A Menina Dos Winchester

21

Por um momento pareceu que o tempo tinha parado...

Que mais nada nem ninguém no mundo importasse ou mesmo ligasse para qualquer outra coisa que não fosse o que estava acontecendo bem diante de nós.

Por um momento tudo ficou calmo; silencioso; submisso à situação... E a sensação era tão tangível que todos pareceram se dar conta dela.

Pelo menos enquanto durou - Um milésimo de segundo, ainda que tenha parecido uma eternidade; um milésimo de segundo... Foi o tempo que levou para o bunker virar de cabeça para baixo com a última badalada do relógio.

Depois disso tudo aconteceu rápido demais.

Assim que chegamos à meia-noite vi Nina se soltando de um dos homens e posicionando a mão com dificuldade nas costas, como se estivesse sentindo dor na região - Ela ergueu os olhos para mim e para Sam, com uma expressão profunda de confusão, desconforto... E desespero.

Não demorou muito e ela gritou, o que fez um arrepio subir pelas minhas costas - Soltou um som abafado, misturado com um gemido, inclinando-se ainda mais sem tirar a mão das costas. Os dois homens que estavam perto dela não pareciam saber o que fazer, mas continuavam mantendo-na de pé enquanto todos os outros só a olhavam com curiosidade.

Vi o rosto de Ron - Ele estava começando a entender; começando a se afastar de Nina sutilmente como se no fundo soubesse que o que viria seria assustador.

Mas ele não sabia.

Não fazia a mínima ideia.

Então, de uma hora para outra, com um movimento, todos enfim perceberam que tinha começado - Devagar ela ficou ereta de novo, e levemente foi inclinando sua coluna para trás dessa vez, com uma expressão aterrorizada que indicava não ser ela a controlar seu próprio corpo.

Os dois a soltaram.

Ela deixou a cabeça pender para trás completamente ofegante; por um segundo esticou todos os músculos do corpo como se estivesse levando um choque elétrico, e por fim fechou os olhos em rendição.

Naquele mesmo instante seu corpo perdeu as forças e foi direto para o chão, sofrendo um impulso como se tivesse sido empurrada, fazendo-a debater-se contra o carpete, freneticamente, sem parar.

Assim que ouvimos o som do baque de sua queda, todas as luzes da sala de imediato começaram a piscar incessantemente - Ficamos na mais completa escuridão repetidas vezes, e quando não, o que aparecia na claridade era os homens se afastando com uma expressão horrorizada diante da menina se contorcendo no chão.

Ela não gritava.

Não gemia.

Não esperneava.

Mas todos na sala podiam ouvi-la sufocando de dor.

As lâmpadas não aguentaram - Uma a uma cederam aos picos de energia e explodiam sobre as nossas cabeças, deixando cachoeiras de faíscas para trás.

Ficamos no escuro profundo - E por Deus, eu não conseguiria enxergar um palmo diante de mim se não fosse pelo rosto de Castiel; uma chama azul se acendeu em seus olhos, como normalmente acontecia quando o anjo dentro daquela carne crescia demais para ser controlável; uma chama azul forte e intimidadora, que iluminou não só o seu rosto, mas tudo ao seu redor.

Achei que ficaria grato por poder ver - Mas hoje me arrependo de ter presenciado tudo o que aconteceu à seguir; especialmente porque não pude fazer nada a respeito.

A sala inteira mergulhou em um terremoto ao redor de Nina - O chão estremeceu tão fortemente que eu não sabia mais se o tremor fazia Nina se debater, ou se eram os movimentos que ela fazia que causavam o tremor em todo o bunker.