POLARIS:
SOBREVIVA CONOSCOO garoto apontou um rifle automático para minha cabeça.
Não devia ter mais que 14 anos; mais que 1,60 de altura. Tinha o rosto completamente desfigurado por cortes profundos e queimaduras que desciam até o pescoço; ainda assim a impressão que eu tive foi que ele ganhou todas as brigas que o marcaram; lutas diárias para continuar vivo e com gente bem maior que ele.
Eu sabia como era a sensação.
Disse a mim mesma que ficaria tudo bem; disse para quem quisesse ouvir. Mas a única pessoa para quem eu não podia mentir ignorou o garoto armado e se virou para me encarar - Ele estava com raiva; não daqueles caras, mas de mim. Tínhamos combinado que nunca cederíamos; que cuidaríamos de todo mundo e sobreviveríamos.
E era exatamente isso o que eu estava tentando fazer.
Lutei para dizer a ele que me deixasse, mas antes que pudesse notar eu já estava chorando em silêncio. Chorando pela primeira vez em anos - Não porque estava com medo; não porque tudo estava desmoronando na minha frente; mas porque aquilo era como perder minha família inteira para os monstros outra vez... Monstros que agora, eram bastante humanos.
Tinha aparência de luto.
Ele segurou minha mão com força enquanto uma lágrima escapava dele também.
"O fim do mundo é uma merda, não é?" - O garoto soltou. Ouvi um dos meus destravando um revólver; resolvi interferir antes que eu precisasse assistir outra chacina.
"É uma merda sim. Mas Polaris ainda está firme" - Eu disse olhando cada um nos olhos. Eles assentiram; se despedindo... Sabendo que a hora tinha chegado. Porque a essa altura já podíamos ouvir os gritos no fim da estrada.
Senti um pedaço de metal gelado encostar na minha nuca. E tendo total noção de que eu só teria mais um segundo eu me lancei sobre os ombros do cara que salvou minha vida mais vezes do que eu podia contar; o abracei o mais forte que eu podia, e com a última gota de esperança restante que o apocalipse não tinha destruído eu prometi em seu ouvido:
"Sobreviva. Eu farei o mesmo".
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A Menina Dos Winchester
FanfictionNaquele momento eu soube que não podia ir embora. Não podia simplesmente deixar os dois que me encaravam com uma concentração extrema enquanto o de sobretudo me lançava um olhar inocente e admirado. Eu nunca mais voltaria para casa... Nunca mais con...