No Porta - Malas

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Dean Winchester.

O cara que ferrou com o apocalipse.

O único que escapou do inferno.

Tudo uma grande e tremenda conversa fiada...

Porque dessa vez eu tinha certeza absoluta de pelo menos uma coisa - Eu estava completamente perdido; perdido em toda aquela merda sobrenatural que  estava me invadindo garganta abaixo e não dava mais para negar nem mesmo para mim.

Tudo estava ficando insuportável.

O silêncio dentro daquela lata velha e a calmaria da estrada chuvosa só estavam piorando todo o fato de que eu não conseguia mais ficar sozinho na minha presença - Estendi a mão rapidamente e tirei o retrovisor da direção dos meus olhos.

Apertei alguns botões e liguei o rádio o mais alto que podia para arrancar aquele pensamento da minha cabeça outra vez, como eu sempre fazia; ainda que nunca desse certo.

Já fazia quase uma hora que estávamos na estrada e minhas mãos ainda não tinham parado de tremer - Estavam travadas em volta do volante, cobertas de arranhões.

Foi por muito pouco.

Se ela tivesse morrido eu ia direto para o inferno... De novo. Bem ali naquele quarto escuro enquanto os pais dela dormiam calmamente do outro lado do corredor.

Eu fiz besteira; me descontrolei demais e quase ferrei com tudo.

Como um reflexo que surgiu sabe se lá Deus de onde minha mão direita voou num punho na direção do painel do carro - O rádio que tocava uma música qualquer nas alturas se estilhaçou imediatamente e se espalhou pelo carpete aos meus pés.

Agora minha mão estava sangrando.

Sem escolha voltei para o silêncio apoiando minha cabeça no encosto do assento e bufando o mais forte que eu podia. Estava cansado de lutar contra aquilo; cansado e de saco cheio de fingir continuar sendo quem eu era pelo meu irmão ou por quem quer que fosse.

O antigo eu nunca teria feito aquilo... Nunca teria deixado isso passar sem uma boa dose de arrependimento - O que não havia; eu não voltaria atrás; sequer conseguiria ter feito algo diferente.

Mas a imagem dela em completo desespero debaixo de mim não me deixava em paz - Indefesa, confusa, sem ter a menor chance; meu corpo lutando contra o dela me deixou com uma sensação estranha, fora do lugar, errada... Ainda que no fundo eu tenha gostado da briga muito mais do que deveria.

Senti o celular vibrar no meu bolso. 

6 ligações perdidas.

Eu sabia que Sam não iria desistir assim tão fácil.

Ele me agradeceria por isso depois... Mais cedo ou mais tarde. Ela também.

Não deveria ser tão difícil para todo mundo entender o que estava acontecendo; não deveria parecer o absurdo que normalmente seria. Só esperava que não tivesse que ser assim - Que ela não precisasse estar marcada pelas minhas mãos ou dentro de uma lona na porcaria do porta-malas.

Mas cá estamos.

E a Marca ainda ardia no meu braço debaixo do desafio que me deram; quase tanto quando eu entendi o que estava acontecendo ; quase tanto quando ouvi ele contar tudo o que sabia.

Castiel tinha me ligado de madrugada só para me mandar abrir a porta do bunker e em seguida desligou na minha cara sem dizer mais nada. Estranhei o tom da voz dele então não perdi tempo... Levantei às pressas e corri para chamar o Sam, achando que estávamos encrencados de novo.

A Menina Dos WinchesterOnde histórias criam vida. Descubra agora