30 - Você Seria Minhas Asas.

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- Você vai mesmo trocar o quentinho comigo por ficar lá com o Benny? – Ed colocou os óculos, e se sentou.

- Eu não queria, de verdade, mas, se você prestar a atenção agora, ele está procurando a gente porque deixamos nossas malas ali na porta.

Ficamos por um momento vendo Benny olhar em volta, e não demorou muito que ele percebesse nossa presença dentro do carro, através do vidro embaçado.

- Que porra vocês acham que estão fazendo dentro do meu carro?

- Desculpa Benny. – Eu passei pelo Ed já saindo do carro – Estava muito frio aqui fora e a gente estava se esquentando.

- Ela está sendo gentil... – Ed saiu rindo – A gente estava transando dentro do seu carro, cara. Mas eu também peço desculpas por isso.

Benny ficou nos olhando por uns minutos. Ed e eu rimos e o Benny sacou que não era bem uma verdade aquilo que o Ed havia contado a ele.

- Murray veio com vocês? Ele disse que estava vindo, com a Annie para eu ver uma música dela.

Annie era uma ótima cantora, tinha uma voz maravilhosa e havia aberto dois shows em Londres para o Ed. Parecia que eu ia ter que dividir as atenções com ela. Nunca havia conversado com ela, só sabia que ela era muito bonita, que era uma ótima cantora e que talvez estivesse tendo alguma coisa com o Murray.

Assim que entramos, Ed levou as malas para um quarto no andar de cima e eu fui para a cozinha com o Benny. Ele tinha algumas sacolas na mão e deixou em cima da bancada, eu o ajudava a tirar tudo de dentro das sacolas e ele ia guardando as coisas, enquanto eu as deixava em cima da bancada.

- Tem duas composições que eu queria mandar para Katy, mas elas estão sem voz. Eu adoraria se você as cantasse para mim. – Benny sorriu.

- Quando você diz Katy... Você diz Katy Perry?

- Sim... Apesar que eu acho que não tem muito a cara dela... Mas se vc cantar, pode ser que eu ache a dona da música sabe? É uma música de amor, que diz tipo "sou dependente de você", não sei quem hoje em dia cantaria isso... As mulheres estão querendo se mostrar independentes e tudo mais...

- E elas tem muita razão Benny... Mulher não precisa de homem para viver não... – Me encostei na bancada.

- Isso não é grande coisa... Olha para mim? Vê se realmente uma mulher não precisa de tudo isso para viver. – Nós rimos – Bom, quando você estiver pronta me avisa, Andrew vai vir para cá ver a Annie, talvez ele venha hoje, se você não quiser cantar na frente dele, a gente tem que se apressar.

- Então, podemos ir nesse exato momento. - Eu realmente me apressei.

Fomos para o estúdio anexo a casa do Benny. Assim que chegamos lá ele me deu um papel com a letra da música que eu tinha que cantar.

"Se eu fosse uma borboleta, você seria minhas asas.

E agora que você desistiu de mim, eu desisti de mim mesma"

- Você tem razão Benny, isso está muito brega. Katy Perry jamais cantaria isso... Na verdade a questão é: Quem cantaria isso?

- Você cantaria isso... Aliás, vá lá pra dentro e cante.

Me levantei debochando do Benny e bagunçando o seu cabelo enrolado. Entrei o estúdio e ele me auxiliava a cantar pela primeira vez para que eu soubesse o ritmo e pudesse cantar sozinha depois. Entendi o sentido da música assim que o Ed entrou sorrindo para mim dentro do estúdio.

"Esse amor pelo Ed está me deixando brega." Pensei.

Depois de cantar, Benny pediu para que saísse do estúdio.

- Muito bem minha pequena autista. Tudo certo... Agora vamos ver o que podemos fazer... Primeira coisa: tentar não respirar tanto no microfone, tudo bem?

- Você é boa. – Ed sorriu – Pode fazer umas aulas de canto e virar nossa cobaia. - Ed me sentou no colo dele, ele sorria enquanto beijava meu pescoço.

- Tem alguém gravando aqui? – Andrew colocou a cabeça para dentro da sala, e entrou assim que Benny sorriu para ele.

Eu não gostava muito do Andrew, havíamos tido apenas um encontro, ele estava bêbado, mas achei ele um tanto rude e babaca, no meu atual estado de espírito, eu não teria nem paciência para conversar com ele, tentei não julgar, e talvez me manter longe fosse o melhor.

- Eu vou na cozinha ver o que tem para beber... Alguém quer alguma coisa? – Eu me levantei sem que desse tempo dele ao menos me cumprimentar.

- Eu quero. – Ed se levantou para cumprimentar Andrew – Confio no seu gosto para me trazer o que você acha que eu mereço.

Eu ri e sai do local antes que Andrew viesse até mim. Fui ao banheiro e depois para a cozinha, onde fui até a geladeira. Tinha vodka, tequila. Procurava um balde ou algo parecido para colocar o gelo. Precisaria de alguma coisa para colocar o limão e o sal e precisaria achar o sal também.

- Oi! – Alguém disse me assustando – Eles acharam que você está demorando. Posso te ajudar em alguma coisa?

- Não vai ser necessário, Andrew... – Eu respondi assim que me virei – Está tudo certo. Obrigada.

- Então, eu me lembro vagamente de você. Eu estava bêbado, mas não o suficiente para esquecer uma garota tão linda como você.

- Obrigada. – Eu sorri pegando os limões.

- Júlia é seu nome, certo?

- Sim... – Eu nunca tive tanta urgência em dizer que namorava o Ed. - Então... Você sabe que eu namoro, não é? Namoro com o Ed, certo?

- Ah! Certo... – Ele sorriu olhando para os seus pés – Ele é um cara de sorte.

Eu apenas arqueei a sobrancelha e revirei os olhos. Coloquei as garrafas dentro do balde com gelo e os limões e o sal em duas petisqueiras.

- Eu te ajudo com isso. – Andrew veio até mim, chegando o mais perto do que o necessário, me deixando inclusive um pouco constrangida e me olhou nos olhos – Você é realmente muito bonita, Júlia, uma pena que você seja comprometida.

- Sim, eu sou. - Eu soltei o balde nas mãos dele - E pode não parecer, mas o Ed é um pouco ciumento às vezes.

Soltei os objetos que estavam em sua mão,  mesmo correndo  o risco de derrubá-los. Dei  as costas para Andrew e sai da cozinha antes que ele falasse mais alguma coisa. Ou antes de Ed chegar e fazer do Andrew o novo Rafael... Se bem que, pela forma que Andrew agia, ele jamais seria.

Photograph - Amores Imperfeitos [Ed Sheeran]Onde histórias criam vida. Descubra agora