quinze.

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FILIPE

7 meses mais tarde...

O seu sorriso deixou-me desconcertado, os seus lábios perfeitamente delineados com um batom bordô que combinava com o seu longo vestido. A minha respiração falhou por milésimas de segundos ao vê-la tão deslumbrante assim. Não resisti, envolvendo a sua cintura com as minhas mãos, e ela é apanhada de surpresa, mas deixa-se ficar entre os meus braços; Dou leves mordidas no seu pescoço, em tom de brincadeira.

– Filipe Miguel! – gargalha, remexendo-se. – Nós temos de ficar prontos a tempo! – reclama, ainda que rindo.

– Não queria nada ir – digo, abraçando-a firme.

– Já temos isto planeado à anos, Filipe dos Santos – ela consegue soltar-se dos meus braços, mas envolve os seus em torno do meu pescoço. – Não vamos falhar agora – fiz uma pequena careta, concordando com ela.

– Tens toda a razão; aliás, quando não tens? Raríssimas vezes – une os nossos lábios, e eu sinto a textura do batom intenso contra os meus lábios o que a obriga a passar os seus dedos por entre os mesmos, limpando assim os vestígios dos meus lábios.

– Apressa-te, se faz favor – ela olha para a minha camisa, com os botões, ainda, desapertados.

Matilde sobe o tecido macio, e encara-se ao espelho tentando, de alguma forma, ajustar o vestido ao seu corpo elegante. Caminho até ela, sorrindo, e com a nossa figura refletida ao espelho, ajudo-a na árdua tarefa de encerrar o prolongado fecho. Não estamos a meio do processo quando ouvimos um dos nossos bebés chorar; a partir dos berços do nosso quarto. A morena pega em Teresa primeiro, enquanto que Martim abre os seus braços para eu o receber.

– Ainda agora adormeceram... – ela suspira, desconhecendo a causa do choro, agora, de ambos. – O que se passa, meu amor? – fala, com voz fina, e a mais pequenina aproxima a boca do seu peito. – São umas marotas, estas crianças – profere, e eu sigo todos os seus movimentos.

Senta-se sobre a cama, e enquanto eu embalo Martim para que sossegue enquanto espera pela sua vez – o que se torna difícil quando ele está a ver a irmã fazer algo que ele tanto quer – oferece mais uma refeição à pequena. É verdade que, com seis meses de vida, eles ainda continuam a preferir o leite materno ao leite que lhes preparamos, o que não lhes é prejudicial de todo; apenas não queríamos que ficassem dependentes tão tempo assim.

– Agora o meu homem – sorrio, entregando-lhe o pequeno que abanava os braços, feliz. Peguei em Teresa, e ela arrotou, sentindo-se logo satisfeita. Embalei-a nos meus braços e em minutos estava com os seus olhos fechados. – Que gulosos – oiço-a dizer, com o pequenote entre os meus braços, deixando-a recompor-se.

– E que felizes que ficaram. A Teresinha adormeceu logo, e o Martim está a caminho disso – pouso-o no seu berço, para que pudesse continuar a vestir-me para este dia; que iria ficar marcado pela inauguração de um projeto especial com anos de planeamento.

– Pudera, ontem só queriam brincadeira – termina de colocar de novo o vestido em si e eu ajudo-a no prolongamento do fecho, sendo que conseguimos por fim dar como concluído sem qualquer interrupção. Ela coloca alguns fios de cabelo no sítio certo e boceja, provocando-me o mesmo. – Não sei como vou aguentar este dia – profere, procurando pela sua mala.

– Como sempre fazes, mamã guerreira. – beijei a bochecha que estava ao meu alcance, e num tempo recordista consegui encaixar-me no fato escolhido para a ocasião.

(desa)sossegoOnde histórias criam vida. Descubra agora