(desa)sossego

doze.: "mais um capítulo da nossa história"

FILIPE

O dia trinta viria a marcar para sempre a nossa relação. Trinta de junho, trinta de agosto, e trinta de dezembro - mais explicitamente, hoje, seria, novamente, esse número a inserir um novo capítulo à nossa história. Para muito trata-se do dia anterior ao último dia do ano, para nós? O momento crucial para estender o nosso amor perante a família.

A mulher mais bonita do salão entrava, precedida das duas pequenas que, de mãos dadas, seguravam o vestido dela. Os meus olhos inundaram-se em lágrimas, lacrimejando a cada passo seu. Não estivera nervoso, até a ver. Joana e Madalena assumiram os seus lugares no pequeno banco ao nosso lado; a mais velha sempre cuidadosa com a irmã.

Não esperámos mais tempo, e os nossos lábios colidiram num assobio geral dos convidados. Cinco da tarde, e o pôr do sol deixava-se ver através das janelas que constituíam as paredes do espaço. O notário legal procedeu à oficialização do matrimónio; palavras que já nós conhecíamos. Quando as minhas mãos pegaram na dela, senti um arrepio passar na minha espinha e sinais nervosos percorrer todo o meu corpo; tremia. Ela, então, pegava nas páginas escritas à mão:

- Poderia eu pedir por mais?

Entraste por aquela porta em busca de novas oportunidades, surpreendeste-me em todos os aspetos positivos. Todos os truques que precisavas saber foram captados em segundos e já trabalhavas como um profissional em menos de nada.

A primeira vez que Joana se moveu ao teu toque senti uma ligação forte para com a menina de sete meses de gestação, jamais me ocorreu que isto se tornaria em algo tão ESPECIAL.

Os dias passavam, e a cada minuto Joana crescia e desejosa para nascer. Obrigada por teres estado lá nos momentos mais tristes para nós, porque compreendeste a nossa situação, porque vieste trazer sossego à nossa vida.

Não quis acreditar quando vieste com a conversa que eu me tornara mais do que uma amiga, afastei-te, e só não mereceste um estalo por te estares a apaixonar por mim pois daria nas vistas. O momento em que soube que não estavas a brincar e aceitarias a Joana com todo o coração, sabes o que aconteceu.

Ela ainda era uma bebé, quando iniciámos um novo caminho, desta vez JUNTOS e eu nem sonhava que a nossa história estava ainda por escrever. -

As lágrimas deixavam o seu rosto, mas ela estava feliz; o sorriso a possibilitar-me conhecê-la.

- Dia trinta de agosto ficaria marcado para sempre nas nossas vidas quando num passeio pela praia e ao encontro da nossa pequena gata Mafalda, decidiste que querias jantar comigo, que não querias despedidas naquele dia. O jantar decorreu, e no final, tu fizeste a típica pergunta. "Matilde, aceitas-me na tua vida e da Joana?"

Uns meses depois, descobríamos Madalena. O nosso milagre. Sei que foi um dia complicado para ti, que desesperaste por notícias, mas felizmente estamos ambos aqui, ao teu lado neste momento, mais um que podemos adicionar à coleção daqueles que se tornam mais marcantes.

Estes quatro anos e três meses exatos renovaram-me enquanto mulher, e eu só quero continuar neste caminho, contigo, com elas, com todos os que têm seguido a nossa história. Obrigada por estares lá nos piores e nos melhores momentos, porque me tornaste na Matilde que eu hoje sou, porque aceitaste Joana na tua vida, e me ofereceste outro tesouro. -

Não hesitei em trazê-la para mim, num abraço quente; onde até os seus batimentos cardíacos me foram permitidos ouvir. "Eu amo-te tanto" sussurrei ao seu ouvido, não sendo a primeira vez que o dizia hoje.