Desculpas

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"Ei! Desliga essa droga!" - Dean gritou rosnando enquanto entrava da cozinha sem camisa e com as mãos nos ouvidos, praticamente cego pela claridade que encontrou.

Estendi a mão, pedindo para ele esperar mais um segundo até que o suco estivesse pronto; então desliguei o liquidificador. Ele se aproximou arrastando os pés e se sentou perto da bancada, coçando a nuca como ele normalmente fazia quando estava irritado e prestes a quebrar alguma coisa.

"O que que você está fazendo, cara?" - Reclamou com a voz rouca.

"Café da manhã" - Respondi calmamente enquanto ia até o fogão para virar as fatias de bacon na frigideira. Como se toda aquela situação não fosse nada além de normal - Mais um dia no escritório.

"Ainda nem amanheceu, Sam".

"A Nina está com fome".

"Ela te disse isso?"

Bati um prato no balcão, completamente cansado do comportamento indiferente de Dean - "Não, mas já fazem dois dias... Ela tem que comer uma hora ou outra".

"Não é por nada irmão, mas se tem uma coisa que eu sei sobre aquela garota é que ela é uma teimosa irritante. Se desconfiar que fazer greve de fome é uma vantagem sobre nós... Ela vai usar isso não importa o quanto estúpido seja".

"Não é estúpido!" - Aumentei o tom da voz e encarei-o de frente - "Porque  está funcionando. Não consigo dormir sabendo que tem uma garota amarrada e faminta no meu porão".

"Não vejo nada demais nisso, tenho dormido feito uma criança" - Ele forçou um sorriso e apontou para o próprio rosto, orgulhoso por estar falando daquilo com naturalidade enquanto eu estava enlouquecendo.

"É mesmo? É isso mesmo o que essas olheiras na sua cara significam?" - Apontei para os olhos dele com uma colher de pau e o sorriso dele desapareceu ao desviar o olhar de mim com certa irritação.

Fizemos silêncio por um instante.

"Pela milésima vez, Sam... Eu estou bem... Só quero que acabe logo" - Ele disse baixo mas com a voz firme, quando eu menos esperava. Olhei para o seu rosto; parecia cansado, abatido. Quase tanto quanto da última vez que a Marca o venceu. Eu podia apostar que ele estava dormindo tão pouco quanto eu.

"Castiel vai aparecer logo, eu sei disso" - Respondi no mesmo tom que ele normalmente usaria comigo, tentando confortá-lo.

"E é bom que venha com uma ótima explicação para esse atraso, ou eu juro por Deus..."

"Ele disse que viria. É só a gente fazer a nossa parte e no final vamos...".

"Arruinar a vida dela?" - Ele perguntou com ironia, apoiando o queixo na mão, e me interrompendo.

"Resolver tudo" - Desliguei o fogão - "No final vamos resolver tudo. Como sempre fazemos. Essa coisa no seu braço não vai ganhar de novo".

"Ela já ganhou" - Tirei os olhos dos talheres e o encarei, irritado com o assunto - "Não viu o que eu fiz com a Nina?".

"Não foi você".

"Fui eu sim" - Ele soltou um grito - "Eu queria fazer aquilo, queria fazer ela gritar. Pára de me defender, é idiotice".

Dei de ombros e comecei a organizar toda a comida que eu tinha feito na bandeja.

"Não é idiotice, é um golpe de fé, isso sim".

Ele soltou uma risada fraca - "Então diz isso para ela gênio, talvez ela reconsidere toda a situação e me deixe beijar a testa dela na hora de dormir" - Zombou, sem o menor pingo de indiferença pelo que dizia.

A Menina Dos WinchesterOnde histórias criam vida. Descubra agora