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- Freya Brown
(Big Island, Hawaii)

Era só mais um dia de trabalho, onde o objetivo era levar o cliente a conhecer a imensidão azul do mar.

Adorava trabalhar na ilha paradisíaca e pilotar um barco, conhecendo assim as diferentes culturas e línguas. Incluindo celebridades de diferentes países.

Gostava de me levantar cedo, trabalhar não era um sacrifício.

Gostava do que fazia, da interação com as pessoas e as culturas. Adorava o mar e tudo o que o envolve.

Nunca ninguém iria conhecer o mar, de tão misterioso e instável que é.

Terminava de me vestir e de hidratar a minha pele, depois do banho. Sabia que não estava um dia quente, contudo, as pessoas continuavam a aderir á viagem de barco em redor da ilha.

Estávamos no início do último mês do ano, altura natalícia. Recebíamos bom fluxo de turistas também.

Pela meteorologia, a máxima para o dia dois de Dezembro, era vinte oito graus e a mínima, vinte e três. Porém, estava céu nublado e podia chover.

A ilha não deixava de ser bonita, atraia imensas pessoas durante o ano, apesar de elevar no Verão.

Olhei-me ao espelho, já envergada nas calças de ganga e na sweater, calçando os converse. Sequei os meus cabelos e apliquei maquilhagem leve.

A típica rotina de trabalho.

Desci as escadas do quarto para o resto do bungalow, onde os meus cães já me esperavam para comer.

Enchi ambas as taças com comida, e as duas outras com água limpa.

Coloquei laranjas na máquina de sumo natural, visto que não apreciava café, e pão na torradeira. Tirei o telemóvel do bolso e observei as horas.

Eram dez da manhã, faltava uma hora para começar a trabalhar. Esperava-me um casal com três filhos.

Após tomar o pequeno-almoço, lavei os dentes e peguei na mala.

Entrei no carro, deixando que Kayla e Tyson entrassem também. Não deixava os animais sozinhos durante o dia, mas sim numa colónia de animais.

A dona da colônia acolheu-me quando cheguei à ilha, tornando-se próxima de mim de imediato.

Chamava-se Grace, tinha os seus trinta e poucos anos e uma filha.

- Bom dia Freya, como estas?

- Bem e a Grace? - Observei a mulher a abrir a porta aos cães. - Vejo-a antes da hora de jantar!

Despedi-me de Grace, conduzindo até à marina, tinha vinte minutos.

Estacionei o carro e dirigi-me ao bar da marina, onde as viagens eram alugadas e onde trabalhava aos sábados. Collins atirou-me as chaves do barco.

Desejei-lhe os bons dias, recebendo um sorriso simpático da sua parte.

Fez-me sinal para olhar pela janela, um casal e três crianças encaravam o barco onde iriam passar o dia.

Caminhei até ao bar, mostrando o meu melhor sorriso. As crianças começaram a disparar perguntas sobre inúmeros e aleatórios assuntos.

- Bom dia, chamo-me Freya Brown. - A mulher sorriu-me. - Estejam à vontade e desfrutem a viagem.

Chamava-se Abigail, o marido George e os três rapazes, Tom, Sam e Raúl.

Sentei-me ao volante, preparada para mais uma viagem, para mais um dia de trabalho e novas experiências. Variava as rotas quase todos os dias, visto que não queria fazer sempre o mesmo, era uma forma de explorar mais.

A certa altura, deixei o barco em piloto automático, para que tirassem fotos. As crianças estavam animadas.

Tirei o telemóvel do bolso, visto que de manhã não respondi a Leah.

Leah 💩
- Já sabes quando vens cá?
(read 11:34am)
- Vou tentar ir pelo Natal, mas ainda não falei com o Collins.
(sent 11:35am)

A Leah morava em Nova Iorque, fomos companheiras de escola desde o jardim de infância até ao décimo segundo ano, e ainda éramos vizinhas.

As nossas mães eram bastante amigas, conheciam-se dos tempos de faculdade e trabalhavam juntas.

Costumava visitar Leah nas férias, duas semanas em Dezembro, principalmente em Agosto, um mês inteiro. Costumava ir a Nova Iorque ou ambas viajávamos para outro lugar.

Partilhávamos a mesma paixão, viajar e fotografar. Como as nossas mães eram ambas advogadas, tínhamos liberdade para tantas viagens.

Como médica, Leah também recebe um bom ordenado, tal como eu.

Leah 💩
- Nem que venhas na semana de Natal e passagem de ano! Essa o Collins dá-te se certeza.
(read: 11:40pm)

Abigail pediu que continuasse a viagem em redor de Big Island, o que me levou a largar o telemóvel.

Apresentei alguns locais, contei alguma história ou mito sobre um rochedo, um local próprio no mar. A família ficou de tal forma surpreendida, que me levou a gargalhar animada.

A certa altura da tarde, já conversava animadamente com cada um deles. Era uma família do Texas. Partilhei que era de Nova Iorque, também.

Evitei qualquer pormenor pessoal, pois a relação com a minha família não era a melhor para abordar.

Perto das cinco da tarde, estava a levar o barco de volta à marina.

Recebi elogios e agradecimentos.

Adentrei no bar, satisfeita com o dia. O facto de cada pessoa ou família ter uma histeria diferente, tornava os meus dias tão interessantes e distintos.

Era o que mais me agradava, o que me levou a aceitar o trabalho.

- Tens a noite livre hoje, porque preciso de ti amanhã na marina. - Ouvi Collins, enquanto me servia o lanche. 

- Aconteceu alguma coisa ao Rodrigo?

- Creio que com um familiar. Vai voltar a Portugal esta noite. Posso contar com a tua colaboração amanhã? A viagem é ás duas da tarde, mais uma celebridade para ti, Freya.

- Que entusiasmo! - Revirei os olhos e Collins sorriu-me. - Deixou nome pelo menos ou prefere mistérios?

- Mistério, claro.

- Mais um a pensar que somos gulosos por celebridades e por dar a conhecer à televisão que cá estão?

- Algo do género, deve ter a tua idade e vem para descansar da tour.

Balancei a cabeça, assentindo.

Após terminar de lanchar, despedi-me de Collins e comprometi-me a estar na marina ás duas da tarde.

Pelo menos, não precisava de ficar no bar nem hoje, nem amanhã.

FATE  ➛  JUSTIN BIEBEROnde histórias criam vida. Descubra agora