Desistindo de Você

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Eu não conseguia dormir, por mais que tentasse...

Tinha sido um dia longo para nós três; longo e estranho - Sam tinha quase morrido há poucas horas atrás; um deus qualquer do folclore mediterrâneo literalmente quase o desintegrou diante dos meus olhos... E a culpa tinha sido de Dean, que praticamente entregou o irmão numa bandeja de prata só para conseguir pegar o monstro.

E agora estávamos num quarto de hotel, nos preparando para a próxima enquanto os dois dormiam ao meu lado feito bebês... Como se nada tivesse acontecido.

Mas eu não.

Eu ainda tremia dos pés a cabeça, me perguntando quando foi que a segurança dos dois passou a ser tão importante assim para mim.

No meio da noite fiz de tudo para conseguir pegar no sono - Tomei um chá quente, um banho demorado... Li um livro cujo assunto não me interessava em nada e até fui deitar na cama de Sam, esperando que ele me ajudasse a dormir.

Mas acabou que depois de muito tentar me acalmar ele caiu no sono e eu continuei alerta como se tivesse acabado de correr uma maratona.

Eu estava cansada... Minha mente estava a mil e isso começava a me desesperar... Cheguei a sair da cama de Sam e ir para a cama de Dean, coisa que nenhum dos dois nunca descobriu. O negócio é que eu sabia que quando Dean estava perto de mim eu não só dormia melhor como também não tinha pesadelos. E isso era extraordinário demais para alguém que passava sete noites da semana gritando de horror. Tirei proveito e me deitei do lado dele assim que eu tive certeza absoluta de que ele estava em sono profundo.

E esperei... Pelo que pareceu a madrugada inteira.

Mas nada aconteceu. Continuei muito bem acordada, como se a minha própria vida dependesse disso.

Aí eu entendi - Se nem o Dean conseguia me fazer dormir então alguma coisa muito fora do comum estava acontecendo; alguma coisa que ultrapassava o poder que ele tinha sobre mim. Logo entendi a verdade óbvia - Só existia um ser no universo que conseguia mexer comigo mais que aquele demônio... E aparentemente... Ele estava tentando falar comigo.

Coloquei-me de pé devagar... Fui até minha cama andando de fininho e agarrei um cobertor grosso, todo enrolado sobre o colchão. Passei-o pelos meus ombros e caminhei até a porta, fazendo o que eu achava que devia fazer para conseguir alguma explicação.

Assim que abri a porta um vento congelante bateu na minha cara com força, me obrigando a repensar se queria mesmo sair daquele quarto... Era fim de inverno em Winsconsin e as baixas temperaturas ainda se seguravam sobre a região. Devia estar fazendo uns dez graus ou menos... Pelo jeito que eu me encolhia... Era com certeza menos.

Mesmo assim suspirei e saí só de pijama, caminhando na direção do enorme estacionamento vazio compartilhado pelos quartos.

Aproximei-me do primeiro banquinho de ferro antigo que achei, de frente para a estrada, e me assentei. Esperando sei lá o quê acontecer.

O silêncio era completo... O sol já tinha nascido, mas fazia pouco tempo... O céu ainda estava naquele misto de rosa, lilás e laranja de quando a escuridão continua lutando para ganhar do dia... Mas como sempre... Estava perdendo. E deixando uma mistura de cores explosiva para trás.

Observei o espetáculo pelo que pareceram 10 minutos, apenas me aconchegando debaixo do edredom e respirando fundo, tentando ser paciente e me concentrar... Porque geralmente isso era tudo o que eu precisava fazer para ouvi-Lo alto e claro.

Simplesmente esperei.

Até que finalmente comecei a notar que a névoa da manhã envolvendo o estacionamento estava ficando mais densa e pesada, de modo calmo e lento, quase que naturalmente. De início foi cobrindo todo o hotel, a estrada e os carros... Então se aproximou de mim e cobriu meus pés, meus joelhos e meu quadril, como uma fumaça tranquila e potente... E foi subindo, atingindo meu rosto, e tomando minha visão.

A Menina Dos WinchesterOnde histórias criam vida. Descubra agora