Capítulo 49 - Bônus Isabel

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- O que está acontecendo, Thomas? - Perguntei enquanto abria os braços.

- É ISSO, ISABEL! É ISSO!

- Isso o quê, seu retardado?

Thomas, sem me responder, levantou e correu até o quarto do Ben. O seguimos e o vimos mexendo nas gavetas, jogando todas as roupas no chão.

- O que está fazendo, maldito? Espero que arrume tudo isso. - Disse Ben, enquanto apontava a palma das mãos para as cuecas que eram arremeçadas rapidamente para fora de seus lugares.

- Onde está sua pistola? - Perguntou Thomas.

Eu e Benjamim nos olhamos com tristeza e seguimos até Thomas. Colocamos nossas mãos sobre os ombros de Thomas e nos agachamos.

- Olha, cara, eu sei que é difícil a separação. A questão é: essa é a solução ideal? - Perguntou Benjamim.

- Eu não vou me matar, seu idiota. - Respondeu Thomas enquanto sorria e se levantava procurando a arma na escrivaninha.

- A arma está na cintura dele, Tom. - Disse eu.

- O que está fazendo, Isabel? - Especulou Ben enquanto me fuzilava com os olhos.

Thomas se colocou na nossa frente e esticou a mão, pedindo a pistola. Benjamim revirou os olhos e, ainda desconfiado, deu a pistola para ele.

- Preciso que me leve em casa, minha euforia vai me fazer bater o carro.

- Eu vou com vocês. - Confirmei minha presença.

- E os nossos convidados, Isabel? - Perguntou Ben, ainda irritado comigo.

Segui até a sala de jantar e liberei todos. Disse que surgiu um imprevisto e todos deviam ir para suas casas. Todos levantaram tentando entender enquanto eu os apressava.

- Andem! É urgente!

Todos apertaram os passos e passaram pela porta. Thomas e Benjamim estavam me olhando, rindo.

- Vamos?

- Sim. - responderam ao mesmo tempo.

Entramos no carro do Benjamim e seguimos até o prédio onde Thomas mora. Subimos de elevador e, chegando ao seu apartamento, ele rapidamente correu até seu carto, subiu em uma cadeira e pegou uma caixa de aço que estava em cima do guarda-roupas, no canto direto, encostado na parede. Várias coisas sem sentidos estavam na frente com a real intenção de camuflar aquela misteriosa caixa. A poeira tampava toda cor que existia naquele objeto e, quando ele assoprou a mesma, comecei a espirrar rapidamente.

- Pode esperar lá fora? - Me perguntou Thomas.

- Não!

Benjamim me encarou de uma forma que me convenceu a ir. Bati os pés no chão e saí feito criança, mas encostei a cabeça na porta para saber de tudo que acontecia lá dentro.

- O que está fazendo? - Perguntou Rosa com uma vassoura na mão e a sobrancelha esquerda levantada.

- Shhhh! - respondi.

Ela deu os ombros e virou as costas, voltando a varrer e começou a resmungar baixinho, dizendo que somos loucos.

- Se tem a porra de um cadeado, não era só ter a chave? - Ouvi Ben perguntar.

- Essa caixa é bem antiga, cara. Não tem chave. - Respondeu Thomas.

Um silêncio se intalou por uns segundos e, quando eu me distrai, o tiro surgiu. Um barulho agudo e abafado invadiu meus ouvidos, me fazendo gritar. Rosa, me acompanhando, deu outro grito e quase se jogou da sacada. Coitada.

- QUE DROGA É ESSA? - Perguntou ela, vindo em minha direção correndo.

- Thomas resolveu abrir uma caixa dando tiros nela.

- A caixa? - Perguntou pasma, como se soubesse de tudo que havia dentro.

- Sim, por quê?

Ela empurrou a porta devagar após dar três socos leves na mesma. Não perdi tempo e entrei junto com ela. O silêncio no quarto era assustador, Benjamim estava com os olhos do tamanho de uma maça enquanto os olhos de Thomas espirravam lágrimas. Cheguei mas perto para ver o que tinha na caixa e, quando vi, fiquei sem entender o porquê de tanto espanto de todos.

- O que tem.. - shhh- me interrompeu Benjamim.

O encarei por uns instantes, mas logo percebi que meu silêncio seria o ideal naquele momento. Thomas pegou uma caneta; um papel todo rabiscado que estava ao lado de um todo completo por palavras; um óculos com lentes redondas, um urso rasgado e uma caixinha cheia de dentes de leite.

Continuei em silêncio e percebi que até Rosa estava chorando. Saí do quarto e deixei aquele clima pesado um pouco de canto. Me sentei no sofá e fiquei tentando ligar aqueles objetos com o fato de a Helena vir ao meu casamento. Não há ligação. Um urso? uma caneta?

Duas horas se passaram e o silêncio ainda estava mandando naquele apartamento. A porta do quarto se abriu e os três saíram do quarto. Eles pareciam alegres, mas eu ainda estava cheia de perguntas. Corri até o Ben, mas o mesmo me cortou imediatamente.

- Te explico tudo depois, amor.

- Certo! - Respondi enquanto revirava os olhos e virava o corpo de volta para o sofá.

Thomas foi até a cozinha e serviu café para todos enquanto seu sorriso cobria 80% do rosto. Não aguentei ser a única sem saber de nada e me levantei, chamando a atenção de todos enquanto batia palmas.

- EU PRECISO SABER, DROGA! ANDE! ME CONTE O QUE ISSO TUDO TEM A VER COM HELENA!

Thomas sorriu e se sentou em umas da cadeiras altas que ficava na cozinha.

- Um dos papéis era uma carta dos meus pais. Eles escreveram juntos para mim enquanto eu, aos 5 anos, encarava-os sem entender o que estava acontecendo. - Disse ele.

- E o que isso tem a ver com a minha amiga? - Perguntei, ainda intrigada.

- Quanto me entregaram, pediram para que eu lesse apenas ao encontrar o grande amor da minha vida.

- Tá! Claro! Mas lembremos de Caroline.

- Não..

- Você nunca a leu antes? Como não?

- Meu coração não me deixou abrir as cartas.

- Isso é gay, mas é lindo!

- É.

Rapidamente me lembrei de tudo que estava realmente acontecendo e arregalei os olhos enquanto corava.

- O que houve? - Perguntou Benjamim.

- Podemos conversar, Ben?

- Sim.

Puxei-o até o quarto de Thomas e fechei a porta.

- Diga o que est.. - shhh- interrompi - Helena está namorando outro - completei. 

O amor que encheu a barrigaOnde histórias criam vida. Descubra agora