Onde Estou?

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A primeira coisa de que me lembro é da dor.

Dor excruciante e aguda por cada pedaço do meu corpo.

Levei alguns segundos para conseguir focar minha mente em continuar acordada - Minha cabeça girava e eu não conseguia me concentrar em absolutamente nada.

Estava com sede; muita sede.

Minha pele queimava e meu corpo tinha latejos como nunca antes - Eu não fazia ideia do que estava acontecendo ou do porquê eu estava me sentindo como se tivesse sido atropelada por um caminhão.

Gemi - Imediatamente senti um choque de dor ainda maior subindo pela minha garganta e fazendo eu me encolher; tinha acontecido alguma coisa com o meu pescoço.

Precisei me esforçar para abrir os olhos já que minhas pálpebras pareciam estar inchadas; depois de piscar várias vezes minha vista finalmente desembaçou, e eu percebi que estava no escuro quase completo.

Franzi a testa e vi que eu estava sentada numa cadeira antes mesmo de poder sentir.

Como que por instinto eu tentei levar minhas mãos ao rosto, desconfiando de que talvez eu ainda pudesse estar sonhando de alguma forma.

Mas meus braços não me obedeceram.

Puxei-os de volta e eles permaneceram firmes e colados às minhas costas - Comecei a estranhar aquela sensação. Então rapidamente tentei mover minhas pernas e o mesmo aconteceu - Meus pés continuaram grudados ao chão.

Só aí eu percebi que estava completamente presa à cadeira por cordas grossas e apertadas.

Comecei a entrar num pânico diferente de qualquer coisa que eu já havia sentido - Olhei em volta em desespero completo enquanto me debatia na cadeira tentando me soltar inutilmente.

Forcei-me a me concentrar e percebi que estava num enorme salão antigo e sem janelas - A escuridão era tanta que tudo o que eu podia ver era um desenho gigante cravado no chão ao meu redor, com segmentos interligados em triângulos.

Eu já tinha visto aquilo em algum lugar.

Antes que eu me desse conta eu já estava chorando, sem conseguir respirar e com a dor na garganta três vezes pior - Estava totalmente ferrada.

"Está tudo bem" - Ouvi uma voz grossa soar no canto da sala, atrás de uma sombra densa.

Havia um homem grande e de cabelos negros sentado numa cadeira como a minha, me olhando com uma expressão apreensiva. Eu não tinha notado ele ali antes.

Quando dei por mim ele se levantou e estendeu as mãos para cima para que eu pudesse vê-las.

"Está tudo bem... Não vou machucar você"- Ele repetiu com uma voz mansa e deu um passo na minha direção.

"Não chega perto!" - Tentei gritar; mas tudo o que saiu foi um sussurro. Eu tinha perdido a voz e agora eu sentia como se tivesse engolido uma lâmina - Ele continuou se aproximando devagar.

"Não precisa ter medo. Ninguém vai encostar em você, está segura aqui".

"Mas que merda está acontecendo?!" - Ignorei a dor que me fazia retorcer e tentei gritar de novo. Ele não deu a mínima e continuou caminhando, parecendo que queria me tocar.

"Não!!" - Berrei o mais alto que podia e ele imediatamente parou há uns quatro passos de distância, com uma expressão preocupada.

"Ouvi dizer que você sabe falar inglês... Agora seria uma boa hora de começar" - Disse, franzindo a testa.

"Quem é você, onde é que eu estou?!" - Comecei a grunhir descontroladamente enquanto me debatia para tentar me soltar das cordas; senti que eu iria tombar com a cadeira a qualquer momento e eu não ligava - Não parecia que ele estava planejando ficar distante por muito tempo.

A Menina Dos WinchesterOnde histórias criam vida. Descubra agora