Photograph - Amores Imperfeitos [Ed Sheeran]

60 - Castle On The Hill.

Acordei sabendo que teria consulta a tarde. Não fazia ideia de como chegar a Londres e me indaguei se era possível trocar o pré natal para a cidade, me dando assim mais comodidade e autonomia. Não cheguei a conclusão nenhuma.

- Jules, a pensadora. - Matt riu e se sentou ao meu lado com uma xícara de café.

- Porque Jules? Eu nem sei o que isso quer dizer.

- Falar Júlia o tempo todo é complicado, não consigo falar que nem você. Te chamo de Jules, é mais fácil e integra você na família. - Ele  falava  com um sotaque engraçado que fazia meu nome soar como Diuliá.

- Eu adoraria fazer parte dessa família - Eu sorri.

- Você já é. Pode ter certeza.

Matt continuou sorrindo para mim. Me perdi em suas expressões pensando no quanto ele lembrava o Edward.

- E você? Está melhor? Sem ressaca?

- Claro. Eu te falei, não fico bêbado.

- Tudo bem então... - Eu virei os olhos - Então minha pergunta é: Como eu faço para chegar até o centro de Londres daqui?

- Á uns quinze minutos daqui tem a rodoviária, sempre saem ônibus de lá. Mas só para acabar com a minha curiosidade, pra que diabos você quer saber disso?

- Tenho uma consulta do pré natal hoje a tarde. Sei que dá em média três horas mas não faço ideia de como chegar.

- Entendi. Então, já temos programa para hoje a tarde. Ir ver meu sobrinho.

- Você acha que é menino?

- Não sei. Estou mais acostumado com meninos. Nascem muitos meninos na nossa família. Mas se fosse uma menina seria maravilhoso.

- Estou com quatro meses. Talvez dê pra ver hoje.

- Então você nem precisa me convidar. Eu tenho o dever de ir com você acompanhar isso.

Saímos um pouco antes do almoço. Matthew disse que ia perguntar ao médico se eu poderia dar uma escapadinha na dieta saudável ou se tinha que seguir à risca e fazer o responsável.

- Boa tarde Sr. Sheeran, é um prazer conhecê-lo. Acredito que deve estar ansioso para ver seu bebê.

- Na verdade, Dr. Hills, ele é o Matthew, irmão do Ed. O Ed ainda está viajando o Matt não quis me deixar sozinha.

- Ah! Sim, me desculpe, mas ainda assim é Senhor Sheeran, não é mesmo? E olha, faz bem você já está muito melhor, aparentemente, vamos pedir alguns exames completos para checar se está tudo em ordem. E vamos ver se já conseguimos descobrir o sexo do bebê.

- Eu só vim pela curiosidade. - Riu Matt.

- Então vamos tratar de matar esse bichinho da curiosidade já. - Dr. Hills se levantou e se dirigiu para a saleta em anexo, onde ficava os aparelhos de ultrassonografia.

Após as medições e perguntas de praxe, ele me informou que eu estava há uma semana de entrar no quinto mês. Minha barriga já estava mais redonda e eu já conseguia sentir o bebê mexendo dentro dela.

- Olha, está de pernas cruzadas. Vamos mexer um pouco - Dr. Hills chacoalhou o aparelho em minha barriga fazendo o bebê balançar - Hum, nada. Bom, ainda vamos chamar de bebê porque o bebê está com as pernas cruzadas e assim quer ficar. No mais, está dispensada e não esqueça de trazer os exames em duas semanas, sua gravidez ainda é de alto risco, até que se prove ao contrário, okay?

- Okay. - Assenti limpando a barriga - Ainda vai ser meu milk shake.

Matthew me ajudou a levantar e nós fizemos alguns exames naquele momento. Outros, Matt fez questão de que fossem colhidos me casa, para que eu não precisasse voltar outro dia.

- Sabe, o nome desse Doutor me lembrou um lugar que eu queria muito ir. Você iria comigo?

- Claro. Eu vou adorar. Fico tanto tempo em casa que fico me sentindo parte da decoração.

- Exagerada - Foi a vez de Matt virar os olhos - Então vamos. A gente pode chegar lá ainda de dia e depois jantar fora em algum lugar.

Voltamos conversando sobre bebês, o enxoval, como seria o quarto, onde nós ficaríamos. Eu sentia saudade da minha família, minha mãe já estaria louca com esses preparativos.

Eu ligava para minha avó e para minhas filhas todos os dias. As três estavam muito animadas com a vinda do bebê. Ana e Catarina queriam um menino, exclusivamente porque elas achavam que sendo menino, elas estariam salvas de mais uma menina para brigar. Minha avó, queria apenas que viesse com saúde, meninos na minha família eram raros.

Fiquei encantada quando chegamos em Flamlingham e vi aquele monumento. Muralhas enormes, antigas. Um verdadeiro castelo.

- Vamos entrar, ma dame? - Matt sorriu.

- Falando em français monsieur? - Matt riu e falou alguma coisa que para mim, parecia mais um palavrão - WHAT?!

- Era pra ser "Falo alemão também". Mas você não colaborou. - Ele riu - Vamos, visita guiada por mim pelo Castelo da Colina.

Matthew me contou sobre todas as traquinagens deles quando crianças ali naquele espaço. Eles corriam pelas colinas, ruínas e escadas. Era um lugar perfeito para ver o nascer e o pôr do sol, no interior das muralhas havia algumas casinhas que abrigavam peças de arte e outras coisas que poderiam estragam se colocadas sob sol, chuva e neve. Eram peças, jóias, quadros e outras obras.

Matt me contou de todos os eventos e atividades que era feitos ali para abrir a temporada de visitas. Falou sobre como era lindo ver o pôr do sol ali e de como era ver de longe o castelo em meio a neve. Ficamos sentados até quase escurecer.

- Já faz quase duas horas que estamos aqui. - Matt ponderou enquanto estavámos sentados no lado de fora do castelo - Acho melhor a gente descer antes de escurecer, não quero que você caia e se machuque, outro dia nós voltamos mais cedo, eu prometo.

- Mas era só o que me faltava, eu cair aqui, sair rolando pela grama e congelar no rio.

- Não vamos arriscar. - Ele se levantou, esticando os braços e me oferecendo ajuda para levantar - Aqui é úmido e escorregadio, eu mesmo já cai aqui várias vezes, Ed caiu e quebrou a perna.

- Mas, Matt, nem que eu quisesse cair no rio eu ia conseguir ir rolando até lá.

- Não sei não. Você está ficando redondinha...

- AH! EU TE MATO MATTHEW SHEERAN.

Matt me abraçou de um jeito que eu não conseguia nem me mexer. Ele tinha quase a mesma altura que o Ed, porém me parecia mais magro. Nunca achei eles muito parecidos, mas quando Matt sorria daquela maneira, sim, o Ed estava ali.

E eu não parava de pensar "Onde será que o Ed está?"