Sam

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Eu estava perdendo a cabeça.

Lenta e dolorosamente, enquanto assistia de camarote ele perder a dele.

Já faziam mais de dez dias que estávamos confinados de volta no bunker... Tentando achar uma solução para aquele problema imenso que estava me causando pesadelos todas as noites; mais de dez dias que nenhum de nós achava um momento de paz... Em especial, o Sam... Que em nenhum de qualquer desses dias tirou um minuto sequer para dormir, literalmente.

Ele já estava tendo alucinações.

Já passava os dias vomitando e as noites tremendo em calafrios, gritando com seres invisíveis.

Ele não ia aguentar por mais muito tempo.

Eu sabia bem o que eu queria fazer a respeito - Enfrentar fosse o que fosse que estivesse a caminho e deixa-lo fora disso... Mas Cas e Dean discordavam: Diziam que não podíamos abrir a porta sem saber o que havia do outro lado... E não importava o quanto eu gritasse "dane-se a porta" ou "dane-se o outro lado"... Sam estava morrendo bem na nossa frente e nenhum de nós estava movendo um dedo para impedir.

Michael cumpriu sua promessa.

Ele voltou para infernizar as nossas vidas; voltou para me levar, e dessa vez estava usando o ser humano mais importante do mundo para mim a fim de conseguir isso: Usava o Sam como hospedeiro, numa possessão nada ortodóxica não de seu corpo, até porque ele não conseguiria sem permissão... Mas de sua mente... Feito um parasita; mais precisamente num canto onde nem mesmo Sam jamais desconfiaria. Seu subconsciente.

"Não sei como ele conseguiu, mas sei o que ele quer" - Cas murmurou como se estivesse falando sozinho, em uma das muitas madrugadas que passamos estudando na sala de leitura - "Ele quer ver... Assistir... Quer descobrir onde a Nina está, finalmente. Nossas chances de deixá-lo no escuro caem para praticamente zero se Sam entrar em estado em sono profundo. Não vão ter mais paredes... Janelas fechadas... Nada fora de alcance..." - Ele suspirou pesadamente, como se já tivesse entregado os pontos debaixo da penumbra densa do bunker - "Se a parte mais íntima da mente de Sam se abrir... Michael sairá".

"A quanto tempo ele está lá?" - Perguntei, mesmo sabendo que nenhum deles tinha uma resposta.

"Devíamos estar mais preocupados com o que ele acha que vai conseguir com isso" - Sam respondeu imediatamente, virando seu terceiro copo de whisky - "Eu perco a consciência, Michael acha um jeito de descobrir onde você está, e aí? O que acontece? Ele aparece para te enfrentar? Você mata o desgraçado com duas palavras, não me parece um plano muito bom".

"Isso é porque esse não é o plano dele" - Dean entrou na conversa também, cruzando os braços e pondo os pés sobre a mesa.

"Então qual seria, exatamente?" - Cas perguntou.

"Eu não faço a mínima ideia... E esse, meus queridos, é que é o maior dos nossos problemas.... Michael tem uma carta na manga, se não, não estaria fazendo isso... E nós... Não conseguimos sequer imaginar o que seja... Logo... Estamos na merda".

Suspirei.

Desde o início eu já sabia o que ia acontecer. Os dois estavam aterrorizando o Sam; colocando toda a responsabilidade da minha segurança sobre os ombros dele e sobre seu dever de simplesmente "não dormir". E era isso o que ele estava fazendo desde que Belvedere foi limpa pela explosão de energia que a ressurreição de Michael trouxe; desde que saímos de lá e voltamos para casa com nada além de muitos livros e as dezenas de engradados de red bull que Dean tão caridosamente deu para seu irmão.

E assim ele continuaria, por quantos dias fossem necessários.

Nem que isso o matasse.

Eu não estava nada disposta a assistir aquilo.

A Menina Dos WinchesterOnde histórias criam vida. Descubra agora