EPÍLOGO

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Eu quero bater-me por me ter privado de escrever este epílogo durante tanto tempo! Aqui está então o final desta aventura que nem correu assim tão mal!

Boas leituras! <3

EPÍLOGO

Capítulo extra de (desa)Sossego

TERESA

Sentia borboletas no estômago à medida que os ponteiros do relógio avançavam, nem que fosse meros segundos. Ao meu redor, os sons dos secadores, das conversas, dos pincéis a cair pareciam desvanecer na minha mente ocupada com um só pensamento: Eu sou finalista!

Lentamente, as tranças assumiam o meu cabelo encaracolado para esta ocasião tão única e especial. Observei as cadeiras ao meu lado, ocupadas pelas mulheres desta família e quando me deparei com o backstage de toda uma produção feminina concentrei-me em manter o meu corpo relaxado. Era um momento com o qual, apesar de nunca ter sonhado um dia alcançá-lo, fazia todo o sentido agora. Foram doze anos de aprendizagem que precisavam de ser encerrados da melhor maneira, e nada melhor do que reunir a nossa família em volta de uma mesa de jantar, num ambiente em que outros, tal como eu, traziam os seus convidados para celebrar o fim de uma era, e o início da transição para a vida dita das responsabilidades. Mas... Esta noite não queria pensar nessa parte do reportório da vida humana, mas sim focar-me em congelar os melhores momentos que o ensino me trouxe.

Com um batom de cor vermelho sangue dei por terminada a minha maquilhagem simples. Um pouco de preto para realçar o meu olhar azul, e iluminação, por todo o rosto. Dei uma última respiração profunda antes de deixar esta cadeira na qual me sentara por cerca de duas horas. Esperei alguns minutos para que Joana e Madalena terminassem de se preparar, tal como eu fiz. A minha mãe e tias estavam já à nossa espera.

O meu nervosismo era denunciado pelos meus dedos frenéticos que passeavam pelo meu anel e pulseiras de prata soltas no meu pulso. Consegui perceber que estava a ser observada, mas nenhuma delas comentara no caminho de regresso a casa. Os dez minutos mais duradouros da minha existência.

Assim que os portões da propriedade se abriram, vimos o alvoroço dos homens em preparar-se. O primeiro a surgir fora o meu pai, acompanhado dos meus tios. Cerca de uns segundos depois surgia o meu tio Duarte com o seu amor maior: a Maria Beatriz; um dos membros mais novos desta numerosa família. Não houvera tempo para trocas de palavras. Depois da vez deles em organizar tudo para a nossa saída, as mulheres entraram, pegaram nos vestidos e trataram de se vestirem o mais depressa possível.

Na hora em que tudo o que restava era fechar o vestido, ajustando-o ao corpo, as minhas mãos não paravam de tremer. – Mãe! – clamei.

Bastaram uns segundos para que duas figuras surgissem entre a porta do meu quarto. Madalena e Joana – Maria Teresa – dizem, em uníssono – Então, mana? – questionam quando não me veem pronta.

Não me sinto apta a responder-lhes, ao sentir a minha voz falhar, sem que nenhum som se ouça. Joana vem até à minha beira e desliza o fecho pela corrente, ajustando assim o vestido ao meu corpo.

– Quero um sorriso nesse teu bonito rosto, sim? Hoje, apenas Tu interessas, e mais ninguém pode alterar isso, okay? – Madalena dialoga, sabendo exatamente o que dizer.

A partir deste momento, fora uma correria para sair de casa. Eram já as seis horas da tarde, pelo que com toda a organização previamente pensada, saí no mesmo carro que os meus pais e Martim, o qual lhe pertencia a noite – igualmente. Em toda a viagem até à quinta onde decorreria o Jantar e o Baile em si podia sentir o sangue correr as minhas veias a cada miligrama. O meu pai, que conduzia, olhava pelo retrovisor algumas vezes, certificando-se se eu estava bem.

(desa)sossegoOnde histórias criam vida. Descubra agora