Festa do Pijama

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Não restavam dúvidas - Dessa vez eles tinham enlouquecido completamente.

Sam e Dean  ultrapassaram todo e qualquer limite do absurdo, por mais incrível que pareça, e ter que assistir aquilo estava me deixando tão atormentada quanto eles; mesmo que parecesse impossível. Desde a nossa recente visita misteriosa a dinâmica do bunker virou de cabeça para baixo - Não era mais tedioso e tenso. Agora parecia mais que uma guerra estava prestes a estourar no nosso quintal, coisa que eles queriam impedir da forma mais estranha possível.

Depois que conversaram pelas minhas costas, sabe lá Deus sobre o que, eles me arrancaram do porão e me levaram para a sala, forçando-me a estar no  mínimo dois passos de distância de onde quer que estivessem. Sam trouxe baldes de tinta branca; Dean trouxe duas escadas e pincéis. E sem mais nem menos começaram a pintar símbolos estranhos sobre toda a superfície de ferro do bunker. Para onde quer que eu olhasse havia revólveres, facas, e objetos que eu não sabia identificar, espalhados aos montes, estrategicamente arrumados para um fácil e rápido acesso.

Tinha alguma coisa muito errada.

E o fato de que eles estavam me ignorando completamente só piorava tudo.

Não diziam uma só palavra; uma só explicação; estavam vidrados em seus afazeres sem nenhum sentido - E eu estava perdendo as estribeiras.

"Sam" - Chamei-o pelas suas costas, controlando a voz para soar calma, enquanto ele desenhava um símbolo de um metro e meio de comprimento - "O que é que está acontecendo?".

Ele continuou em silêncio - Nem se virou para me olhar.

Bufei.

"Dean" - Virei-me para ele, que estava no alto de uma escada, fazendo a mesma coisa - "Pode por favor me explicar o que vocês estão fazendo?" - Disse mansamente, mantendo em mente que meus gritos não surtiram nenhum efeito antes; mantendo em mente que eles estavam fora de si, e confrontá-los poderia ser perigoso.

Dean também sequer olhou para baixo.

Encarei o Sam de novo. Sem nenhum indício de resposta.

"Gente o que..." - Tomei fôlego, tentando não me desesperar; mas o que eu via não estava ajudando. Quando dei por mim já estava aumentando o tom da voz - "Vocês perderam o juízo? Ficaram loucos, é isso? O que é que está acontecendo?!".

Meu coração acelerou; minhas mãos começaram a tremer; eu estava ferrada, muito ferrada dessa vez.

"Me respondam, droga! Quem é que estava lá fora?!" - Berrei, quase caindo em prantos, desconsiderando completamente o fato de que eu podia estar colocando minha segurança em risco. Não seria a primeira vez.

Mas, de novo, eles não me deram a mínima atenção.

"Certo. Vão fingir que eu não estou aqui? Ótimo, então fiquem aí fazendo essas bizarrices, eu não tenho que olhar para isso..." - Enquanto falava, comecei a andar na direção da escada para a saída. Mas Sam esticou o braço e agarrou meu punho sem sequer focar os olhos em mim. Antes que eu pudesse perceber ele me girou e me deu um leve empurrão de volta para o centro da sala.

Quase tropecei.

Quando virei-me para encará-los, Sam e Dean já tinham voltado para as suas posições do início - Pintando com violência, com raiva, como se aquilo fosse ajudá-los em algo, na mais pura concentração.

Fechei os olhos devagar e suspirei - Antes que eu pudesse me deter uma lágrima caiu; caiu porque eu sabia que uma merda muito grande ia acontecer e podia ser que dessa vez eu não escapasse; caiu porque se eles estavam preocupados, então com certeza não haviam chances para mim.

A Menina Dos WinchesterOnde histórias criam vida. Descubra agora