Photograph - Amores Imperfeitos [Ed Sheeran]

61 - Vídeos Antigos.

Eu pensava no Ed, todos os dias. Eu pensava onde ele estaria, o que estaria fazendo e quando voltaria. Pensava se ele sentia saudades e se um dia poderíamos voltar a ser como eramos, antes de toda essa confusão. Queria que ele estivesse aqui para tomar chá comigo, me abraçar e ver a neve cair pela janela e se amontoar no telhado.

Naquele momento alguma coisa veio a minha cabeça com "... dark in a cold december..." e eu comecei a cantarolar essas palavras. Matt olhou para mim e sorriu. Ele sabia que eu sentia falta do Ed.

A neve tinha dado uma trégua. A chuva caia fina. As calçadas ainda estavam escorregadias e eu estaria no chão se fosse Matt me segurar, me impedindo de cair.

- Ah! Meu héroi. - Ri

- Sempre sou. - Matt piscou - O que você acha de chocolate quente? E filmes?

- Românticos? Visitar o castelo me deu uma nostalgia boa. Sabe quando a gente é criança e acredita que tudo vai dar certo...

- Mas vai dar. Você vai ver. - Matt me olhou sorrindo - Não vou deixar você cair.

- Literal ou metaforicamente falando? Bom pelo menos não foi dessa vez que eu cai no chão gelado e nem que a neve caiu direto na minha cara.

Entramos rindo, demos de cara com a Im e o John com cara de "ué".

- Tudo bem? - Matt e eu ficamos sérios enquanto ele continuava - Parece que alguém morreu.

- Morreu... Minha vontade de viajar morreu. - John respondeu - Estou com um netinho a caminho, preciso ficar mais em casa, mais perto. E por esse motivo, tirei férias, a gente vai jantar fora...

John nos olhou de cima a baixo, mas não teve tanta coragem quanto Im, que logo indagou:

- Vocês estão imundos... Onde estavam? Rolando na terra?

- A gente foi no castelo da colina, mãe. - Matt disse já subindo as escadas.

- Velho hábitos nunca morrem não é Matthew Sheeran. E ainda leva a Júlia para ajudar.

Eu arregalei os olhos.

- Mães são sempre mães e eu estou levando uma bronca?

- Claro. Já pro banho, os dois.

- Você quem manda. - Eu subi de fininho tentando não rir.

Eu estava ali levando uma bronca da minha sogra porque cheguei da rua com a roupa suja de terra... Que tempos. Minha barriga já estava bem saliente, parecia que eu tinha comido demais no almoço e ficado com pancinha, mas eu já sentia a pancinha tremer e as vezes era entranho como tinha sensação que era um aquário com um peixinho nadando dentro de mim.

O jantar foi um verdadeiro jantar em família. Matt pediu seu prato favorito e me fez comer também. A salsinha era apimentada, o purê era sem gosto e as erviilhas...

- Gente, como isso é o prato mais popular aqui? Alguém traz meu peixe com fritas, por favor.

- Você vem no meu país, fala mal da minha comida...

- Pareço até americano indo pro Brasil.... Desculpa.

- Ódio de americanos? Temos por aqui?

- Não, só ódio de gente babaca.

- Americano babaca então...

E ali estávamos nós em mais uma conversa aleatória que não levaria a lugar nenhum, a não ser a constatação que eramos loucos.

Logo após o jantar, voltamos para casa no banco de trás e Matt não parava de tagarelar um segundo.

- A gente tem que fazer alguma coisa amanhã... Quando for verão, você não vai poder sair de casa, a gente tem que aproveitar pra sair agora.