Apenas Uma Noite

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Só queria dizer que eu estava esperando para escrever isso aqui desde o capítulo número um meu povoooo, espero que gostem 😳😳

E pra constar o final tá muito perto agora, SOCORRO

Boa leitura♥️

PS - Eu amo essa música do Elias que disponibilizei aqui em cima, ela casa bastante com os acontecimentos de hoje, então não esqueçam de conferir, ok?

Beijooooos💃

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Eu realmente lutei para não observar a cena.

Para abrir o porta-malas e fazer o que fosse preciso fazer, como eu estava acostumado, desde que me entendia por gente.

Mas nada daquilo era familiar ou confortável; nenhuma parte do cenário me lembrava de qualquer outra situação em que eu estivesse quebrado assim, nem mesmo disposto a deixar o mundo se explodir como agora. Eu não ligava. Não ligava porque não havia nada que eu pudesse fazer. Nada para amenizar as coisas ou decifrá-las. Tudo era como era, sem explicação, sem dar a mínima para a minha opinião.

Era até simples - Eu estava mesmo cansado de viver; Sam estava mesmo a ponto de entender que ia perder seu irmão; e havia mesmo uma lona preta no Impala com uma garota dentro. Uma garota que eu tinha acabado de sequestrar... Depois de quase matar.

Parei, segurando as chaves, encarando o saco no formato de um corpo na minha mala, com um medo real de abri-lo para encarar o que eu fiz.

Não foi assim que eu imaginei que nos encontraríamos.

Eu a via todas as noites - Via ela estudando, trabalhando, cuidando das crianças na sala de aula; vi ela mentindo para os pais, dizendo que estava bem, que não ouvia mais as vozes, nem via mais as imagens. Porque ela tinha pesadelos onde a família a internava... A vi passando por corredores longos e sem cor, invisível; observando os grupos de amigos, as risadas altas e forçadas. Vi caras caçoando, meninas se afastando... Vi todo mundo se afastar, aliás. Porque ela sabia das coisas; coisas que ela não devia saber... Assim como eu.

Todos os dias eu acordava pensando que ela era fruto da minha imaginação; um contorno do meu subconsciente com um rosto bem desenhado e uma forte carga emocional... Já que eu sempre sentia tudo junto com ela. Mas, mesmo assim, mesmo que não fizesse nenhum sentido, todo o tempo eu me via ansioso pela hora de deitar e vê-la de novo.

Eram as pequenas coisas. A lágrima antes de cair no sono. O sorriso sempre que olhava para o céu. O jeito que cruzava as pernas para ler seus livros de 500 páginas. A forma vazia que se encarava no espelho, sem conseguir ver o que eu via. Ou como poderia escrever uma tese de doutorado inteira sobre como adorava lírios... E a forma que me afetava. Quando alguém dizia que ela nunca teria amigos, eu acordava socando tudo à minha volta; quando ela pensava em fugir eu pegava o Impala sozinho e dirigia até onde a gasolina me levasse. E aos poucos, assim, eu fui me distraindo da ideia de que era melhor desistir; da ideia de que eu seria capaz de acabar comigo mesmo para acabar com a Marca.

Ela me salvou.

E agora quem precisava ser salva era ela. Salva de mim.

Abri a lona.

Encarei seu rosto adormecido enquanto Sam se aproximava das minhas costas, depois de ter ido abrir o portão e liberar a passagem.

Tentei não pensar muito a respeito com ele me observando. Endureci o rosto como se aquele fosse apenas mais um dia no escritório e enfiei meus dois braços por debaixo dela, tirando-a do porta-malas de uma só vez.

A Menina Dos WinchesterOnde histórias criam vida. Descubra agora