Capítulo 20- Bônus

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Helena🌻

Há alguns anos atrás eu conheci uma linda garota chamada Renata. Na época ela tinha 11 anos e eu 13.

Flashback on

15/05/1999

Depois do maldito dia do estupro não consigo mais dormir. Assim que fecho os olhos aquela cena retoma a minha cabeça. Todos os dias assim que eu deito ou até mesmo no banho as lágrimas são minha única companhia.

Não falo com mais ninguém, a Helena linda, segura, carismática de antes deu lugar a uma Helena sombria, nunca contei nada disso nem a minha melhor amiga, Juliana.

Os professores me perguntaram o que estava ocorrendo pra eu está tão calada, ligaram pro meu pai e ele veio conversar, fui ao psicólogo da escola, mas não tive coragem de contar e tratei logo de inventar uma desculpa qualquer.

Hoje depois de mais um dia comecei a subir aquela escadaria, passei em frente à boca, mas algo fora do comum me chamou a atenção, uma garota que aparentava uns 11 anos estava sentada na calçada do lado oposto a boca. Ela estava de cabeça baixa aparentemente chorando, me aproximo devagar e ela levanta a cabeça, me olha de cima a baixo e parece que ver que eu não a faria mal algum, me abaixei a sua frente e ela sorriu fraco.

Garota: Olá, quem é você?- perguntou curiosa.

Helena: Me chamo Helena, mas por que você estava chorando?- perguntei e ela me olhou desconfiada.

Helena:Pode confiar em mim, não irei te fazer mal- digo e ela sorri.

Garota: Minha mãe morreu, meu pai não tem mais dinheiro, pois ele perdeu tudo em drogas e mulheres. Eu estou sozinha no mundo, sem dinheiro, sem casa, sem amor- diz e as lágrimas antes presas começam a rolar por seus lindos olhos verdes.

Não pude deixar de notar que os seus olhos traziam consigo uma grande tristeza, mas por detrás daquilo tudo enxerguei uma menina perversa, deveria ser apenas devaneios da minha cabeça não liguei muito pra isso.

Helena: Olha, tenho um dinheiro e posso te ajudar- afirmo e ela levanta sorrindo.

Garota: Você vai realmente me ajudar?- indaga e eu assinto.

Eu era apenas uma menina indefesa, não colocava maldade em nada, sempre fui assim é sempre serei.

Eu sabia no fundo que ela ainda ia me apunhalar pelas costas, mas não negaria ajuda a alguém. Meu grande sonho é ser psicóloga e ajudar muitas pessoas.

Desde esse dia só andava eu e a Rê, apelido carinhoso que eu dei pra ela. Se ela estava num lugar poderia ter certeza que eu também estaria e vice versa.

O Marcos não parou de me atormentar, mas sabe eu estava começando a gostar dele.

Eu e a rê estávamos na sorveteria, o Marcos adentrou a mesma sem camisa, me viu e caminhou até mim.

Marcos: Helena, não esperava te ver por aqui- diz e eu me junto mais a Renata.

Helena: Hum- digo sem nenhum animo aparente.

Marcos: Bora ali- diz e eu nego com a cabeça.

Helena: Não- digo e ele sorri, o mesmo sorriso infeliz do dia que ele me estuprou.

Marcos: Não foi uma pergunta- diz e eu tremo na base.

Helena: Ok, fica aqui Renata- digo e beijo a bochecha da mesma.

Helena: Não sai por nada, já volto- ela assente.

Saímos da sorveteria e ele me olhou e sorriu de lado, montou na sua moto e fez sinal pra eu subir. Neguei freneticamente e ele desceu da mesma e pegou no meu cabelo me arrastando até a moto. As lágrimas desciam sem vergonha pelo meu rosto. Subi na moto e ele foi até sua enorme casa, dessa vez ele foi mais carinhoso, não machucou tanto. Eu acho que eu estou gostando dele.

Ele me levou até sorveteria, peguei a Renata e voltei pra minha casa e ela pra sua.

Assim que adentrei minha casa minha mala rosa estava encostada na porta junto com minha mochila da escola e o bolo de notas que o Marcos havia me dado. Minha mãe e meu pai me olhavam com cara de reprovação.

Gustavo: Já que você decidiu virar mulher de traficante não nos chame mais de pais- meu pai diz e eu começo a chorar.

Eles acham que eu estou com o Marcos porque eu quero.

Bruna: Nunca mais apareça aqui, já pra fora- minha aponta pra porta.

Dou uma última olhada pra eles, mas não tento me explicar apenas sai e fui pra casa da Renata.

Passamos fome e depois de alguns meses Marcos nos ajudou, ele me assumiu como fiel e me levou junto com a Renata pra sua casa, eu apanhava muito mais que antes, mas sofri tudo isso pra dar uma vida digna pra Renata, ela era apenas uma criança não deixaria ela sozinha.

A cada dia eu gostava ainda mais do Marcos e uma única pergunta ficava na minha cabeça:
Será que em meio a tantos ódio ainda pode nascer o amor?

Alguns anos depois peguei a minha irmã do coração transando com o meu marido. Já havia percebido alguns olhares, mas não achei que era nada demais.

Nesse dia de fato eu explodi, arrastei ela pelos cabelos ainda nua até o pé do morro, bati tanto nela que ela quase perdeu a consciência.

O que mais doeu foi ver minha irmã com o meu marido na minha cama, eu confiava tanto nela e ela me traiu da pior forma possível.

Nunca mais vi a Renata, nem quero noticias.








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