Na Porta

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Inacreditável.

Aquilo definitivamente era um sorriso sutil no meu rosto.

Os hematomas estavam sumindo, finalmente.

Meus olhos estavam voltando à cor normal assim como os meus cabelos; as marcas dos dedos de Dean já tinham desaparecido do meu pescoço deixando para trás a pele clara de antigamente.

Era ótimo me olhar no espelho e não me sentir como um cão de briga - Toda arranhada, roxa e encolhida diante de qualquer movimento brusco. Minha saúde estar de volta aos trilhos tornava até a convivência com os meninos mais fácil; conseguir ver a antiga Nina em meu reflexo me permitia lidar com os dois sem me sentir tão atormentada por me sentir como outra pessoa.

Afinal, apesar de tudo, eles ainda não tinham me quebrado.

Eu ainda tinha esperanças e estar forte de novo era tudo o que eu podia pedir. Dentro do possível.

Dias se passaram desde o nosso último "incidente", e muita coisa tinha mudado. Depois daquilo eu não tentei mais fugir; não tentei conseguir mais respostas - Eu sabia que já estávamos além dessa fase. A verdade era que não havia mais nada a se tentar; não havia mais nada que eu sequer fosse capaz de fazer, além de esperar pelo momento certo.

Ainda que no fundo eu soubesse que eles não eram loucos; não eram maníacos como eu queria acreditar - E por mais incrível que pareça, tentar odiá-los com todas as minhas forças ainda não era esforço o suficiente.

Definitivamente isso fazia eu me sentir como a maior canalha do mundo... Atrás apenas dos Winchesters.

"Por que você sempre tem que demorar tanto?" - Sam exclamou do outro lado da porta do banheiro. Essa parte ainda não tinha mudado.

Dei uma última olhada no espelho e espremi meus cabelos molhados na pia mais uma vez; então peguei a toalha e abri a porta com rapidez, sabendo que Sam estava encostado nela - Ele perdeu o equilíbrio por um instante.

"Porque esse é o meu momento, Sammy. Não se meta" - Respondi, ainda secando as pontas do meu cabelo. Ele me olhou e cruzou os braços.

"Mais alguma exigência?" - Ironizou, levantando uma sobrancelha.

"Na verdade, sim" - Falei de imediato e notei que ele tentou não achar graça do meu comportamento, mas falhou com o sorriso que soltou - "Eu preciso de roupas. Roupas de verdade".

Impaciente, olhei para o lado, tentando deixar meu rosto suave.

"O que tem de errado com essas?" - Perguntou num tom confuso, me examinando de cima a baixo e me deixando desconfortável . Eu estava usando uma camisa de flanela dele. Ou de Dean - Nunca sabia de quem eram as peças.

Xadrez vermelho e um shorts bem largo, que mal aparecia, já que em mim as camisas sempre se transformavam em vestidos.

E por isso eu me sentia estranha.

Além de vestir o que meus sequestradores usavam, aquelas roupas não me cobriam tanto quanto eu gostaria - E Sam insistia em continuar me olhando como se aquela fosse uma situação normal.

Joguei a toalha na cara dele.

"Só ficam bem em quarentões de dois metros de altura com tendências homicidas" - Zombei.

A Menina Dos WinchesterOnde histórias criam vida. Descubra agora