Photograph - Amores Imperfeitos [Ed Sheeran]

34 - Chá Com Murray.

 

 Annie voltou a olhar para mim, me deu um sorriso amistoso e saiu. Murray nem falou nada, só se virou e foi para os fundos da casa. E eu? Não havia entendido nada.

Depois de ir para a cozinha e colocar a água para ferver, me perguntei se alguém poderia querer chá também, apesar de saber que todo mundo deveria estar bebendo cerveja e provavelmente bêbados. Deixei que a água fervesse e enquanto fui para os fundos. Para minha surpresa, Murray estava na varanda, sentado um dos bancos com a cabeça baixa.

- Murray? – Eu fui lentamente até ele – Está tudo bem?

Murray não respondeu. Ele suspirou e balançou a cabeça.

 - Você não queria me fazer companhia para um chá? - Fiquei em pé ao seu lado na dúvida se fazia alguma coisa ou não.

- Júlia, desculpa, mas, eu não estou muito legal agora. - Ele disse baixo e continuou de cabeça baixa.

- Eu também não... Seria legal ter um amigo para mudar isso. – Eu sorri.

Murray levantou a cabeça, não era possível ver lágrimas em seu rosto, mas seus olhos estavam vermelhos... Seu rosto todo estava vermelho. Só então percebi que Murray tinha lindos olhos azuis. Fomos para a cozinha e Murray sentou e se apoiou na bancada, sem falar nada ainda.

- Deveria ser de camomila... Mas eu não sei como se compra chá nesse país... - Coloquei o líquido em sua xícara e depois na minha.

- Ed deveria ter ido com você. - Murray disse enquanto viajava mexendo seu chá.

- É, mas ele não foi... Preferiu ficar com a Annie. – Eu sorri ironicamente e Murray apenas revirou os olhos – Desculpa, Murray... Eu...

- Ah! Tudo bem... Que se dane ela, eu fico tentando agradar o tempo, o tempo todo atrás dela, ajudando ela, fazendo tudo por ela e o que eu ganho?

- Vocês estão juntos? - Eu bebi um pouco de chá, olhando para ele, mas com medo dele achar que eu estava invadindo sua privacidade. Nós nunca fomos próximos.

- Sim... Quer dizer, não. – Ele suspirou e demorou alguns segundos para responder – Eu não sei, mas eu queria sabe? Eu gosto dela, Ju. Mas parece que ela não consegue ver isso... Eu queria a gente juntos e.... Eu queria alguma coisa séria com ela.

- Esse é o mal da família de vocês... Se apaixonam rápido demais e querem algo sério... – Eu ri, mas Murray não – Murray, dá um tempo para ela. Você já parou para pensar que ela pode estar realizando um sonho ao ser produzida pelo Benny? Cara, tudo que o Benny põe a mão estoura, ela deve estar vivendo um sonho e com medo de decepcionar ele ao mesmo tempo.

- Mas... Porque ela acha que tem que passar por isso sozinha? Porque?

- Murray, ás vezes, a gente tem que passar por muita coisa sozinho sabe? - Tomei um remédio para cólica  junto  com o chá - Ajuda a crescer... Aposto que ela é grata por tudo que você fez e faz por ela... Mas, poxa é uma vida nova...

- Ela deveria fazer isso mesmo ao invés de estar preocupada em impressionar o Ed e o Benny... - Murray pegou a xícara e colocou mais chá – Desculpa, eu sei que o Ed é seu namorado, mas a brincadeirinha deles hoje estava passando dos limites.

- Como você disse: Era brincadeira Murray, você não tem que se ofender por isso. – Eu tentava convencer Murray que era apenas uma brincadeira, mas ainda estava decidindo se aquela atitude do Ed tinha me irritado – Você está com ciúmes do Ed, Murray?

- Eu nunca tive ciúmes do Ed em nada, Júlia... Eu vi ele se transformar em um astro da música e não tive ciúmes. – Ele respirou, sua expressão denunciava que ele estava irritado – Eu estou com ciúmes da Annie, está bem? Eu detesto admitir isso porque é um saco, mas estou com ciúmes da Annie...

- Desculpa, eu não queria...

- Tudo bem... Na verdade, eu quem peço desculpas, você está tomando chá, remédio... Talvez esteja doente e eu aqui te enchendo...

- Não tudo bem... É só TPM. - Eu sorri.

- Annie vive de TPM... – Murray riu doce, como se lembrasse de alguma coisa – Aliás, ela é a TPM... Na verdade a TPM que é ela...

Murray ficou falando de momentos divertidos que havia passado com a Annie nos últimos tempos e se acalmou um pouco assim que terminamos o chá. 

- Júlia... Foi ótimo tomar chá com você, mas eu preciso ir trabalhar... - Murray me deu um sorriso e nem parecia que ele estava triste não fazia nem cinco minutos.

Estava sozinha na cozinha me perguntando se a "intimidade" do Ed com Annie me incomodava, não consegui chegar a nenhuma conclusão antes do Andrew chegar.

- Oi Júlia. – Ele se sentou no lugar em que Murray estava.

- Oi. – Eu respirei fundo – Quer chá?

- Eu aceito... Quem estava aqui com você? A Annie?

- Murray... A Annie foi embora. - Coloquei  chá em uma xícara e entreguei á ele.

- Uma pena. – Ele levou a xícara a boca olhando fixamente para mim – Annie é realmente muito bonita. Eu gosto dela. Ela é sexy e divertida...

- É, ela é sim. – Eu ri ironicamente. Ou Andrew estava tentando me fazer ficar com ciúmes ou ele só era aquele tipo de cara que não pode ver uma mulher bonita que já achava que ela precisava de um homem.

- E Ed e você? – Ele colocou a xícara na bancada e me olhou – Ele estava lá com a Annie e agora você está aqui... Sozinha.

- Não é só porque ele não está aqui, que terminamos. – Eu me levantei e coloquei a xícara na pia – Estamos ótimos... Desculpa, mas eu estou com uma cólica horrível... Vou subir, okay?

Deixei Andrew ali sem nem mesmo me despedir, como sempre. Subi as escadas até o quarto e deitei. De uma coisa o Andrew tinha razão, eu estava sempre sozinha com ele. Ed mesmo sabendo que ele estava sendo um chato comigo, nunca estava comigo. Aquilo foi o que realmente me irritou. Adormeci por conta do remédio que tomei.

Acordei com o Benny colocando o Ed na cama e rindo.

- Cara eu não bebi tanto assim... Eu ainda estou podendo andar, viu?

- Cuida aqui do teu namorado cachaceiro e me deixa livre dessa por hoje? Pode ser?

Benny saiu sem esperar eu responder. Ed tirou o tênis e foi até suas coisas trocar de roupa.

- Perdi a conta de quantas vezes falei para ele que eu não estava bêbado. - Ed riu e se virou para mim enquanto tirava a camiseta - Onde você estava a tarde toda?

- Eu fui á farmácia... Estava precisando comprar umas coisas. – Minha cabeça começava a doer levemente. Queria que Ed apagasse a luz.

- Poxa, eu poderia ter ido com você, se você tivesse me avisado.

- Eu avisei Ed, mas você estava tão ocupado com a Annie... Duvido que iria. Alias, duvido não, você não deu a mínima.