Capítulo 34

148 19 4
                                    


Matilde

Não estava preparada.

O início de setembro chegara, por fim, e com ele os preparativos para as aulas por parte de todos os jovens estudantes e crianças. Joana não fugia à regra, e ela precisava de conviver com outras crianças de outra idade. A mãe é que não estava consciente ainda.

Filipe estava a preparar Madalena para vir levar a irmã ao infantário, e eu encarreguei-me de ir ver como Duarte recuperava da noite anterior. Chegada ao quarto onde se encontrava instalado, ainda dormia serenamente, e não havia forma de ele acordar nas próximas horas. Deixei apenas um beijo na sua nuca, ao qual ele se moveu, mas não acordou.

– Temos tudo? – o moreno pergunta, e eu aceno afirmativamente. – A Joana já está animada – ele diz, enquanto eu coloco a nossa bebé em segurança. – O Francisco e a Catarina já a vestiram e ela quer muito ver-nos, parece que a meio da noite sentiu a nossa falta –

– Oh, a minha menina – falei, triste. Apressei Filipe na condução, inquieta para a ver.

Apesar de termos saído cedo, ainda demorámos a chegar ao nosso destino, do outro lado do rio, dado o trânsito na ponte. O moreno riu quando eu saí, sem pensar em mais nada, para ir correr até ao andar dos padrinhos da menina a qual eu sentia imensas saudades. A porta abriu e revelou-me Francisco com Joana no seu colo que logo quis vir para o meu.

– Bom dia – entramos no apartamento, e eu deixo a porta aberta para que o pai de Madalena e esta mesma entrem. – Não se podem separar por uma noite – o meu irmão comenta, quando eu aperto o corpinho da minha bebé mais velha contra o meu.

– Daqui a uns anos verás como não consegues separar-te deles – beijei as suas bochechas, e a loira limpou os seus olhinhos ensonados. – Ela não deu muitas dores de cabeça, certo? –

– Dormiu que nem um anjo durante a noite. Foi difícil de acordá-la e vesti-la. – o loiro ainda estava de pijama e a sua mulher aparecera, da mesma forma, na sala. – Primeiro dia de escolinha, não é? –

– Nem me digas nada... – suspirei, formando um beicinho. – Não me quero separar dela – penteei os seus cabelos com os dedos. Era incrível como estavam enormes.

A porta fechou, e o moreno entrou atarefado. Eu ri, embaraçada, e desculpei-me por tê-lo deixado sozinho a transportar Madalena.

– Matilde, temos mesmo de ir. O infantário abre às oito e meia da manhã e já são oito horas – Filipe avisa, enquanto os tios logo lhe retiram a bebé dos braços para a mimarem mais um pouco.

– Sim, desculpem não podermos ficar mais tempo. Vocês também têm de trabalhar, e em breve temos de fazer a viagem de novo para aqui – suspirei, um pouco frustrada por saber os motivos. Aquele miúdo...

– O Francisco hoje tirou a folga semanal, e eu apenas tenho aulas à tarde – Catarina diz, enquanto preparam o café da manhã. – O que vos traz de volta? Uma consulta? – não havia motivos para lhes esconder, ou havia?

– Não é bem isso. Tenho de vir com o Duarte ao Hospital. – Francisco, que mastigava uma torrada de manteiga engasgou-se, e olhou-me surpreso e preocupado. – Ele está bem, apenas se envolveu no que não devia e acabou com um hematoma no maxilar. Só quero ficar descansada em como não partiu nada –

– Eu juro que lhe dou um puxão de orelhas ao miúdo – fala, irritado enquanto dá um golo no seu café. – Se os pais sabem vêm no primeiro autocarro e levam-no pelas orelhas –

(desa)sossegoOnde histórias criam vida. Descubra agora