Capítulo 24

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MATILDE

- O que posso fazer por ti? - Filipe pergunta, enquanto aplico um creme hidratante em todo o meu corpo.

- Fica aqui, comigo - falei, com voz pequenina, andando até ele e envolvendo a sua cintura.

Os ponteiros do relógio marcavam as doze horas deste dia. Acabáramos de chegar da primeira consulta de gravidez, a qual mexera bastante comigo. Drª Francisca mostrou-se muito surpreendida por me encontrar ali, de novo, grávida, em tão pouco tempo, e confirmou as suspeitas que eu já detinha: trazia riscos. Feliz, mas preocupada, realizou o primeiro ultrassom, que não fora através da minha barriga, e verificou que para o meu bem e do bebé ele estava a desenvolver-se sem qualquer anomalia, pudemos até constatar que o seu coração já estava no estágio final de formação o que nos disse que eu já completara a quinta semana de gravidez. Feitas as contas, estaria grávida de oito semanas, a caminhar para a nona, e que teria de ter muito cuidado, realizar o mínimo esforço: cuidar da Joana e de mim.

Perguntas feitas e respondidas da forma mais simplificada possível, saí petrificada do seu consultório sabendo que iria ter de ficar completamente parada estes nove meses, dados os riscos da minha situação. Aconselhou-me a que, nos tempos livres, realiza-se alguma ginástica específica, de modo a que o meu corpo não se tornasse sedentário.

Joana estava no nosso meio, neste preciso momento, a brincar com as suas pernas. O moreno fazia carinhos pelas minhas costas, acalmando-me interiormente e fisicamente. As palavras que proferira na nossa viagem de regresso não saiam da minha cabeça: " O culpado de tudo isto fui eu. Eu adoro a ideia de ser pai, mas poderíamos ter esperado uns anos... E agora... Agora coloquei-te nessa situação" ele não me queria perder.

- Amor? - falei, engolindo em seco. - Será que me podes ir buscar um copo de água? - ele logo se dispôs a fazê-lo, andando em passos largos até à cozinha, do outro lado do apartamento.

Não tivera tempo de colocar os seus pés de novo no quarto quando todo o meu pequeno almoço já deixava o meu corpo que não parecia satisfeito. Ele apanhou os meus cabelos, fazendo um apanhado desajeitado que me livrou do calor que estes me causavam.

- Precisas de mais alguma coisa? - olhou-me preocupado, talvez porque esta era a primeira vez que me sentia indisposta à sua frente.

- Neste momento, quero dormir - eu bebi a água e ele levou-me, com cuidado, até ao quarto onde me deitou sobre a cama onde Joana ficara. - Isto, eventualmente, vai passar - falei, para mim mesma.

Era completamente natural, no entanto eu já não me sentia capaz de aguentar mais isto. Fechei os olhos, sentido as palmas das suas mãos sobre o meu couro cabeludo, e quando um beijo foi depositado sobre o mesmo encolhi o meu corpo, não lutando contra o sono que me invadia.

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Acordara sem ninguém à minha beira. Procurei primeiro por Joana que não estava no seu berço, mas logo depois ouvi os seus sons de bebé o que me levou a segui-los. Inconfundivelmente reconhecia a voz de Filipe, mas mais pessoas estavam com ele na sala. No meu corpo umas calças largas e uma sweater do moreno, por me sentir mais confortável com as mesmas.

- Ela já está a dormir há umas boas horas, deve acordar em breve. - ouvi-o dizer e quando me aproximei da sala de estar vi que eram Catarina e Francisco que ali estavam, entretanto a brincar com Joana a tentar gatinhar pela sala.

- Olá! O que fazem aqui? - eles saltaram ao som da minha voz, mas logo sorriram na minha direção.

- Saímos mais cedo e decidimos passar por aqui - eles sentam-se na carpete onde se encontra a bebé. - Ela deve crescer a cada minuto que passa - Catarina olha a bebé que parara e estava deitada de barriga para baixo.

(desa)sossegoOnde histórias criam vida. Descubra agora