"Certo, todo mundo entendeu suas partes no plano?" - Perguntei rapidamente enquanto tentava me concentrar e passar o mais suave possível pelas curvas escuras à nossa frente, a praticamente 90 km por hora, fazendo os pneus cantarem.
Pelo canto do olho vi Sam assentindo no carona, se segurando como podia.
"Entendi" - Respondeu com gravidade na voz ao destravar o revólver nas mãos.
"Cas?" - Chamei a atenção dele por ter permanecido em silêncio, na escuridão do banco detrás. Pelo retrovisor tudo o que eu vi foi o brilho dos seus olhos se voltarem para a janela.
"Sim, eu... Entendi" - Sussurrou fracamente.
"Cara qual é, você não está passando muita convicção" - Reclamei sem paciência.
O que só o fez gritar - "Já disse que entendi!! Maldição...".
Sam me lançou um olhar.
Nosso Anjo não estava muito contente com o que íamos fazer - E o fato de eu ter arrastado ele para dentro disso baseado numa mentira um tanto deslavada só piorava tudo, segundo meu irmão. Mas não era como se tivéssemos escolha, de qualquer forma. Situações de desespero exigem medidas desesperadas.
Tive outro sonho com Nina, dessa vez tão claro que eu parecia estar lá, vendo tudo ao vivo. O que me fazia pensar que dessa vez alguma coisa estava fora do lugar; que alguma coisa ia dar muito errado. Só não conseguia descobrir o que seria.
Mesmo assim eu não iria deixar passar.
Não ia passar por isso nem mais um dia.
Eu estava decidido - Aquela era a noite em que ela não me escaparia.
Então eu me preparei e fiz Sam embarcar naquela loucura total comigo - Durante semanas estudamos clarividência e como ela funciona na maioria dos casos. Tudo porque eu finalmente entendi que no final das contas nada importaria se a Nina estivesse sempre um passo na frente; sempre sabendo exatamente o que aconteceria e que planos eu estava bolando para ir atrás dela.
Então procurei me concentrar numa forma de contornar isso; numa forma de achar uma brecha; uma falha. E foi precisamente isso o que encontramos.
Aparentemente a clarividência era cega quando se tratava de decisões aleatórias; instintos improvisados. E Cas só fez confirmar esse fato - Se nem mesmo nós soubermos o que faremos a seguir, certamente ela também não saberia.
Eu me agarrei à isso.
Durante muito tempo meu único plano foi fazer absolutamente nada até que o momento certo chegasse.
E por fim ele chegou.
Mais precisamente há 1h atrás.
"Olha eu sei que você está inseguro com isso..." - Respondi, tentando deixar Cas mais calmo - "Mas acredite em mim, vai valer a pena no final. Quer que ela saia dessa, não quer?".
"Quero... Mas... Ela vai me odiar".
"Só se ela não for torturada e morta como está prestes a acontecer em alguns minutos" - Aí estava a minha mentira. Era o único jeito de convencê-lo a participar disso, ainda que ele não fosse sequer mover um músculo na hora do vamos ver.
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A Menina Dos Winchester
FanfictionNaquele momento eu soube que não podia ir embora. Não podia simplesmente deixar os dois que me encaravam com uma concentração extrema enquanto o de sobretudo me lançava um olhar inocente e admirado. Eu nunca mais voltaria para casa... Nunca mais con...