Passamos a noite em claro, observando meu amigo e nos conhecendo melhor. O Nome da mulher que o acompanhava é Isabel, e o nome da esquentadinha é Helena. Não perguntei diretamente, mas ouvi a Isabel chama-la. É um bonito nome, confesso, mas não vou ficar aqui elogiando para perder postura diante dela e parecer fraco. Nós nos encarávamos bastante e quase surtávamos quando a Isabel saía do quarto para fazer algo. Ficávamos em silêncio, olhando um para o outro, sem saber o que fazer, falar ou pensar. Tudo era muito tenso. Eu estava deitando na poltrona de acompanhante e as moças estavam lá fora. Ouvi um barulho enquanto tentava cochilar, era o Benjamim tentando falar algo. Eu me desesperei e tirei a máscara de oxigênio com cuidado.
- Bom dia, peneira. Como você está?
- Estou bem, eu acho.
Sua voz falhada apertou meu coração, tudo aquilo estava sendo difícil para mim, mas eu sei que está sendo muito mais difícil para ele.
- Onde ela está?
Seus olhos brilhavam ao perguntar.
- Isabel?
- O nome dela é Isabel? É tão lindo quanto ela.
Eu não acredito que esse cara já estava apaixonado por outra mulher, como ele consegue? O amor está sempre nos machucando, nos fazendo de palhaços. Eu não creio que seja saudável se render tão fácil a esse sentimento tão difícil. Nós temos muito que viver, muito que fazer, não podemos perder tempo se entregando de corpo e alma para alguém que, uma hora ou outra, vai te dar um pé na bunda. Cada detalhe do rosto dele mudou quando ouviu o nome dela, isso é ridículo. Algo abstrato que nos faz parecermos idiotas infantis não pode ser levado a sério. Me levantei e fui em direção à porta.
- Vou chama-la.
Saí do quarto e vi as duas moças conversando. Chamei Isabel e pedi para que ela fosse até o Bem pois o mesmo estava todo contente mesmo depois de ter tomado um tiro. Ela saiu sem pestanejar e me deixou sozinho com a esquentadinha. Eu e ela nos encaramos por alguns segundos até que ela resolveu abrir a boca como se fosse falar algo. Mas desistiu. Fez um sinal negativo com a cabeça, me olhou com deboche e saiu andando para fora do hospital. Eu sei poucas coisas sobre essa mulher, nada me agrada. Somos diferentes, água e vinho. Voltei para o quarto e atrapalhei o suposto casalzinho.
- Ben, preciso ir.
- Por quê?
Percebi que Helena estava voltando e prestando atenção na conversa.
- há pessoas nesse local que não me agradam.
- Não seja infantil, Thomas!
- Olha para você, sou eu quem parece uma criança, Benjamim?
- Tudo bem, cara. Obrigado por ficar aqui.
- Até mais, amigo.
Olhei dentro dos olhos da esquentadinha e deixei que ela sentisse todo o desgosto que havia neles. Ela riu sarcasticamente e acenou para mim. Dei as costas e sai do hospital, indo em direção ao meu carro. Liguei para a rosa e expliquei tudo que havia acontecido, ela ficou espantada e preocupada, mas agradeceu a Deus por tudo estar bem, agora. No caminho de casa, resolvi parar no Burger King para comer algo diferente do cotidiano. Me irritei ao entrar naquele estabelecimento, em todo lugar que eu olhava havia um casal feliz e sorridente. Não é possível que não estejam enxergando a dimensão do problema? Estamos vivendo crises em nosso país, temos problemas pessoais infinitos para resolver e milhares de motivos para sermos infelizes. Não podem simplesmente encontrar alguém que seja do sexo oposto e sorrir como se nada estivesse acontecendo, pois está! Meu celular começou a tocar, era o Ben. Será que algo de ruim aconteceu?
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O amor que encheu a barriga
RomancePLÁGIO É CRIME! Thomas é um jovem de 25 anos, de pele parda e com cabelos castanhos que combinam com seus olhos cujos cílios são longos e atraentes. Seu maxilar bem desenhado dá um contexto maior aos lábios que, por sua vez, são pequenos e miste...