51 - A Viagem.

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Olá amores. Eu não tenho muito para dizer. Só que chorei de verdade quando a Ju chorou nesse capítulo.

Vocês iam ficar de saco cheio se eu postasse todos os dias???

Espero que gostem do capítulo, talvez as coisas comecem a se acertar.

Amo cada um de vocês. Não desistam de mim. Beijos <3
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Escolhi um bom hotel perto do meu médico. Seria bom economizar no transporte para gastar com hospedagem.

Arrumei tudo em minha mala. Olhei para trás, para aquele quarto, eu não tinha boas lembranças ali. Eu andava devagar, como se me despedisse de tudo. Eu não podia mais. Eu não aguentava mais. Eu ainda amava o Ed e deixá- lo foi a coisa mais difícil que eu já fiz na vida. Deixá- lo com um pedaço dele crescendo dentro de mim me fez querer morrer. Mas ficar me faria morrer também.

O quarto do hotel era pequeno mas confortável. Eu não sabia se teria que pagar o médico, mas teria que gastar com hospedagem e comida. Precisava de dinheiro. Precisava do meu pai.

- Feliz Natal Pai. - Tentei parecer animada quando meu pai atendeu ao telefone no outro lado da linha.

- Oi Jujuba... - Eu sorri, fazia tanto tempo que ninguém me chamava assim - Tudo beleza por aí? Tudo muito frio?

- Sim, está muito frio. - As lágrimas escorriam pelo meu rosto - Eu vi neve e brinquei com ela.

Eu não conseguia falar sem chorar. Meu pai falou um pouco sobre minhas tias e minha avó, enquanto eu me recuperava.

- Pai, eu estou precisando de dinheiro.

- Quanto?

- Eu não sei ao certo ainda. Eu, eu estou em um hotel e só tenho dinheiro para duas semanas, um mês talvez.

- As coisas com o Ed não estão bem? - Ele deu uma pausa e eu não disse nada - Olha filha, volta  para casa, é melhor. Eu mando o dinheiro para você voltar.

- Desculpa pai, eu não posso voltar tão cedo... Eu nem sei se vou poder ir trabalhar... - Eu comecei a chorar novamente - Me desculpa, pai.

- Júlia... Você precisa voltar ao trabalho em dez dias.

- Pai, eu não posso voltar. Eu estou grávida. É uma gravidez de risco e eu não posso voltar, meu médico me proibiu, ele disse que eu posso perder o bebê e eu estou em um hotel, sozinha. Eu daria tudo para estar em casa, mas eu não posso fazer isso, não posso arriscar pai.

Eu chorava enquanto o meu pai estava no outro lado da linha, sem falar nada.

- Tudo bem, filha. Eu vou te mandar dinheiro. Veja se não fica melhor alugar uma casa, contratar uma pessoa para cuidar de você, se precisar eu mando alguém. Você já falou com sua mãe?

- Ainda não. - Eu respondi baixo - Ela vai me odiar, ela vai odiar esse bebê e ela vai querer me levar para casa, ou melhor, ela não vai mais me querer em casa.

- Tudo bem. Eu vou ver o que eu faço por aqui. Quando eu depositar o dinheiro eu te aviso, filha.

Me despedi do meu pai com um peso a menos  no coração. Eu ia conseguir resolver tudo. Era só contar para minha mãe. Mas agora eu tinha outra missão: achar um lugar permanente para ficar quando eu nem sabia por onde começar.

O choro me fez adormecer. Dormi bem e por mais tempo que esperava. Acordei com alguém batendo na porta. Era a camareira.

- Bom dia... Eu saio em trinta minutos, okay?

Ela sorriu para mim e continuou pelo longo corredor. Eu tomei um banho, logo teria consulta, tinha que arrumar tudo, precisava tomar café. Deus, era muita coisa para fazer.

