- Não é nada, Tom. Não é nada.
Por um breve momento pensei que ela diria que gostava de mim. Eu não pensaria duas vezes antes de dizer que também estava sentindo algo muito gostoso por ela, e não é tesão. Essa mulher, mesmo sendo cabeça dura, é alguém que tem me passado um conforto incrível. Eu não sentia isso há tempos. Eu ouvi por muito tempo que se a gente parar de procurar, o amor acaba nos encontrando. Eu estava evitando me apaixonar, ninguém estava merecendo isso. Confesso que ainda não sei se a Helena merece, mas se ela continuar assim, eu vou acabar tendo certeza de que ela é a pessoa certa para ouvir tudo que eu tenho para falar sobre um suposto amor. Eu sei que somos diferentes. Ela é estressada, da baixada, festeira, cheia de amigos e leva tudo na brincadeira. Eu, por outro lado, sou de uma calmaria linda. Raramente eu me estresso com alguém, mas quando me estresso, pode sair da minha frente porque a casa vai cair. Nós somos muitos diferentes mesmo, mas eu já ouvi dizer que não se monta um quebra-cabeças com peças iguais. Nós ficamos na varanda e admiramos cada detalhe do amanhecer. Eu percebi que ela me encarava bastante e isso me alegrava demais.
- Satisfeita? Precisamos dormir.
- Você reparou que a Rosa estava acordada em plena madrugada? O que será que ela estava fazendo?
- Nem quero imaginar, Helena. Vamos nos deitar.
Fomos até o quarto e nos deitamos. Ela encostou a cabeça em meu peito e subiu uma das pernas sobre a minha. Senti que ela estava nua e, quando passei a mão em seu íntimo, ela abriu um sorriso de safada.
- Isso por que não queria me seduzir?
- Eu não disse que não queria.
Na mesma hora beijei em sua boca, rolando para cima dela e levantando a blusa da mesma. Ela colocou as mãos por dentro da minha camisa e me arranhou.
- Você está me devendo dois orgasmos.
Sorri brevemente e tornei a beijá-la novamente. Todo o cansaço que, por mais que negássemos, estava em nós sumiu em questão de segundos. Ela tirou minha roupa aos poucos e, quando menos esperei, já estávamos totalmente despidos. Não foi como todas as outras vezes, pois dessa vez fizemos amor, e não um breve sexo. Eu senti uma energia incrível em meu peito, aquilo com certeza era paixão e isso me assusta. As borboletas em meu estômago se agitaram por um instante e eu estava em cima do muro com toda aquela situação. Eu não queria estar apaixonado, mas eu queria que ela estivesse por mim. Eu queria sentir a sensação se ser amado, mas não quero ter que amar e me decepcionar novamente. É bem complexo, só quem vive o que eu sinto vai conseguir entender. Nosso corpo permaneceu totalmente colado o tempo inteiro. Beijos molhados e lentos não paravam de surgir e nós ficávamos alguns segundos sem ação, nos encarando, quase toda hora. Eu via em seus olhos a paz que procuro há anos, é inacreditável. Quando estamos contra a parede podemos olhar para trás, para os últimos anos, e ver exatamente onde perdemos várias oportunidades de obter paz e calmaria através de um amor tranquilo. Eu sempre repeti as mesmas palavras para mim mesmo. Eu "iria" fazer algo. Eu "queria" ter feito algo. Eu "poderia" ter feito algo. Essas palavras sempre serviram para que eu confortasse o meu enorme ego. Eu sempre apontei dedos e culpei os outros pelo meu fracasso amoroso. A culpa sempre foi de alguém ou de algo. Até meus falecidos pais já receberam culpa de algo que é de total responsabilidade minha. Eu não posso deixar a Helena escapar, mas também não posso me entregar tão facilmente. Parece algo simples, mas não é. Não é só chegar e sair cuspindo palavras amorosas como se aquele fosse seu último dia de vida. "Eu te amo", hoje em dia, está sendo mais usado que um "bom dia". O ser humano não está sabendo diferenciar palavras de atitudes e isso faz com que percamos nossa essência. Mesmo sem palavras cuspidas da boca da Helena, vejo que ela se preocupa, se importa e que faz sempre questão de me ter por perto. Isso é gostoso de sentir, mas traz o medo junto. Eu sei que a culpa não é dela e que não posso descarregar todo o meu rancor em alguém que chegou agora.
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O amor que encheu a barriga
RomancePLÁGIO É CRIME! Thomas é um jovem de 25 anos, de pele parda e com cabelos castanhos que combinam com seus olhos cujos cílios são longos e atraentes. Seu maxilar bem desenhado dá um contexto maior aos lábios que, por sua vez, são pequenos e miste...