- Não somos namorados.
Respondemos ao mesmo tempo enquanto víamos Rosa sair do quarto dizendo que arrumaria toda a bagunça. Eu e Helena permanecemos ali até que adormecemos. passamos quase dois dias em perfeito entendimento. Eu não fiz mais nenhuma infantilidade para irritar ela e a mesma permaneceu calma. Não parecia a Helena, tudo estava perfeito. Amanhã começa a aula na faculdade e nada será como antes. Ela dará cor àquela universidade. Finalmente sentirei prazer em ficar naquele lugar. Era noite, Helena estava pronta para dormir até que alguém bateu na porta. Rosa foi até lá e reparei, de longe, uma palidez invadir sua aparência.
- Rosa, quem é?
Ela se virou para mim devagar e começou a gaguejar.
- Diga, Rosa!
Antes que ela pudesse responder, uma mulher loira, de olhos pretos e unhas cumpridas tomou a frente da Rosa. Ela carregava uma criança em seu colo.
- Olá, Tom.
Minhas pernas bambearam, minha voz embargou, minha vista se expandiu e um filme passou em minha cabeça. Todo o sofrimento do passado rodou como se meu cérebro fosse uma tela de cinema. Dei dois passos para trás enquanto passava a mão sobre minha própria cabeça.
Helena percebeu a movimentação e foi até a cozinha. Quando a viu, não perdeu tempo em perguntar.
- Quem é você? Tom, quem é ela?
Eu não tinha muito o que falar. Um ódio tomou todo o meu corpo.
- O que você faz aqui? (perguntei indo em sua direção)
- Nós precisamos conversar!
- EU NÃO TENHO NADA PARA FALAR COM VOCÊ, CAROLINE.
Helena arregalou os olhos e começou a ligar os fatos. Percebeu que aquela foi minha primeira paixão. Minha pior paixão. Ela estava nítidamente assustada pois nunca havia me visto exaltado dessa forma.
Rosa pegou na mão de Helena e a afastou de mim e daquela sem escrúpulos.
- Por que você está gritando, Thomas? Vai assustar o seu filho.
Ela disse isso antes que eu pudesse gritar novamente. Meus olhos ficaram do tamanho do meu rosto e, quando olhei para Helena, a mesma havia acabado de desmaiar nos braços de Rosa.
- Meu o quê?
- Precisamos conversar, Thomas.
Fiquei aproximadamente 20 segundos olhando aquela criança. Olhei brevemente para Rosa e ela disse:
- Vá, Tom. Eu cuido da Helena.
Concordei e atravessei a porta sem ao menos esperar que Caroline me seguisse. Ela veio rapidamente atrás de mim e fomos até um quiosque, na praia. Nos sentamos e ela começou a falar.
- Então, Tom, você está lindo. Vejo que o tempo fez bem a você.
- Não tenho tempo para encher linguiça, Caroline.
- Tudo bem.
- Fale!
- Assim que terminamos, descobri a gravidez do Dudu.
- Por que não me contou na época?
- Você não queria me ver nem pintada de ouro, como queria que eu aparecesse com uma criança na barriga?
- Quantos anos ele tem?
- sete.
Fiz as contas na cabeça e realmente bate. Tínhamos 18 anos quando essa vagabunda me largou. Hoje estou com 25.
- O que você quer? Pensão?
- Não, Tom. Eu quero me acertar com você.
- Fora de cogitação. Estou bem com Helena.
- Aquelazinha lá? Pelo amor de Deus. Ela não se parece nada com você.
- Mas ela não fez o que você fez. Antes diferente do que puta.
- Tom, me desculpe.
Levantei e dei as costas até que percebi que ela estava novamente me seguindo. Lágrimas corriam em seu rosto e meu coração não parava de acelerar. Acho que ainda restou sentimentos, eu não sei como explicar. Não posso me render a isso, eu não posso viver tudo de novo.
- Tom, espera!
Tornei a me virar para ela e a mesma me abraçou. Meu filho, digo, a criança parou bem ao nosso lado sem parar de me encarar. Aos poucos fui cedendo e a abracei, também.
- Eu senti saudade.
- Você é, até hoje, meu pesadelo, Caroline.
- Eu te entendo. Aqui está meu endereço. Apareça lá se quiser conversar melhor.
Ela colocou o papel no meu bolso e eu dei as costas novamente. Segui até meu apartamento e Helena estava no sofá, olhando fixamente para a parede. Entrei, enchi um copo com água e fui até a varanda. Fiquei olhando para o mar enquanto minha mente gritava por socorro.
Helena se aproximou e disse:
- Temos que conversar.
- Estou farto de conversas por hoje, Helena.
- Para a mãe do seu filho você teve tempo.
- Você quer mesmo discutir?
- Eu quero conversar!
- Mas eu não quero!
- Você não precisa ser um idiota, Thomas. Que droga! Passamos por muita coisa e, quando finalmente tivemos um dia repleto de paz, outro problema acontece.
- SÓ QUE O PROBLEMA TEM SETE ANOS. NÃO É TÃO SIMPLES.
- E QUE CULPA EU TENHO, SEU IMBECIL?
- VOCÊ ESTÁ ENCHENDO O MEU SACO!
Helena se calou, me olhou e deu as costas. Arrumou sua bolsa e bateu a porta. Eu não corri atrás, não tinha cabeça. Passei a noite em claro, procurando uma solução para tudo que estava acontecendo. O celular despertou, alertando que estava na hora de ir á faculdade. Vesti uma roupa social e fui, com a barba mal feita e olheiras, até o carro. Entrei no mesmo e segui até a faculdade. Helena estava sentada e, quando me viu, abaixou logo a cabeça e permaneceu em silêncio. Eu não fui até ela e ela não veio até mim. Passamos o dia em silêncio absoluto sobre nós. Não consegui prestar atenção em nada do que estava acontecendo dentro da sala de aula. A ideia de ter um filho de sete anos balançou completamente a minha cabeça. O que eu vou fazer agora?
Resolvi sair de sala e ligar para o Ben.
- Fala, Tom.
- Preciso falar com você.
- Que voz é essa? O que houve?
- Pode vir aqui?
- Onde você está?
- Na faculdade.
Ben desligou o celular e, após 10 minutos, estava plantado ao meu lado. Desabei em lágrimas e ele permaneceu em silêncio, sabia que devia esperar eu acabar de ser destruído. Chorei por mais de 5 minutos até que ele disse:
- Certo, homenzarrão. Está na hora de encarar a realidade. O que houve?
- Caroline.
- Sua primeira namorada? O que tem ela?
- Apareceu lá no apartamento com o meu filho.
- Seu o quê?
- Meu filho, de sete anos.
Benjamim ficou feito uma estátua, me encarando assustado. Tenho certeza que minha vida vai entrar em decadência novamente. Eu não sei se terei pulso firme dessa vez. Estou em meio ao caos.
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O amor que encheu a barriga
RomancePLÁGIO É CRIME! Thomas é um jovem de 25 anos, de pele parda e com cabelos castanhos que combinam com seus olhos cujos cílios são longos e atraentes. Seu maxilar bem desenhado dá um contexto maior aos lábios que, por sua vez, são pequenos e miste...