Eu me arrumei, descansava um pouco antes de sair, e mexia no celular tentando achar uma pista sobre como procurar uma casa para alugar em Londres. Até que alguém bateu na porta. E para minha surpresa, dessa vez, era Stu.

- Vamos. Eu vou te levar de volta.

- Eu não vou voltar, Stu. Me desculpa.

Eu tentei fechar a porta, mas Stu colocou o pé entre ela e forçou a entrada.

- Você tem que voltar, isso não é uma opção para você.

- Stu, você não sabe de nada... Você não sabe de nada que deveria saber para ter uma opinião formada sobre essa situação.

Stu recolhia coisas pela quarto enquanto falava com firmeza.

- Olha a única coisa que eu sei é que isso pode atrapalhar a imagem do Ed... Além de parecer que vocês terminaram quando você está esperando uma criança, ainda vai parecer que ele não se importa com você, vai parecer que tudo que ele já fez por aí é uma mentira se pensarem que ele está maltratando a mãe do filho dele.

- Se é só isso, eu não me importo. Já está na hora das pessoas saberem a verdade sobre o Ed não é mesmo?

- Olha menina... Eu não fiz tudo que fiz pelo Ed todos esses anos para chegar uma menina mimada e estragar tudo. - Stu olhou para mim - Você vai voltar, depois você, Ed e eu vamos resolver tudo. Sem envolver mais ninguém. Sem mídia, sem especulações ou fofocas na internet, okay?

Stu não esperou que eu respondesse, fechou a mala que estava perto da janela, deixando várias coisas para trás e saiu. Eu peguei as coisas que ele não havia pego e apenas o segui.

Stu levou a mala para o quarto e eu estava de volta a pequena e aconchegante casinha exatamente igual à todas as outras da rua, onde o seu dono e meu namorado ou ex namorado (eu nem sabia mais) não me queria. Sentei de volta no sofá, uma cesta com o cobertor com desenhos de coruja estava dentro dela. Meu cobertor de corujinha, meu "kit eu". Cobertor e travesseiro macio. Deitei no sofá. Acordei com barulho vindo da cozinha. Ed estava tomando café.

- Porque você pediu pro Stu ir me buscar? Para eu ficar aqui fazendo papel de idiota?

Ed parou tudo e ficou olhando para mim.

- Ed, - Eu continuei - Eu não aguento mais viver nessa casa com você, sem sequer olhar na minha cara... Eu tentei me apegar a tudo, a qualquer coisa, a qualquer clichê mas... Eu não tenho mais forças Ed. Eu não aguento mais esperar que as coisas vão mudar, que você vá mudar e nada muda... Ed se você me ama, me deixa ir embora...

Ed voltou a mexer nas coisas na cozinha e não respondeu.

- Esse é o problema não é? Você não me ama mais... - Eu queria que ele dissesse que eu estava errada, mas ele não disse - Então porque você não deixa essa namorada que você não ama mais ir embora com um filho que você acha que não é seu?

- Eu já achei uma solução... - Ele olhou para mim por um momento - Eu vou viajar e você vai ficar com com a Cherry.

- Como assim com a Cherry?

- Eu falei com ela no Natal e ela concordou em vir aqui, ficar com você. Eu preciso me afastar disso tudo.

- Se afastar? Você acha que eu não queria me afastar? Mas eu não posso porque tem um ser vivo dentro de mim que toda hora que lembra que eu preciso continuar...

- Isso foi uma escolha sua.

Eu realmente não havia entendido o que ele queria dizer com aquilo.

- Eu nem ao menos conheço a Cherry. - Eu levantei do sofá, me sentando.

- Você não falou que ela te beijou porque é apaixonada por você? Então se aproveita desse dom.

Eu não respondi, voltei a deitar com raiva e então ele continuou.

- Ou... Volta pro Brasil se não estiver de acordo então.

Photograph - Amores Imperfeitos [Ed Sheeran]Onde histórias criam vida. Descubra agora