58 - Filmes de Conforto.

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É isso. Volta o cão arrependido para terminar essa história que eu amo esperando que vocês leiam e ainda amem a ela e a mim. Estou meio sem tempo irmão, mas quero voltar a me dedicar isso porque ainda não temos um final (na realidade, estamos no meio da história) e me ajudava muito com meus problemas psicológicos. Muito obrigada a todos que ainda estão aqui e aos que chegaram agora sejam bem vindos. Comentem se puderem. Bjokas.
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Não reconheci a voz, mas assim que vi cabelos ruivos com alguns flocos de neve adentrando a sala, consegui ligar a voz a pessoa: era o Matthew. 

Ele entrou e abraçou Im, em um abraço sufocante que quase não deixava perceber que havia uma pequena mulher ruiva envolvida em seus braços. Logo, eles subiram as escadas e eu fiquei ali sem entender nada. Continuei com as minhas pulseiras e séries. Mais tarde Imogen fez sopa para o jantar e nós jantamos em um clima descontraído na cozinha vendo a neve cair e transformar o jardim que uma vez fora todo colorido em um grande tapete branco felpudo.

- Então, você já fez muito por hoje Senhora Imogen Lock Sheeran - Matthew riu - Pode deixar que eu me encarrego do resto por aqui. Pode ir descansar.

- Sério? Oh meu Deus! Eu estou  mesmo tão cansada - Imogem fechou os olhos e respirou fundo - Bom saber que você vai ficar um tempo.

Imogen sorriu.

- Mas e eu? Sempre ofereço ajuda e você nunca aceita. - Me senti um pouco incomodada e fiz cara de emburrada, como se estivesse dando trabalho à Im.

- Ah, não. Você não está aqui para trabalhar, você precisa cuidar do meu netinho, desse pequeno bebê. Não se preocupe com nada. - Ela sorriu - A vida é assim mesmo, a gente tem filhos, os cria, os alimenta e dá carinho á eles. Então ele crescem e fazem o mesmo pela gente. Um dia você ainda vai ser mimada pelos seus, um dia. Boa noite, crianças. 

Imogen foi saindo e Matthew ficou na cozinha, colocando os pratos na lava louça. 

- Então... Quais são os planos para hoje, Jules?

- Jules? - Eu ri - Então... Dormir talvez?

- Sexta-feira à noite? Você está brincando. - Matthew riu.

- Eu até queria estar brincando, mas estou aqui lavando louça. - Eu dei de ombros. - Me surpreenda Matthew Sheeran.

- Eu vou te dar uma vantagem. Hoje a gente fica por aqui, vê alguma coisa na TV, mas, amanhã a gente vai sair. Vou ver com alguns amigos. Deixa comigo.

Depois de terminarmos com a louça, Matthew ficou parado por alguns segundos, como se pensasse em algo.

- Nós podemos ver um filme hoje? Quer dizer, você quer ver um filme comigo? Sabe, eu estou meio pra baixo...

- Tudo bem. Podemos ver um filme... Hum... Quer conversar sobre o que aconteceu? - Esperei não estar sendo muito intrometida.

- Não, tudo bem, eu só... Sabe filme de conforto? Aquele filme que você vê mil vezes e não cansa... Sabe quando você se renova depois que vê... Então, eu queria ver.

- Sei sim... Sou assim com 13 Going On 30... E o seu, qual é?

-  E.T. Aquele com a Drew Barrymore, quando criança, você sabe?

- Uhum - Eu afirmei rindo.

- Qual é a graça? - Matthew me deu um pequeno empurrão, de brincadeira - Filme de conforto a gente não discute não, apenas aprecia, okay?

- Sem discussão. - Eu ri - Apenas aprecia.

Acabamos por ver E.T. mesmo. Era um ótimo filme de conforto. Aquele pequeno amigo tentando cuidar das crianças e elas por sua vez em uma jornada para mandar o nome amigo de volta  para casa. Era restaurador, realmente. Depois de tal experiência, Matthew quis assistir ao 13 Going On 30, para avaliar se era um bom filme de conforto.

- Filme de menininha... Mas também ensina uma ótima lição.

- Que seria? - Indaguei.

- Que nós não podemos desperdiçar os momentos bons da vida. Que temos que ser boas pessoas e o mais importante, não podemos voltar no tempo.

- Eu gosto de filmes que mexem com o tempo... Efeito borboleta eu também acho legal.

- É isso... Vamos procurar Efeito Borboleta então... - Matthew se ajeitou no sofá - O que você acha disso?

- Do que? Do filme? - Perdi o fio da meada e a conversa me pareceu um pouco confusa.

- Não... Da teoria do caos... Desse papo todo sobre um simples bater de asas de uma borboleta aqui pode instaurar o caos no outro lado do mundo. O que você acha disso?

- Eu sou o tipo de pessoa que acredita em tudo. Então, eu acredito... Sabe o que eu não acredito muito, não do jeito que a gente coloca, os E.T.s... Não acho que eles tem obrigatoriamente uma forma estranha, e eu acho que talvez eles estejam entre nós...

- Olha, eu não acho não. Nem os nós queremos estar entre nós.  Se eu tivesse escolha, não estaria aqui não. Fazer escolhas erradas é coisa de ser humano.

- Como você sabe que é coisa de ser humano? Já conversou com um extraterrestre? Você  é o E.T. por acaso?

Matthew riu tão alto, que me fez rir com a sua risada. Rir de verdade. Rir como eu não fazia há tempos.

Acabamos por ver mais dois filmes, depois desses. A madrugada estava bem gelada. A neve ainda caia. O aquecedor estava ficando frio e Matthew levantou para ajustar, deixando o frio entrar por baixo do cobertor que nos cobria no confortável sofá da sala.

- Você é uma ótima companheira de filme. Se a gente não sair amanhã, podemos repetir isso?

- Claro! Quando você quiser. Eu, por aqui, faço basicamente nada que não  seja existir... Então... Eu terei bastante tempo livre. - Eu disse dando muito ênfase a palavra "bastante" e passando a mão pela minha barriga.

- Agora vai colocar meu sobrinho para dormir. Amanhã a gente descobre o que vamos fazer. 

Eu desejei "boa noite" ao Matthew e subi para o quarto. Foi legal ter uma noite diferente e esquecer de tudo que estava dando errado na minha vida. Foi uma noite divertida com Matthew. Consegui dormir melhor na poucas horas que restaram.

Pela manhã, tomei café da manhã como sempre, mas desta vez sozinha. Imogen e Matthew não estavam em casa. O sofá era meu lugar de aconchego agora. As vezes eu  ajudava Im com a limpeza e arrumação da casa, outras vezes com o almoço ou jantar. Mas, naquela hora, eramos só eu, aquela casa, o bebê e as lembranças do Ed.

Ed nunca me ligou enquanto viajava. Cherry começou me ligando todos os dias, depois foi diminuindo a frequência,  até quase não ligar mais. Por um tempo eu esperei e até mesmo me chateava com a ausência dela e até do Ed. Mas alguma coisa mudou quando Matthew chegou. De repente, eu não era mais tão sozinha.

Photograph - Amores Imperfeitos [Ed Sheeran]Onde histórias criam vida. Descubra agora