Família

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Em silêncio nós dois caminhamos juntos pelos corredores - Corredores nos quais eu nunca tinha entrado antes, numa ala do bunker que era completamente desconhecida para mim. 

Deixei que ele me guiasse numa expectativa calma e resignada; submissa à seriedade da situação que eu sabia estar lá. Sam ia fazer uma coisa que não devia, e aquilo era evidente em seu rosto; evidente no jeito que apertava a minha mão.

Então eu não precisei dizer nada - Muito menos ele. Não precisamos fazer nada além de andarmos um ao lado do outro, sem que eu não soubesse se deveria sentir medo - Mas por algum motivo, pela primeira vez em muito tempo, eu estava bem com a minha situação. Não conformada, mas progredindo em algo.

E esse sentimento só fez aumentar quando, finalmente, ele me forçou a parar; girou-me e fez-me ficar de frente a uma porta que parecia igual a todas as outras.

Ele deslizou a mão dos meus dedos até meu cotovelo e me apertou.

"Tem que me prometer que não vai dizer nada..." - Sussurrou olhando nos meus olhos. E não pude fazer nada além de franzir a testa; antes que eu sequer pensasse em responder, ele abriu a porta.

E admito que fiquei decepcionada com o que eu vi. Não sei dizer o que foi que eu pensei que encontraria atrás daquela porta, mas certamente não seria um quarto comum, como qualquer outro.

Entrei sem dizer nada, esperando achar algo a mais ali - Sam soltou meu braço devagar para que eu pudesse explorar, enquanto ele me observava da porta.

Uma cama de solteiro mal feita, encostada à parede nos fundos e com algumas camisas de flanela e livros antigos espalhados por cima.

Havia caixas empilhadas pelos cantos, com discos de vinil e fitas cassete armazenadas aos montes, assim como miniaturas de carros clássicos dispostas de qualquer forma na mesa do canto, junto com duas ou três garrafas de tequila e whisky.

Nas paredes, posteres das minhas bandas de rock clássico preferidas, como Guns N Roses, The Beatles, Rolling Stones e AC/DC.

Aproximei-me da cômoda ao lado da cama; havia nela algumas fotos antigas embaixo de uma garrafa - Tirei ela do caminho e peguei as fotografias; logo em cima da pilha estava o retrato de uma criança - Um menino loiro de olhos verdes, sorrindo ao lado de um bebê de olhos azuis.

Quando eu ameacei me sentar na cama para ver o resto das fotos Sam cortou o silêncio.

"Este é quarto do Dean".

Imediatamente eu me pus de pé de novo; me afastei da cama dele me sentindo completamente estranha por quase ter sentado nela.

"Tudo bem, ele saiu. Vamos ficar em paz por enquanto".

"Não devia ter me trazido aqui" - Murmurei e coloquei as fotos no lugar - "Eu prefiro a porcaria do porão".

Dei alguns passos para frente, querendo passar pela porta, mas ele se pôs no meu caminho.

"Espera. Fica um pouco, eu quero que você veja...".

"Veja o que? Que seu irmão tem bom gosto para música? Isso não me interessa, sai da minha frente".

Tentei passar de novo, mas ele revirou os olhos e agarrou minha mão, me puxando para dentro outra vez, na direção da cama.

A Menina Dos WinchesterOnde histórias criam vida. Descubra agora