Capítulo 16

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MATILDE

Todos os presentes no recinto continham lágrimas nos olhos. As palavras ali declaradas deixaram os convidados emocionados, e quando a cerimónia se deu por terminada e o amor deles selado com um beijo, chorei eu, choraram os meus pais, choraram os meus irmãos...da mesma forma que os restantes congratularam o casal já com lágrimas nos olhos.

Nunca assistira a nada tão puro assim na minha vida.

– Francisco, Catarina – sorri ao vê-los aproximar-se de mim. – Muitos parabéns – trouxe-os até mim num abraço longo e apertado.

– Finalmente o dia chegou – o meu irmão disse, e nada nem ninguém lhe iria retirar o sorriso no seu rosto. Catarina tinha um brilho diferente, especial. Para lá de deslumbrante.

– Nunca pensámos que iria ser tão rápido assim, mas não podia ter sido melhor. Temos aqui as pessoas que interessam. – beijaram as minhas bochechas, um de cada lado, desfazendo o abraço.

– Isto está fantástico. Agora vem aí a diversão – ri-me, pois sabia que este iria ser tudo menos um casamento tradicional, com as refeições elaboradas ou com pista de dança interior.

– Vai ser demais – Francisco soltou um sorriso nada inocente e pegou na mão da mulher que nos últimos oito anos lhe preenchera a alma. – Hora das fotos! – exatamente como eu digo, tudo menos o convencional.

Enquanto percorria um caminho que me iria levar de volta ao lado da minha Joana, vi Filipe um pouco distanciado e perdido dos restantes convidados. As mãos nos seus bolsos, e ele apenas conhecia os noivos e os irmãos e pais. Notava-se que se sentia deslocalizado.

– Olá! Está tudo bem? – trazia a menina no colo que trazia a sua habitual curiosidade em observar atentamente o ambiente à sua volta.

– Matilde! Olá, sim, tudo ótimo, e convosco? – dá-me um pequeno sorriso.

– Igualmente ótimo. Não queres vir para ao pé de nós. Estamos a tirar as fotos para o álbum – ele negou. – Porquê? –

– Eu não faço parte da família, Matilde. Estou aqui porque conheço a irmã do recente casal – senti um pequeno aperto no coração por saber que ele se sentia desta forma.

– Anda, vais passar a conhecer. Além disso, és um grande amigo e pessoa que ficará registado nas memórias do dia mais feliz da vida deles – peguei na sua mão, e com cuidado, conduzi-nos para o local onde se concentravam mais pessoas. – Queres levar a Joana? –

– Posso? – assenti e a menina logo foi parar aos braços dele. Talvez porque assistiu à sua última fase de crescimento haja algum laço especial que os una. Eu sinto isso desde o primeiro momento em que ele olhou admirado para a minha barriga de seis e todos os dias se preocupava connosco.

– Aqui estão eles! Vamos – o fotógrafo e a sua companheira levaram-nos até aos noivos e as fotos foram tirados de diversas formas e feitios. Sozinhos ou acompanhados, passámos mais uma hora em espera da refeição que tanto aguardávamos.

Servidos os almoços, Joana sente a necessidade de comer também, atrasando-me um pouco e levando-me até à casa de banho de um dos salões inutilizados. De volta à minha mesa, mesmo ao lado dos noivos, onde estavam os padrinhos de casamento, já tudo terminara o primeiro prato.

– Estás a gostar do dia? – tentei, perguntando a Filipe, que continuava igualmente quieto no seu lugar. Ele fazia parte da mesa dos noivos a meu pedido, dado ser quase como um desconhecido para os restantes convidados.

(desa)sossegoOnde histórias criam vida. Descubra agora