Capítulo 11

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MATILDE

O tecido adaptou-se de forma instantânea ao meu corpo. Sorri e encarei o meu corpo e as suas novas formas de adaptação a esta primeira gravidez. Coloquei o vestido por cima do fato de banho preto. No meu colo observava Joana que mexia as suas pequenas mãos.

– Olá coisa boa da mãe – ainda era relativamente cedo, por isso os meus pais ainda não estavam prontos e eu aproveitei para mimar a minha menina. – Vamos preparar-te para o teu primeiro dia na praia? – eu adorava os seus olhos enormes que olhavam tudo ao seu redor.

Coloquei-lhe um vestido leve e antes de sair de casa coloquei-lhe protetor solar. Iria ser apenas uma hora ou duas, mas não quero prejudicar a sua saúde. Já no seu carrinho, saímos em direção à casa que os meus pais arrendaram aqui em Lisboa. Encontrámo-los pelo caminho e não foi preciso esperar muito.

– Joaninha Silva – o meu pai era o avô mais babado. No meio de tantos rapazes ver nascer outra rapariga deixara-o encantado, tal como foi quando souberam que depois de dois meninos iam ter, finalmente, uma menina na família. – Estás tão linda nesse vestido – eu e a minha mãe ríamos, enquanto andávamos atrás de si em direção ao meu carro.

– Ela é um anjo. Só dá dores de cabeça quando é algo mesmo urgente, caso contrário, é tão sossegadinha – a minha mãe vai comentando. – O inferno que eu passei com os teus irmãos e a Joana não é nada igual a vocês. – rimos as duas.

– O João foi o mais difícil. Estava sempre com resmungos e com uns humores estragados... Depois vieram vocês e foi a nossa salvação – o meu pai, atento à conversa e à sua neta, fala. – Mas não lhe digam nada, ele não quer que se diga que ele era mau – e nesse momento ambos os meus progenitores desatam a rir no parque de estacionamento do bairro.

– Pai, já me podes dar a minha filha – eu peço sorrindo e coloco-a na sua cadeirinha. Quem conduz é o meu pai, e eu acompanho Joana nos bancos de trás.

Em breves dez minutos estamos frente a uma praia já bastante conhecida por mim. Voltei a cobrir Joana com o protetor solar e com um tecido fino onde a carreguei sobre o meu peito. Observei os meus pais, um pouco mais longe, a trocar olhares e brincadeiras enquanto andavam pelo paredão. Enquanto isso, a bebé olhava, mais uma vez, ao seu redor, absorvendo toda a paisagem com aqueles olhos invejáveis.

Dez horas da manhã e poucas pessoas se encontravam neste areal vasto. Senti a brisa do mar embater contra o meu rosto enquanto via os senhores Silva arrumar as suas coisas num lugar mais recolhido, mas perto do mar. Fui até eles. Abri o guarda-sol e logo me coloquei por debaixo dele, devido a ter Joana nos meus braços.

– Isto aqui é espetacular! – António comenta enquanto retira a sua camisola, deixando o mundo ver a sua barriga mais saliente. – Aos anos que eu não vinha assim a uma praia e aproveitava realmente. – ele parecia uma criança entusiasmada com o mar.

– Também nunca tiraste férias – a minha mãe comenta e ele finge-se amuar, mas logo se recompõe e anda até à água, onde mergulha na primeira onda. – É mesmo criança, aquele António – e no segundo segunda eu pego no telemóvel e tiro algumas fotos para que mais tarde ele veja. A cada onda, por mais pequena que fosse, ele esperava-a e atirava-se nela voltando ao de cima e acenando para nós.

– Deixa-o divertir-se, mãe – guardo de novo o telemóvel e quando dou por ela já a minha menina está a dormir sobre o meu peito. – Vai lá fazer-lhe companhia – incentivo-a e ela cede, retirando o vestido e mostrando o seu corpo ainda jovem num bikini. – Tens de me dar a fórmula para essas curvas – comento e ela gargalha enquanto vai ter com o seu marido.

(desa)sossegoOnde histórias criam vida. Descubra agora