19 - Restaurante.

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Ed começou a rir e o riso dele, de alguma forma, fez eu me sentir melhor. 

Seguimos para o estúdio que Benny tinha atrás da casa, Benny passou um dos braços pelo meu ombro e Ed andava com as mãos no bolso. Era um lugar grande e meio que separado do resto da casa. Havia uma entrada independente, um pouco mais próximo de uma pequena piscina.

Eu não prestava a atenção neles, apenas estava ali. Várias coisas passando pela cabeça, Ellie, a música, a briga.

- All of my hate cannot be found... I will not be drowned by your thoughless scheming... - Eu acho que mais gemi do que cantei - Now, you can try to tear me down, beat me to the ground, I will see you screaming...

- O que é isso? - Benny virou-se  para mim, rodando a cadeira em minha direção.

- O que? - Eu respondi para o Benny.

- Isso que você cantou, o que é?

- Eu não sei... É Evanescence, eu acho... Mas também acho que é um cover, talvez do  Korn, mas não  tenho certeza. Eu, desculpa, eu não estou muito bem hoje...

- Ah... Tudo bem, se você quiser, pode ir deitar, o Ed te mostra o quarto. - Ele disse voltando para  a mesa de som e para  o Ed que cantava do outro lado do vidro. - Isso  vai demorar.

Eu neguei a princípio mas logo o Ed acabou me arrastando para cama dizendo que se "tratava de mais um longo  dia na casa da Tay" e em parte ele tinha razão. Dei boa noite ao Benny e baguncei ainda  mais seu cabelo, ele acabou por mexer a cabeça como se estivesse arrumando de volta os cabelos.

Ed foi comigo até o quarto, passamos por dentro  da casa do Benny que tinha móveis rúticos mas de muito  bom gosto, o que me deixou confusa a julgar pelo jeito que ele se vestia.

Depois de me ajudar a pegar uma roupa na mala, voltou para o estúdio. Eu tomei banho e deitei. Estava mais dolorida do que eu imaginava, não conseguia me mexer muito bem. O tempo demorou á passar até sentir os braços do Ed em volta de mim. Soltei um gemido baixo, perdi com contato com Ed e logo ele acendeu a luz.

- O que está acontecendo com você? - Ele sentou-se na cama olhando para mim - Você está se arrastando desde a hora que saiu da casa da Taylor.

- Eu caí e estou um pouco dolorida, só isso. Eu batia as costas e está doendo um pouco.

- Deixa eu ver isso. - Me sentei na cama de costas para o Ed, ele levantou minha blusa com cuidado - Meu Deus, Júlia. O que aconteceu com você?

- Eu... Eu caí. - Respondi cinicamente como se não soubesse a forma como tudo se deu.

- Como? Você está com hematomas Júlia, sabia? Você está roxa, de verdade.

- Eu caí da escada, tropecei... Sei lá. - Em parte era verdade, não falaria para ele que Ellie havia feito aquilo comigo.

- Eu vou pegar com Benny alguma coisa para você. - Ele sacudiu a cabeça e levantou sem falar mais nada.

Assim que Ed voltou com um analgésico, eu consegui dormir um pouco. Acordei com o celular dele tocando.

- O que? - Ele disse ainda sonolento - O que? Porque? 

As minhas dúvidas de que eram Taylor no outro lado da linha passaram a ser inexistentes quando desbloqueie meu celular e vi três chamadas não atendidas dela. E claro, ela havia contado do ocorrido para o Ed.

- Taylor quer te ver nesse restaurante... - Ele me mandou uma mensagem que chegou logo  antes de um suspiro dele - O que aconteceu entre você e a Ellie?

- Nada. - Tentei parecer despretensiosa.

- Júlia! - Ele gritou e levantou da cama, o que acabou me assustando - Não mente para mim. Foi ela quem fez isso com você, não foi?

- Foi. - Eu suspirei depois de um longo silêncio - Mas não foi uma briga, nós gritamos, nos insultamos e aconteceu.

- E por que você não me contou a verdade? - Ed continuava a gritar, eu permanecia de olhos fechados, apenas tentando elaborar respontas convincentes e não comprometedoras.

- Pra que? - O encarei  enquanto ele estava em pé, com a cabeça encostada em uma porta que parecia ser de um closet.

- Pra eu ir lá e gritar com ela, por exemplo. Para eu te defender, para eu fazer alguma coisa.

- Ou para você escrever uma música para ela e ela escrever outra para você? Ed não tem nada que você possa fazer. - Eu me levantei e fui para o banheiro - Eu vou ver a Taylor.

Tomei banho e quando sai, encontrei o Ed estava sentado na cama.

- Você vai mesmo ver a Taylor? - Ele continuou de cabeça baixa, sem me encarar.  

- Vou, se ela precisa falar comigo, que seja logo. Não é hoje que vamos para Sulffolk? Então... Não posso voltar depois... 

Ed continuou ali sentando sem falar nada. Era óbvia a decepção dele, ele estava com o ombros baixos como se alguma coisa o tivesse atingido. Saí do quarto em silêncio. No sofá, já na sala, Benny mexia no celular.

- Se um analgésico te derruba, imagine um doce... - Ele riu - Estou pedindo o almoço pra gente: chinesa ou mexicana?

- Desculpa Benny, eu tenho que sair, mas você pode guardar para mim. - Eu Sorri - Pode abrir o pra mim, por favor?

- O Ed não vai  com você?

- Não. Eu vou sozinha. - Sorri.

- Nesse caso, vou te chamar um Uber... Espera um pouco.

Ainda fiquei na sala com Benny durante pelo menos 10 minutos. O Ed não apareceu. 



Photograph - Amores Imperfeitos [Ed Sheeran]Onde histórias criam vida. Descubra agora