
Sem ter a mínima noção do que faria em seguida.
Simplesmente corri até ela.
Michael a empurrou para os dois anjos que seguravam Castiel quando meu irmão se lançou contra ele, com a primeira lâmina na mão, apontada na direção da sua garganta. Cas se aproveitou que um deles o soltava para agarrá-la e se libertou, com uma rajada de vento que derrubou não só os dois anjos, como Nina também. Quando dei por mim ele não estava mais na beira da estrada, mas na linha de frente, colocando-se entre o exército de Crowley e o resto de nós, para impedi-los de avançar.
E pela primeira vez na vida eu vi... Vi suas asas negras e gigantescas se abrirem e se agitarem como quem demarca um limite; como quem anuncia uma fronteira; como quem convida só os corajosos a tentarem passar. Com este ato de guerra Crowley soltou um longo assobio estridente com a precisão e a força de quem não precisava parar para tomar fôlego em nenhum momento. E eles entenderam. Entenderam e jogaram-se para frente; jogaram-se para nós.
Ouvi Michael soltar um grunhido de dor - Tinha acabado de ganhar um longo rasgo em seu peito, do tórax ao ombro, numa investida de Dean. Os anjos que guardavam Nina ficaram petrificados com o som; talvez nunca tivessem ouvido um Arcanjo liberar um som como aquele; talvez nunca tivessem visto alguém como ele sangrar. De qualquer forma a reação foi uma só - Sem perceber os dois soltaram a Nina e ameaçaram entrar na briga entre os dois e favorecer Michael.
"Não!" - Ele gritou enquanto acertava meu irmão no rosto - "Ajudem-no!".
De imediato viraram-se para Cas, e o viram praticamente engolindo e sendo engolido por demônios há não muitos metros de onde estavam. Em um segundo lá estavam eles também, lado a lado com o cara que há um minuto atrás era um prisioneiro. E então eram 3 anjos... Contra milhares do exército de Crowley.
E então era o Dean... Contra a arma nuclear do céu.
E então era a Nina... Jogada no asfalto, assistindo tudo sozinha enquanto uma tempestade de raios começava a se formar acima de nós - A natureza tinha entendido o que estava acontecendo e estava reagindo... Reagindo com força e raiva. Não demoraria muito e o vento se transformaria num redemoinho; não demoraria muito e o redemoinho se transformaria num furação. Já estava escuro; o sol tinha sumido; caíam pelo menos 3 raios por segundo; e uma neve fina feito fuligem já estava caindo sobre todo o cenário.
Éramos uma panela de pressão.
E com certeza íamos explodir.
Derrapei na direção dela; travei meu braço em sua cintura e finalmente a ergui, arrastando-a para longe da confusão e para fora da estrada enquanto ela se debatia contra mim. Recusava-se a deixar a guerra que era travada por causa dela; recusava-se a não se deixar saber o que aconteceria com Dean e Castiel. Mas não havia muito mais que pudéssemos fazer além de assistir e torcer; além de orar para que Deus intervisse na chacina.
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A Menina Dos Winchester
FanfictionNaquele momento eu soube que não podia ir embora. Não podia simplesmente deixar os dois que me encaravam com uma concentração extrema enquanto o de sobretudo me lançava um olhar inocente e admirado. Eu nunca mais voltaria para casa... Nunca mais con...