Capítulo 37 - Helena

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- Não desiste de mim, Tom.

Eu estava em prantos, destruída. Eu vinha guardando para mim essa gravidez, eu iria esperar o momento certo. Uma vez, enquanto conversava com a Rosa, descobri que Tom tinha uma vontade imensa de ser pai. Que ele seria um babão. Agora tudo está acabado. Nosso filho morreu.

- O que você está falando? É claro que não vou desistir. O que foi?

Eu não conseguir falar, só sabia chorar. Estava me sentindo vulnerável, inútil. Até agora, o que fiz pelo Thomas? Ele tem sido maravilhoso para mim. Eu não passo de uma infantil que só sabe gritar e desconfiar de todas as que pisam ao seu lado. O médico pediu para que Tom o acompanhasse até lá fora. Ele, preocupado, não hesitou. Eu estava observando eles pelo vidro do quarto e, quando vi que Thomas soube, me martirizei ainda mais. Ele me olhou, tentando disfarçar toda a tristeza. Abriu a porta do quarto e veio em minha direção, quieto e devagar. Se sentou ao meu lado, na poltrona de acompanhante, e deitou a cabeça em meu peito. Logo após senti meus seios sendo molhados por seu pranto. Essa foi a pior sensação. Eu nunca quero sentir isso em minha vida. Eu me senti a pessoa mais incapaz do mundo.

- Me desculpe, Tom. Eu perdi o nosso filho.

Ele não esboçava reação alguma, apenas tentava parar de chorar. Eu sei que ele odeia parecer fraco na frente de alguém.

- Não me torture ainda mais, meu amor. Tom, fale comigo.

- Você não tem culpa.

Ele respondeu com amargura, chateado. Eu comecei a chorar ainda mais quando senti que ele estava triste.

- Pare de chorar. Já passou.

Ele disse isso enquanto passava a mão em meus cabelos e me olhava nos olhos, com um semblante abatido.

- Eu quero ir para sua casa.

- Eu vou conversar com o médico. Se ele te liberar, nós vamos.

- Tudo bem.

Thomas se levantou e foi até o médio, que olhava tudo pelo vidro. Ele conversaram por alguns minutos e o médico concordou com a cabeça. Thomas voltou ao quarto e disse:

- Vamos!

Esperei as enfermeiras virem tirar essas coisas do meu corpo. Eu nem sei falar o nome dessas coisas. Quando elas tiraram, Thomas me ajudou a levantar e me levou até o banheiro. Enquanto eu estava nua, separando a roupa que usaria, Tom ficava me olhando. Ele estava apoiado na porta, com os braços cruzados. Os seus olhos estavam brilhando, mas estavam tristes.

- O que foi?

- Você é linda.

Eu corei todo meu rosto inchado.

- Obrigado.

- Vamos indo. Você precisa melhorar. A faculdade retoma as aulas daqui a dois dias.

- Preciso justificar minha falta hoje. Já está de noite.

- Eu já cuidei disso. Você não vai precisar falar com o "gato" do seu chefe.

Eu abri um sorriso de canto ao perceber que Tom estava com ciumes. Me vesti e pedi ajuda para caminhar até o carro. Fomos até lá e entramos no mesmo. Ficamos parados por alguns segundos enquanto ele ligava o ar-condicionado e o rádio. Resolvi quebrar o gelo.

- Mas hein, viu o que eu fiz com aquela quenga?

- Vai começar a se achar?

- Não, ué. Só quero te falar que eu avisei.

- Cala a boca.

- Eu pediria para que você cale, mas estou doente.

- Você é doente todos os dias.

O amor que encheu a barrigaOnde histórias criam vida. Descubra agora