um.: sociedade

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2ª Parte

3 anos depois...

MATILDE

Com o atravessar dos anos, a tendência do ser humano é evoluir, quer interiormente quer exteriormente, onde as atitudes amadurecem assim como os rostos. As sociedades renovam ou envelhecem os seus hábitos, conforme as tendências para a estupidez humana ou para a sua inteligência.

Na minha perspetiva, durante os três anos que se seguiriam aos momentos mais felizes da minha vida, experienciei o crescimento de todos os que me rodeavam, admirei o trabalho duro do meu companheiro para a vida, e as lágrimas espreitavam quando os dois seres humanos, as duas pequenas crianças que eu tantas saudades suportei cresciam a olhos vistos.

As nossas mãos seguiam entrelaçadas desde a nossa saída do avião, a espera pelas malas a tornar-se angustiante, até que por fim as mesmas surgem no nosso campo de visão, e um sorriso se abre quando vemos quem nos esperava. As duas meninas que tanto amávamos.

Joana e Madalena correram de mãos unidas até nós, sempre com os padrinhos atrás, cautelosos com os passos desajeitados. Joana abraçou as minhas pernas e Madalena correu para o pai, como menina do papá que era.

– Senti tanto a vossa falta, bebés – beijei os seus rostos, e elas riam. Filipe cutucou a barriga de Madalena alternadamente com a de Joana. – Trazemos muitas prendas para as aniversariantes –

– Prendas! – Joana grita, batendo palmas, já ciente do que se tratava. Madalena tentava imitar a irmã, com somente três anos. – Pen-das – disse, com algumas dificuldades, mas sempre com um sorriso no rosto.

– Acabaram de chegar os pais mais babados – ouvi Catarina aproximar-se de nós, do lado de Francisco e Duarte com Alice. – Fizeram boa viagem? – desvio a minha atenção da menina loira que estava mais interessada no meu colar para encarar a minha melhor amiga e abrir um sorriso, bem como os lábios de surpresa quando constatei que algo estava diferente.

A morena usava um vestido com um tecido que se ajustava às formas do seu corpo e não conseguia ficar indiferente à pequena saliência ali formada. – Não têm novidades? – Filipe questiona, quando também ele se apercebe.

– Ela fala por si – Francisco responde, colocando as mãos na barriga da mulher. – Quisemos guardar surpresa. – abri os meus braços para receber Catarina e puder falar com ela.

– Essa barriguinha parece-me de quase três meses, não é? – ela assente, e olha para a mesma.

– Soubemos um pouco antes de vocês partirem. Não quisemos correr o risco de anunciar e não ser como esperávamos, então esperámos estas semanas para passar o primeiro trimestre e os riscos diminuírem – acenei em compreensão e fiz pequenos carinhos na mesma.

– Eu também preciso de te contar uma coisa – abri um sorriso e a minha melhor amiga olhou para baixo quando eu elevei a minha mão com um anel recente na mesma. – Ele propôs-me na Croácia, e casámos na semana seguinte em Santorini, na Grécia – tal como esperava ser a sua reação, ela grita e abraça-me mais apertado; as atenções são vidradas em nós.

– Nós que pensávamos que iriam só de férias... – Francisco aproxima-se e observa o anel. – Nem para a festa nos convidarem – ele finge um pequeno amuo.

– Vamos oficializar em Portugal, prometemos – o meu marido garante, e consigo ver que pousa, por fim, Madalena sobre o chão, dando-lhe a mão para que ela não caia.

– Bem-vindo à família, Filipe Miguel – Duarte congratula, e eu apenas rio com o facto de o moreno de olhos verdes não se livrar do "Filipe Miguel" que o meu irmão tanto gosta. – Os pais vão ficar doidos quando souberem – fala, quando me aperta num abraço.

(desa)sossegoOnde histórias criam vida. Descubra agora