Capítulo 9 - Thomas

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Depois de uma noite satisfatória, resolvi ligar para o Benjamim. Havia me esquecido que ele age como se fosse meu pai. Peguei o celular e tinha quase trinta ligações perdidas dele; liguei.

- Por onde você andou, seu retardado?

- Benjamim, não somos mais crianças. Você não precisa ficar tão preocupado assim. Tive uma bela noite com uma bela moça.

- Ok! Qual é o nome dela? Que bom que você está vivendo. Também tive uma noite bacana, porém estranha.

- O nome dela é...

- Transou com uma mulher sem saber o nome, Tom?

- Me conta, como foi sua noite?

Precisei mudar de assunto, ele parece uma mulherzinha quando inventa de dar sermões sobre todos os assuntos.

- Um casal estava brigando feio, na escada. O rapaz estava a ponto de agredir a esposa e eu agi. O problema é que ela nem me agradeceu, ainda foi ignorante.

- Que loucura! Bom, vou embora, preciso tomar um belo banho e estudar.

Faço faculdade de advocacia, pretendo ser um dos melhores advogados aqui, do Rio de Janeiro. Falo alemão fluentemente e estudo ciências políticas. Acho que não tenho tempo para tanta besteira que o Benjamim propõe. Afinal, ele já é policial e a família dele deixou uma bela herança. Cheguei em casa e fui tomar um banho na banheira. Coloquei Jazz para tocar, eu amo Jazz. Rosa está preparando o almoço, vou fazer companhia para ela após o banho. Assim que acabei, me arrumei e sentei na cozinha com ela.

- Olá!

- Oi, Tom! Como você está?

- Me sentindo como se apenas existisse.

- Ah! Não diga isso, meu filho. Acho que o seu problema é a ausência de uma bela moça. A ausência de um amor.

- Não venha com esse papo, Rosa. Amor não enche barriga e nunca vai encher. Não preciso ninguém.

- Tudo bem, não quis ser invasiva.

A Rosa me irrita sempre que toca nesse assunto, então, ela tem me irritado quase todos os dias. De onde ela tira que eu preciso de alguém? Não preciso. Vou provar que não. Peguei meu celular e liguei para umas pessoas. Quis saber o que haveria de bom à noite. Me indicaram uma boate não muito longe daqui. Separei todas as minhas roupas, lavei meu carro e me preparei para provar a Todos que não preciso de ninguém para me divertir ou para qualquer outra coisa. Quando a noite chegou, me arrumei e coloquei meu melhor perfume. Entrei em minha Mercedes e liguei o som em um volume alto o suficiente para que todos que estavam ao redor olhassem para mim e vissem como estou feliz sozinho. Segui em direção à boate quando, do nada, perco a atenção no volante ao resolver mexer no celular e escuto gritos.

- VOCÊ ESTÁ ME SEGUINDO, SEU DOENTE? QUASE ME ATROPELOU, VOCÊ É MALUCO?

Aquela voz me tranquilizava e me irritava ao mesmo tempo, fiquei alguns segundos parado sem saber o que fazer, até que aquela insuportável barraqueira veio até meu carro e bateu no capo. Minha vontade era de agarrá-la ali mesmo e transar em cima do meu carro, mas tive que manter a postura, não posso abaixar a cabeça para essa desnivelada.

- Você é retardada? É a segunda vez que entra na frente do meu carro sem prestar atenção e eu que sou maluco? Não toque em meu carro, ele compra três casas da sua.

- Você é um imbecil! Engula seu dinheiro, isso não tem significância.

- Não? Dinheiro não pareceu ser sem importância quando entrou naquele prédio o gringo estranho.

- ESTÁ ME CHAMANDO DE QUÊ, HEIN?

Aquela favelada começou a estapear meus peitos. Eu comecei a dar risadas e voltei para o meu carro. Pisquei os faróis para que ela olhasse para mim e logo em seguida pisquei um dos olhos para ela. Consegui realmente desbancá-la. Espero nunca mais vê-la.

O amor que encheu a barrigaOnde histórias criam vida. Descubra agora