Capítulo 51 - Thomas

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- Do que as dondocas estão falando de tão importante que não posso saber? - Perguntei batendo a mão esquerda sobre a porta enquanto a direta segurava a carta de meu pai.

- Já estamos saindo, Tom. - Gritou Ben, com uma voz totalmente diferente.

Ambos saíram do quarto e Isabel encarava Benjamim o tempo todo.

- Tom, podemos conversar? - Perguntou Ben.

- Eu adoraria, princesas, mas preciso resolver umas coisas.

- É sério, cara.

- E eu estou rindo?

Dobrei a carta em três partes e coloquei no bolso da frente da minha bermuda. Coloquei meus chinelos e corri para o elevador. Quando as portas estavam se fechando, duas mãos masculinas impediram-a.

- Você é muito chato, Ben.

- Nós vamos conversar.

- O que é tão importante?

- Vamos para um local melhor.

- Não, diga.

- Não!

- DIGA!

- NÂO, THOMAS! AQUI NÃO!

- ANDA, ABORTO! FALA!

- A HELENA ESTÁ COM OUTRO, PORRA!

Me subiu um arrepio dos pés à cabeça e meu olhos encheram de lágrimas no mesmo instante. Benjamim abaixou a cabeça com o semblante triste e virou o corpo na direção da porta do elevador. Eu fiquei encarando ele por uns segundos sem deixar minha ficha cair. A porta do elevador se abriu e ele saiu, me olhou e percebeu que eu estava estagnado na mesma posição.

- Vamos, cara.

Saí pela porta e ele passou o braço direito sobre meu pescoço, me arrastando com ele.

- O que está fazendo?

- Vamos beber! - Afirmou Ben.

Àquela altura eu não queria mais saber de nada. Apenas concordei com a cabeça sem piscar os olhos que estavam voltados para o nada, deixando transparecer todos os meus pensamentos aleatórios. Ben me levou até um quiosque perto do bar onde eu e Helena nos esbarramos pela primeira vez.

- Porra! Você quer me destruir?

- Claro que não, por quê?

- Nada! Esquece!

Benjamim acenou para o rapaz do quiosque e o mesmo trouxe uma garrafa de whisky.

- Eu não sabia que aqui vendia whisky. - Disse eu.

- Não vende. Sou um cliente especial.

- Você está comendo o dono do quiosque?

- Nem triste você perde o senso de humor ridículo?

Soltei leves risadas forçadas enquanto bebia o whisky feito água.

- Acho que foi um erro te trazer aqui.

- Por quê? - Perguntei enquanto entornada o terceiro copo.

- Eu preciso ir. O dever me chama.

- Quem é você? O batman?

- hahaha.

Benjamim levantou, ajeitou a arma que estava na sua cintura e entrou no carro. Fiquei parado ali com uma garrafa cheia de whisky. Não demorou muito para a garrafa acabar e eu pedir outra. O cara do quiosque disse que Benjamim havia deixado quatro garrafas ali para caso de emergência. Eu acho que isso é uma emergência. A madrugada chegou em um piscar de olhos.

O amor que encheu a barrigaOnde histórias criam vida. Descubra agora