| I don't know what it is but I got that feeling
Waking up in this bed next to you swear the room
Yeah it got no ceiling
If we lay, let the day just pass us by...
I like me better when i'm with you |
Matilde
A música de fundo acompanhava todos os movimentos lentos e cuidados que realizava para mudar as posições. Joana, observando-me a mim e à instrutora que se encontrava no ecrã da televisão da sala, imitava o melhor que podia.
– Muito bem, amor! – incentivei-a, quando conseguiu elevar as suas pernas, tal como eu fazia neste momento. – Joaninha, agora a barriguinha – ela obedeceu, e enquanto eu levantava o máximo que podia esta barriga de trinta e quatro semanas, a pequena estava empenhada nessa tarefa.
O som do trinque da porta anunciava a chegada de Filipe, que saíra faz tempo para fazer as compras do nosso pequeno almoço. Estes dias têm sido de pura preguiça, pelo que as distrações nos levaram a ficar sem nada para que pudéssemos preparar pela manhã.
– Bom dia, minhas princesas – em ordem, beijou os meus lábios até que Joana não aprovasse essa sua atitude e receber o seu beijinho até beijar toda a pele da minha barriga, deixando-me com leves arrepios e cócegas. – Cinco minutos e tenho tudo pronto – e com a loira traquina sempre atrás dele, dirigia-se até à cozinha para acabar o que havia começado.
Decidi dar por terminada a sessão de treinos de preparação física por hoje, e desliguei a televisão para dar atenção aos dois animais de estimação, enquanto ouvia o moreno explicar a Joana que lhe iria preparar a refeição mais importante do dia. Da pouca visão que não me era impedida pela parede que separava as duas divisões vi que ela olhava muito atentamente para o pai, mas logo se distraía com os utensílios de cozinha.
– Filipe, tens de ver este momento! – comentei, vendo o quão ternurentos se encontravam ambos os gatos. Pablo estava muito mais próximo a Mafalda, e hoje deitara-se mesmo ao seu lado, pelo que ela se embrulhou no mais velho, e dormiam assim. – Finalmente resolveram-se – ri, recompondo o meu corpo para uma posição que não me provocasse dor nas costas.
Uns segundos mais tarde, ele apareceu com a menina nos seus braços, enquanto esta tentava trincar um morango. Por mais que ela tenha as suas próprias refeições, quando está junto a nós, que estamos a usufruir das nossas, inicia logo uma pequena birra até que lhe seja dado o que ela tanto grita.
– Ganharam juízo – Joana balança-se nos seus braços e logo é pousada no chão para correr e tropeçar até mim. – Então, Joana? Podias ter caído – ele resmunga, embora que com um sorriso no rosto.
– É com as quedas que aprenderia a levantar-se e continuar a andar de cabeça erguida – massajo o seu rosto, enquanto ela parecia completamente alheia ao que se falava. Os brinquedos espalhados pela sala eram algo de maior interesse para a menina.
– Bem visto. Vamos comer, nós? A pequena deve estar já com muita fome aí dentro – acenei a cabeça e ele ajudou-me a andar até à cozinha onde me sentei ao seu lado.
Trocávamos olhares, beijos, e um olhar especial sobre Joana que já estava com um dos seus peluches na mão, mesmo à nossa beira. Estes quase nove meses estavam a ser especiais para mim, não só por ter Joana do meu lado, ou o Filipe, como que pude tê-los por perto todo este tempo, e estava ansiosa por poder ter mais uma bebé nos braços, em segurança.
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(desa)sossego
RomanceEm plena época balnear, Matilde fica um pouco aflita quando tenta gerir o seu pequeno negócio e conciliar com o que a vida lhe concedera devido a erros do passado. O calor e a inquietação obrigaram-na a procurar um novo funcionário para o café qu...