- Eu tenho consulta hoje então preciso ir... - Eu acabei fazendo um gesto, apontando para porta e emendando com a abertura da maçaneta.
- Mas não era depois do almoço? - Imogen franziu a testa.
- Sim, mas como eu vou de ônibus, pensei em ir cedo e almoçar em Londres, e voltar á noite. Mas só se tiver tudo bem para você? Se você... Precisa de ajuda com alguma coisa?
- Eu não ouvi ônibus? Ouvi? - A pequena senhora ruiva parou em minha frente - Matt vai te levar, não?
- Não Im, eu não quero incomodar. Kevin não pôde vir... Acho que Matthew está dormindo, ele deve ter esquecido e, eu acho... Eu vou de ônibus mesmo.
- Você não vai sozinha para Londres. - Imogen entoou uma voz firme - Ed te deixou aqui porque você não pode ficar sozinha, me confiou sua vida e a vida do bebê de vocês, não posso fazer isso com ele. – Aparentemente Im não sabia de nada, nem que Ed achava não ser pai da criança que eu esperava e nem que Matt me odiava agora – Matthew!
Depois de dois gritos, Matt desceu as escadas com ar preguiçoso, como se ainda estivesse dormindo e parou onde a mesma fazia uma curva, se apoiando no corrimão.
- Filho, por favor, você pode levar Júlia até o Londres? Ela tem consulta para o bebê hoje e eu estou enrolada com algumas entregas.
- Eu já tinha dito que não precisava, eu vou sozinha, dou um passeio... Vai ser bom. Não precisa ir não Matt... Matthew, está tudo bem. - Finalizei sem jeito.
Matt olhou para mim com um semblante que lembrava o do Ed. Eles me odiavam. Esperava que Imogen não se desse conta do desconforto que estava no ar.
- Tudo bem mãe. - Ele revirou os olhos - Que horas?
- Júlia já está pronta e bem aqui na sua frente. O que acha de combinar com ela. Tenho que ir. Amo vocês.
Eu dei licença para Im, que saiu disparada para o carro, colocando a caixa que segurava no banco de trás e assumindo a direção do mesmo. Ela ainda acenou antes de eu perdê-la de vista. Matt subiu a escada em direção ao quarto novamente. Seu olhar me lembrava o olhar do Ed. Os dois me odiavam agora. Esperei Matt por trinta minutos. Foram duas horas e trinta minutos de silêncio no carro. Almoçamos sem trocar uma palavra. E eu queria meu amigo de volta.
- Eu adorei esse cardápio. A pergunta é: porque você não me trouxa aqui antes?
Matt não respondeu. Continuamos em silêncio. Na hora de pagar a conta, ele colocou o dinheiro dentro do estojo e se levantou, sem ao menos esperar o troco.
Mas dez minutos e chegamos. Aguardamos na sala de espera por 20 minutos, depois que eu cheguei a recepção e me apresentei. Matt entrou junto comigo no consultório.
- O irmão certo? – Dr. Hills estendeu á mão á Matt sorrindo.
Nós sentamos em frente ao Doutor que abriu meu prontuário.
- Seus exames chegaram e temos uma boa notícia: Tudo que era ruim deu negativo e tudo que era bom deu positivo. Fora esse problema da cicatriz e as lesões no útero, está tudo certo, parece que o abuso que você sofreu não trouxe maiores consequências para a gravidez.
Senti os olhos de Matt sobre mim. Claro que a história que eu havia traído o Ed, agora não combinava em nada com que o Dr. Hills acaba de dizer.
- Mamãe, pode ir para a sala se trocar, vamos ver como está esse pequeno.
Levantei, e coloquei a bolsa na cadeira, dei uma leve olhava para Matt. Sim, ele me olhava, sério. Ouvi o médico dizer ao Matt que ele poderia entrar assim que ele o chamasse. Depois dos exames mais íntimos para verificar a atual situação no útero, Dr. Hills chamou Matt para ouvir o coração do bebê e ver a ultrassonografia.
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Photograph - Amores Imperfeitos [Ed Sheeran]
FanfictionContrariando suas expectativas, Júlia está completamente apaixonada agora. E o que parece ser um conto de fadas, vai esbarrar em outras pessoas e outras realidades. E então, eles vão ter que lidar com situações diversas criadas por suas decisões pa...