Emily Pan🌟 #1 - De Volta à Terra do Nunca ☄️ COMPLETO < (1° FASE da Série)

Capítulo 7 - Um Presente

Emily

Minha voz estava voltando aos poucos, mas eu preferia não forçar muito, pois estava mais rouca do que... É, acho que não existe nada para se comparar ao meu estado que não seja outra pessoa rouca (risos). Dormi praticamente nada durante a noite, claro, depois de praticamente vinte e quatro horas dormindo, quem é que conseguiria?

Após contar para minha mãe quem eu queria chamar para o almoço na casa da vovó, peguei meu livro para ler e passar o tempo. Aproveitei que não estava mesmo com sono e devorei a história. Há dias eu não conseguia ter um momento para leitura, era a chance que precisava.

Terminei de ler inspirada com as histórias do arqueiro bandido, pensando se um dia viveria uma aventura assim. É como se houvesse um vazio dentro de mim que eu não conseguia explicar. Não acho que a vida seja apenas, crescer, escola, universidade, trabalhar, casar e ter filhos. No fundo, sempre quis crescer, mas para ter minha liberdade de poder viajar e conhecer o mundo afora. Me aventurar no desconhecido, ser por fim útil para alguma causa importante que não fosse na guerra. Em Londres as coisas estavam meio tensas, havíamos acabado de sair de uma guerra e outra parecia se aproximar por todo o mundo e vivíamos em constante medo de que a qualquer momento nossa cidade ou nossas casas virassem cinzas. Quem é que poderia entender a ambição e a ganância humana? A que ponto o mundo pode suportar tudo isso? Talvez aqueles que desejam tanto o poder, saibam a resposta.

Encontrava-me sentada no jardim da casa Darling, olhando para o céu nublado que parecia prenunciar uma tempestade daquelas. Minhas primas, Alice e Mary, brincavam com suas duas amigas que elas trouxeram do outro colégio em que estudavam. Meu tio João ainda não havia chegado à festa e eu me perguntava quem John ou Elena trariam para o almoço. Da Elena boa coisa não seria, já o John era imprevisível. Nestes últimos dias mal conseguimos conversar, tudo tem sido um caos na minha vida e ele não era o tipo que se ligava muito as outras pessoas também, quer dizer, às vezes.

Esperava que nessa reunião pudéssemos trocar umas ideias, principalmente sobre quais teorias ele tinha sobre o desaparecimento de Violet. Que a este tempo não tinha uma pessoa na cidade que não soubesse do acontecido, talvez ele tivesse ouvido algumas histórias. Mary, uma das gêmeas, veio até mim e me chamou para brincar com elas de pular corda. Eram em torno de dez da manhã, o almoço ainda demoraria e eu não fazia ideia se Henrique seria mesmo louco de vir. Ainda mais sendo chamado assim de última hora.

Mais cedo, quando meu pai fora comprar alguns pães, ele prometeu passar na casa da família do Henrique para convidá-lo, a resposta que ele tivera era de que Stuart iria sim e que chegaria próximo à hora do almoço. Então, talvez, estive cedo ainda para me preocupar com isso. Do jeito que Stuart era, só apareceria mesmo na hora que a comida estivesse sendo servida.

Minha priminha acabou me convencendo a brincar com elas. Enquanto eu e Alice batíamos à corda, Mary e Anastásia, esta, amiga de umas delas, pulavam com uma energia que só mesmo crianças podiam ter. Elas revezavam entre elas assim que alguém pisava na corda. Fiquei por algum tempo apenas batendo, até que por fim cansei e pulei também.

Caramba! Eu estava mesmo sedentária, precisava voltar urgentemente a fazer alguma atividade física no colégio. Pulei o que não duraram dois minutos e fiquei super ofegante, jogada ao chão sem conseguir me levantar, por outros dois minutos. As meninas riram de mim e continuaram a pular. Levantei-me e sentei no banco de madeira do jardim novamente. Tédio me consumia, decidi ir até a cozinha ver se precisavam da minha ajuda.