Capítulo 15

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MATILDE

Hoje o dia fora tirado para as mulheres da família e planeado pelos homens. Fomos surpreendidas com todo um plano proporcionado pelo meu pai e pelo meu irmão anterior ao dia de casamento. Sentia o nervosismo de ambos, mas da mesma forma sentia a felicidade que irradiava dos seus corpos.

A manhã tinha sido passada na praia, num local reservado apenas para nós, perto de um bar, para bebermos e comermos o que quiséssemos. Joana não poderia faltar, e andava sempre connosco tal como o seu sossego – o qual eu já sentia saudades.

– Precisava mesmo disto – ambas olhámos para a minha mãe, sorrindo. – Ao vosso lado pareço de novo uma jovem. E já tenho uma neta – nós rimos e Catarina prosseguiu dizendo tudo o que eu diria;

– Maria, se alguém lhe perguntar a idade vão dizer que é mentira. É uma mulher concretizada, e tem um aspeto incrível! Cinquenta e um anos e os anos não passam por si. Não precisa de se sentir velha, dado que o seu estilo de vida é saudável e faz de si uma jovem. Apesar do António se ter perdido um pouco devido à sua estabilidade no emprego, também ele se conservou bastante bem e os ares do campo são fantásticos – a minha mãe abraçou a nora, sorrindo com lágrimas nos olhos.

– O meu Francisco é um sortudo! Só queria que o João tivesse acertado da primeira vez – suspira e as duas ficámos mais cabisbaixas depois de nos recordarmos de tudo. – Sempre foste muito bem-vinda à família, mas a partir de amanhã serás ainda melhor. Precisam de ir lá à aldeia passar uma temporada – sorrio com a ideia.

– Lá iremos. Assim que me livrar dos contratempos, marcamos datas. – garantiu.

O telemóvel da minha mãe fez-se soar. Enquanto ela procurava na mala, eu dei uma vista de olhos pelo meu sem qualquer notificação.

"Estou? Duarte?" atendeu, chamando logo a minha atenção. "Já vêm a caminho? Sim, eu aviso a vossa irmã para vos ir buscar. Estamos com a Catarina e a Joana, sim. Dentro de duas horas? Certo." Olhou para mim e eu assenti. "Tu o quê? Duarte?" senti a minha mãe bufar. "E vais deixar assim o teu irmão e o avô? Não quero saber se é aborrecido, não podes viver às custas dos teus irmãos. Trabalhas? E onde, posso saber?" neste momento ela estava mesmo chateada com o meu irmão mais novo. Pedi que me entregasse o telemóvel.

"Sim, Duarte. É a mana." Ele pareceu suspirar de alivio. "Matilde, ajuda-me. Eu não quero passar as minhas poucas férias de verão aqui. Este ano queria aproveitar ao máximo!" olhei para a minha mãe que estava apreensiva. "Tudo bem, eu ajudo-te, com uma condição." "Todas as que quiseres!" "Vais trabalhar no meu café, a servir à esplanada. E quando quiseres sair, falas com os pais e nunca sais sozinho, prometido?" "Sim! Mil vezes prometido. Obrigado, Mana, és a melhor"

– Matilde – Maria queria explicações. – Nós não queremos habituá-lo a estes ares, caso contrário deixa-nos lá sozinhos naquela quinta –

– Mas não podem cortar-lhe as asas. Todos sabemos que o João adora aquilo, e de certeza, algum dia, irá conseguir arranjar alguém que dê continuidade, mas o Duarte sempre foi como nós, sempre quis ir mais longe. E não há qualquer problema em ele vir passar aqui umas férias enquanto trabalha depois dos exames, mãe – ela acabou por aceitar, depois da nossa conversa.

– Não temos uma massagem para ir? Ainda falta o cabeleireiro e as unhas – Catarina relembra-nos, mexendo no seu telemóvel e mostrando a mensagem de notificação imposta por Francisco.

– Tudo bem, vamos lá – bebi o último golo da minha água enquanto nos dirigíamos de novo ao carro.

Alguns minutos depois chegáramos ao destino. Catarina fora a primeira a ser atendida, com alguns privilégios por ser a noiva. Ela iria preparar o cabelo para amanhã e as suas unhas seriam bastante simples. Aconselhámos a que fizesse um tratamento de hidratação intensa sobre o seu cabelo, pois sabia como iria ficar muito mais brilhante e claro. Ela escolheu uma cor abaixo da sua e aplicaram o tratamento, enquanto nós éramos atendidas nas unhas.

(desa)sossegoOnde histórias criam vida. Descubra agora