Em certos dias tudo estava bem.
De vez em quando os corredores não pareciam ter paredes...
Os quartos não pareciam ter portas...
As salas estavam cobertas de janelas - Eu era alguma coisa sem nome, sem endereço, sem passado... Sem exigências para o amanhã. Porque sim, o amanhã era como uma ideia distante e complexa demais para a minha mente alcançar - O real era só o hoje, só o agora... Só aqueles momentos em que eu nascia de novo, sem esperar absolutamente nada além de ser ensinada novas verdades.
E esse era um daqueles dias.
Eu suspirava sem parar - Extasiada pela tranquilidade inexplicável que tinha me cegado... Ou... Me feito enxergar.
"Por que é que você tem que andar igual uma criança distraída o tempo inteiro? Vem logo, Nina!" - De novo Sam me provocou com mais fascínio do que irritação quando parou na porta no fim do corredor e segurou-a aberta para mim, me encarando com aquele sorriso abobalhado na cara com o qual eu já tinha me acostumado.
Ele chegou lá primeiro, como sempre.
Sem muito esforço, como sempre.
E me olhou de cima a baixo enquanto apoiava a cabeça nos umbrais da porta e suspirava, com uma expressão de paz... Talvez porque também se sentia como eu.
"A culpa não é minha se você tem 3 metros de altura... Suas pernas são bem mais longas que as minhas" - Reclamei achando graça, tentando equilibrar todos os intermináveis pacotes de batatinhas e M&M nos meus braços enquanto me esforçava para chegar também, bem lerdamente... Assistindo ele só fazer uma cara pensativa, querendo encontrar um rebate.
"Melhor ter 3 metros que meio metro, sua grossa" - Respondeu finalmente, com confiança, como se estivesse me dando o maior fora, mesmo que no fundo soubesse que não levava o menor jeito para insultar quem quer que fosse, muito menos eu. Era adorável.
Mesmo assim encarei-o, ultrajada, ficando frente a frente com ele, antes tarde do que nunca - "Eu não sou baixinha, eu tenho 1,75m, tá doido?".
"Para mim continua sendo minúscula".
"Porque você é um gigante".
"E você é uma tampinha".
"Quanto tempo mais vocês vão ficar discutindo aí na porta?!" - Dean exclamou com rouquidão do lado de dentro do quarto, interrompendo nossas tentativas infantis de ofender um ao outro - "Eu vou desistir, hein... Estou perto assim de desistir e deixar para assistir isso aqui na paz e no sossego do meu quarto!".
"Tá legal bebezão, a gente já vai" - Passei por Sam e ele logo entrou também, fechando a porta atrás de nós. Encontramos o Dean esparramado na cama do seu irmão, com o tipo de roupa que sempre usava, sem nenhuma tentativa de ficar mais confortável como eu e Sam tínhamos feito com nossas roupas largas e pés descalços. Dean não. Ele sequer tinha tirado a arma do cinto, o que já era de se esperar. Pelo menos estava de meias; era o máximo de esforço que ele iria conseguir aguentar e reconhecíamos isso.
Sam ligou a TV rapidamente e já foi se deitando também para escolher a série que iríamos ver.
Deitei entre os dois e roubei a bacia de pipoca de Dean, deixando-o com uma careta na cara.
E assim começou a noite, como se fosse ser a mais tranquila de todas. Mas menos de cinco minutos depois já estávamos discutindo e gritando porque não conseguíamos decidir o que ver. Na verdade, no início, os dois é que estavam gritando sem parar do meu lado. Eu só estava comendo pipoca e assistindo os comerciais completamente sossegada... Até que Sam exclamou que não ia assistir Grey's Anatomy de jeito nenhum porque a série era "ruim".
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A Menina Dos Winchester
FanficNaquele momento eu soube que não podia ir embora. Não podia simplesmente deixar os dois que me encaravam com uma concentração extrema enquanto o de sobretudo me lançava um olhar inocente e admirado. Eu nunca mais voltaria para casa... Nunca mais con...