Despedaçados

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"Tudo bem, já chega! Acorda, eu não tenho o dia todo!" - Gritei de repente, me levantando da cadeira; completamente sem ânimo para esperar um segundo a mais. Estiquei o braço e a sacudi pelo ombro sem a menor cerimônia, até ela abrir os olhos e se dar conta do que tinha acontecido.

Assim que voltou a si ela me encarou em confusão; e imediatamente olhou em volta, se dando conta de que não estava mais no hotel de onde a sequestramos, mas sim no meu quarto do bunker... Há milhares de quilômetros de distância - Pude ver as peças se juntando no rosto dela.

"Mas o que... Onde eu... Winchester!!" - Gritou, dando-me um empurrão no braço - "O que pensa que está fazendo?!"

"Precisamos da sua ajuda" - Retruquei.

"Vocês sempre precisam! Porque sempre estão metidos nesses infernos de esquemas apocalípticos onde os outros é que se dão mal, mas não dessa vez Sammyzinho! Dessa vez eu estou fora, não quero nem ouvir!" - Respondeu, pondo as mãos sobre os ouvidos do jeito mais infantil possível.

"Rowena...".

"A resposta é não, me leva de volta".

"Não podemos fazer isso".

"Podemos? Eu sabia, é sempre culpa daquele pedaço de mal caminho que fede a whisky, onde é que ele está?! Está do lado de fora, não é?" - Apontou para a porta feito uma louca, com o cabelo vermelho todo bagunçado -  "Está do lado de fora só esperando para aparecer de novo com outra grande ideia e me meter numa guerra ainda pior com o inferno, não é mesmo?!".

"A culpa não foi nossa, não te obrigamos a ser uma traidora que odeia o próprio filho".

Ela arregalou os olhos e pôs a mão sobre o peito, fingindo ultraje - "Ora, ora, Samuel... Se você não tinha notado ainda, deixa eu te contar uma novidade: Eu sou uma bruxa e o Fergus é um demônio, o que é que você esperava, tardes de compras e hora do chá?!".

"Não tentarem arrancar a cabeça um do outro já estava de bom tamanho".

"Escuta aqui seu..." - De repente ela mesma se forçou a parar se falar e arregalou os olhos para algo além de mim, surpreendida. Na hora eu soube - Castiel tinha entrado no quarto. E pelo que disse em seguida pareceu bem mais irritado com a ideia agora do que quando a desarcordou para trazê-la.

"Eu e meus irmãos já organizávamos as eternidades muito tempo antes de criaturas como ela serem... Alguma coisa. Não preciso ouvir isso, Sam. Se não tem um plano melhor me avise agora, só não vamos perder mais tempo com essa laia".

Ela bufou e olhou para baixo, ajeitando o cabelo em desconforto - "É claro, eu já devia esperar... Da próxima vez vou preparar feitiços que me escondam do seu bichinho de estimação também".

Fechei os olhos... Tive certeza que ele ia responder.

"Sua convicção de que haverá uma próxima vez seria adorável... Se não fosse patética".

"Está me ameaçando?!".

"Você é como uma barata escondida sob uma rocha, feiticeira. Para quê fazer ameaças se o próprio curso da vida mal acha espaço para a sua espécie?".

"Ah é mesmo?" - Disse de repente, se colocando de pé - "Por que não se olha no espelho, anjinho? Papai do céu foi embora e te deixou sem nada. "Sem valor" está escrito na sua testa".

"Tudo bem já chega!" - Coloquei-me de pé entre os dois assim que notei Castiel dando um passo a frente e seus olhos começando a se rasgarem em luz - "Seja profissional, Cas.... E Rowena... Seja inteligente, sua vida está na nossa mão".

"Minha vida não está está na mão de ninguém, moleque insolente. Séculos de perseguição, peste negra e fogueiras não me apanharam, quem você pensa que é?".

A Menina Dos WinchesterOnde histórias criam vida. Descubra agora