48 - CENA 4

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Olha o Play !

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— Olha só o que temos aqui. Dois meninos perdidos — disse alguém atrás de nós.

Meu susto foi tão grande que me levantei num sobressalto e me virei para ver quem tinha falado conosco.

John estava pálido, completamente petrificado olhando para o sujeito e para a sua irmã.

— Encontrei essa daqui tentando fugir — disse o pirata.

Era um homem banguela e estava com Elena, amordaçada. Os braços dela estavam presos nas costas e suas pernas imundas de lama. Ele a puxava pelos cabelos enquanto ela tentava fugir.

Olhei para a minha prima na tentativa de avisá-la para não se mover. Pois eu daria um jeito de salvá-la.

Doce ilusão.

Aquilo que achávamos ser o monstro ou monstros do lago eram navios que se aproximavam da margem. Eram várias embarcações, imensas e com velas negras que fazia qualquer um se arrepiar de medo.

A bandeira pirata, famosa pela caveira estampada, estava no mastro. Ela começou a ficar mais visível na medida em que os "monstros" de vela se aproximavam e a neblina cessava. Os céus estavam repletos de outros navios que guerreavam entre si, atirando um nos outros com canhões. Isso explicava as explosões, os "relâmpagos" e a fumaça.

John não sabia se desmaiava ou se corria. E eu temia que não tivéssemos saída, não dessa vez.

Elena era sempre a isca e eu o possível o alvo. Algumas coisas que o meu pai me disseram começaram a fazer sentido. Mas chacoalhei a cabeça para afastar os meus pensamentos absurdos e me concentrei no que precisava fazer.

Quando me movi para atacar o pirata, alguém me puxara por trás e segurara os meus braços com força.

— Achou mesmo que ia ficar barato dessa vez, mocinha?

— Você de novo?

Era o mesmo garoto que eu vira no baile, o que usava um gancho no pescoço.

— Afinal, quem é você e o que quer comigo?

— Pensei que seu pai já tivesse lhe contado tudo a essa altura.

— Meu pai?

— Mas você é uma garota bastante teimosa, não é mesmo? É capaz de morrer para provar que não está errada.

— Pelo amor de Deus, nos deixem ir. Já não foi o bastante todas aquelas mortes que vocês causaram em Londres? E agora vieram para Escócia também? — interveio meu primo finalmente se recuperando do susto.

— Não perca seu tempo implorando Johnny, ele não vai dizer nada. Tudo o que ele quer é ver sangue e sofrimento — respondi.

— É ai que você se engana. Eu quero sim esclarecer algumas coisas, tem sido bastante chato esse joguinho já. Preciso que saibam o porquê de estarem sendo perseguidos, vai tornar tudo um pouco mais interessante.

— Do que ele está falando, Emily?

— Se for o que eu estou pensando, não é nada bom!

— Você o conhece? — questionou meu primo completamente perdido.

— Não! Quer dizer, ele era um dos piratas que atacaram o baile.

— Disso eu sei, estou perguntando o que é que você sabe que eu e a Elena não sabemos.

— Era isso que eu queria contar a vocês. Por isso decidi fugir...

— Anão, vamos parar com esse melodrama e essa conversinha fiada. Agora é a minha vez de falar.

Ele me jogou sobre a grama, na qual caí de joelhos e com as mãos no chão na tentativa de proteger o meu rosto.

Ele esfregou suas mãos como se tivesse se livrado de um bicho e segurou o seu gancho que brilhava com a luz que refletia do céu.

— Estão vendo isso aqui?

— Um gancho? Nossa que extraordinário! — disse meu primo revirando os olhos. — Vai usá-lo para rasgar as nossas tripas?

— Garoto debochado você hein? Talvez você me seja útil afinal.

Os navios se acumulavam cada vez mais no lago e outros entupiam o céu a nossa volta. Era como se todos os piratas do mundo estivessem ali, prontos para uma guerra de verdade.

— Mas chega de enrolação, deixe-me contar logo o que quero com vocês e partiremos antes que aquela vadia apareça. Se bem que acho que ela já está aqui — falou fitando o céu a procura. — Pois então. Esse gancho é um símbolo usado pela minha família. Aliás, o meu nome é Liam Gancho, filho do melhor pirata de todos os tempos: o Capitão Gancho.

O outro pirata que estava com a Elena tossiu com o que o Liam tinha dito. O mini Senhor Gancho não deixou barato, meteu um chute na canela do capanga.

— Continuando... É um enorme prazer finalmente poder me apresentar aos filhos dos maiores inimigos do meu pai — falou fazendo uma leve reverência.

— Inimigos? — John estava confuso.

— Você só pode estar de brincadeira! Nada daquela história é verdade!

— Tem certeza, princesa? Já não tem provas suficientes para acreditar que o que seu pai lhe contou é verdade? Olhe para cima, onde você encontraria navios voadores nesse mundo?

As vezes encarar a verdade é mais difícil do que imaginamos. Se era tudo real o que meu pai tinha me contado, então não sairíamos dessa vivos.

John me olhava com desespero, devia estar em choque assim como fiquei quando soube, mas ao contrário de mim ele não teve oportunidade de ouvir toda a história direito e provavelmente não entendia absolutamente nada do que estava acontecendo. Elena por outro lado parecia mais tranquila ou então só estava tentando sobreviver, pois havia uma faca afiada apontada para o seu pescoço.

— Voltando ao assunto... Estou no meio de uma guerra neste exato momento com aquela piranha que vocês tiveram o prazer de conhecer aquele dia do baile. E ela quer vocês tanto o quanto eu quero. Para quê eu ainda não sei, pois o que eu quero é a doce e prazerosa vingança. Quero mostrar para o meu pai que sou capaz de destruir toda a família Pan e recuperar a honra dele.

— Vingança? Isso tudo por conta de uma vingança idiota causada por uma rixa dos nossos pais? O quão adestrado você é? — provoquei.

— Você se acha muito esperta, não é mesmo Pan? Assim como o seu pai se achava...

— E quem foi que se deu bem no final mesmo?

— Eu não sou o meu pai!

— E nem eu sou o meu.

Um brilho parecido de um vaga-lume veio em nossa direção e parou no ouvido do Gancho.

Espera! Aquilo não era uma vaga-lume...

Era uma fa....

FADA?

Emily Pan🌟 #1 - De Volta à Terra do Nunca ☄️ COMPLETO < (1° FASE da Série)Onde histórias criam vida. Descubra agora