37 - O Abraço do Ed.

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Eu não conseguia soltar o Benny.

- Júlia, me fala o que aconteceu? - Ele insistiu - Ed! Ed corre aqui...

Eu não sabia se queria que o Ed me visse naquele estado, eu não queria que ninguém me visse daquele jeito, na verdade. Benny se afastou um pouco de mim.

- Júlia o que está acontecendo? - Vi o Ed parado na porta - Ed, vem cá... Júlia cadê sua roupa?

- Eu... - Respirei fundo e encontrei ar entre meus soluços - Eu joguei fora.

Ed entrou no quarto mas permanecia paralisado longe de mim, ele apenas me olhava com uma expressão que eu conhecia bem. A velha expressão de dúvida que eu tive que enfrentar no Jantar de Caridade estava de volta.

- Porque? - Benny me indagou antes de me puxar ele novamente, suas mãos passavam pelas minhas costas e eu conseguia sentir pelo ritmo da sua respiração que ele talvez começasse a entender o que tinha acontecido - Me explica o que aconteceu?

- Andrew... - Eu não conseguia mais falar. As imagens voltavam a minha cabeça sem que eu pudesse pará-las.

- Ai, meu Deus. - Benny tirou sua blusa de frio e passou a mesma pelas minhas costas, eu senti a frio encarar a parte da frente do meu corpo quando o edredom caiu deixando meu corpo a mostra, Benny subiu o zíper da blusa, a fechando e levantou rapidamente me pegando no colo - Ed, a gente tem que levar ela para o hospital.

Conforme eu chacoalhava nos braços de Benny, meu corpo todo doía, em especial minha parte íntima que era espremida pelas minhas pernas enquanto Benny me levava no colo. Estranhamente eu sentia uma cólica forte aumentando. Eu não conseguia parar de chorar.

Benny me colocou dentro do carro e eu percebi que seu braço estava sujo de sangue. O meu sangue.

- Ela está sangrando. - Ele se dirigiu ao Ed que ainda não havia falado sequer uma palavra - Vai com ela aí, e eu dirijo.

Eu ainda chorava silenciosamente quando Ed sentou do meu lado e me abraçou. Um abraço forte, cheiroso e aconchegante que fez eu me sentir a pessoa mais protegida do mundo. Ele colocou minhas pernas de cima das pernas dele e continuou me abraçando. Assim que fiquei um pouco mais calma, olhei diretamente para ele, ele não havia falado nada e continuou assim. Seu olhar me dizia que ele tinha mil perguntas mas ele não falou nada, ele expressou um leve sorriso e me deu um beijo na testa, deixando seus lábios encostados em mim. Isso me acalmou e eu fechei os olhos.

Senti Ed me pegar no colo e percebi que havíamos chegado ao hospital. Assim que o Ed entrou comigo nos braços, um homem, que provavelmente era segurança, veio até nós com uma cadeira de rodas.

- Ed vai com ela, eu vou fazer a ficha... - Ed estava quieto, apenas consentiu com a cabeça e veio até mim. Eu pensava que talvez ele estivesse em estado de choque, mas haviam tantos sentimentos misturados dentro de mim que conseguir formular uma frase era um esforço imenso.

Ed me empurrou na cadeira através de uma porta branca, ela tinha a dobradiça vai e vem que eu gostava, mas o fato de eu estar ali me apavorava, logo uma enfermeira veio até nós com uma maca.

- O que aconteceu com ela? - A enfermeira de pele morena como a minha e cabelos trançados encarava o Ed - Rapaz? O que aconteceu com a moça?

- Eu... - Ele olhou para mim - Eu não sei... Ela estava sangrando muito, então a gente trouxe ela.

- Homens. - Ela revirou os olhos. - Está tudo bem querida, a gente já vai saber o que houve.

Ela sorriu e passou uma das mãos na minha testa, colocando meu cabelo para trás. Deixamos o Ed para trás e ela me levou para um pequeno quarto, onde me ajudou a tirar a blusa do Benny que estava parcialmente suja de sangue e me ajudou a vestir uma roupa branca, típica de hospital.

- Agora você tem que falar para mim o que aconteceu para eu anotar na sua ficha. - Ela sorriu. - A propósito meu nome é Jenna, você pode me contar o que aconteceu?

- Eu... Eu fui estuprada. - Eu falei ainda com a voz embargada.

- Foi um dos caras que está lá fora? Olha você pode nos contar... Está segura aqui. - E enfermeira Jenna sorriu.

- Não, não foi.... O ruivo é meu namorado e o moreno é nosso amigo... - Eu respirei fundo - Na verdade, foi um amigo desse amigo... Eu acho.

- Okay, a Doutora vai vir te ver e eu vou abrir uma ocorrência para você conversar com uma policial. - Jenna saiu e encontrou um mulher baixa e magra perto da porta, elas conversaram por algum tempo e Jenna olhou para mim, em seguida a outra mulher, que eu deduzi ser a médica, olhou também. Depois de falar com Jenna, ela veio séria, mas me deu um sorriso assim que entrou no pequeno quarto.

- Boa Tarde... - Ela pegou a minha ficha que estava grudada na cama - Júlia? Eu sou a Dra. Emma Kurtzman e eu vou cuidar de você, okay? Você falou para a Jenna que foi vítima de estupro, certo? Então vamos examinar você.

Dra. Emma fechou a porta e me examinou por completo, inclusive perguntando se eu tinha machucados.

- Olha, realmente, seu útero está bem machucado, tem muito sangue...Eu vou te receitar um remédio para dor, outro para estancar a hemorragia e volto em uma hora...

Assim que ela saiu do quarto, vi a enfermeira e um policial e lá vinham mais perguntas. A enfermeira colheu amostras do útero, provavelmente sêmen, a policial pegou meu depoimento e assim que eu falei que arranhei o Andrew, a policial pediu para a enfermeira pegar amostras debaixo das unhas. Assim que terminamos, Jenna trouxe remédio e uma bolsa de soro.

- Isso vai fazer você descansar, tudo bem? - Ela sorriu e eu assenti - Agora tem um ruivo bem desesperado lá fora para falar com você.

Ela fez um carinho em minha mão e saiu deixando a porta aberta. Logo entrou um Ed retraído e de olhos triste. Já vi que a enfermeira Jenna não era boa com decifrar reações, uma vez que Ed não me parecia em nada desesperado para falar comigo.

- Júlia... - Ele olhou para o chão, respirou fundo e depois olhou para mim - O que aconteceu?

- Foi o Andrew... - Eu limpei algumas lágrimas que começaram a cair - O Andrew me estuprou.

Photograph - Amores Imperfeitos [Ed Sheeran]Onde histórias criam vida. Descubra agora