O dia foi muito complicado e cheio, meus pais estão voltando de viagem e querem ir em casa para conhecer Nicole e ver o neto, mal e tempo de ligar para Aline, muito menos responder as mensagens que me enviou, nem li pra falar a verdade, saí do fórum correndo, com a bateria do celular descarregada e tendo a certeza que levaria um bronca por não ter dado a atenção a minha esposa.
Provavelmente ela deve ter me mandado foto das crianças, falando das gracinhas de Nicole e Pedro.
Parei numa floricultura, comprei dois buques de rosas, uma para Nicole e outro para Aline, assim a bronca seria bem mais leve, voltei para casa, um congestionamento terrível, me atrasando vinte minutos.
Abri a porta de casa mal conseguia equilibrar as flores e a pasta que estava cheia para analisar um processo.
- Mulheres da minha vida CHEGUEI!!!!! - Disse abrindo os braços e dando de cara com uma senhora muito esquisita, Aline surgiu com Pedro no colo, me encarando como se eu fosse um alienígena. - Boa noite.
- Tio Jorge... - Nicole aparecei toda sorridente.
- Meu Deus... Aonde vamos!... Você está linda de vestido rosa. - Me abaixei, dando um beijo em Nicole. - Olha o que eu trouxe para você, uma daminha tem que ganhar flores.
- São lindas!!!! - Ela abraçou o buquê.
- E este é para você. - Estendi para Aline, sorri amável, mas aqueles olhos sobre nos me deixou um pouco sem jeito.
- Oi Amor! - Aline forçou um sorriso. - Essa é Dona Cármen, ela é assistente social. Veio ver as condições em que a Nicky está vivendo!
- Como vai? - Estendi a mão depois de colocar as flores sobre a mesa, já que a Aline estava com Pedro no colo.
A mulher me encarou com ar inquisitivo e desafiador, tinha os cabelos presos num coque evidenciando os fios grisalhos.
- Boa noite, Sr. Quintino! - Ela apertou firmemente a minha mão- Estou o aguardando há algum tempo.
- Me desculpe... - Abri os braços. - Estou aqui ao seu dispor. - Ofereci o sofá para que se sentasse, Nicole trouxe seu caderno da escola para eu ver a letra dela, olhei para Aline, mas voltei a atenção para a senhora, sorri em uma linha amigável.
- Está lindo meu anjo... Gostei de ver. - Beijei seus cabelos. - Agora sente-se e termine seu Dever que depois vejo se precisa de correção.
- Tá bom! - Rapidamente ela foi para a mesa.
- Não precisam se sentir intimidados comigo!- ela sorriu- Como o senhor também trabalha a serviço da lei, sabe que estou seguindo o padrão, eu preciso saber como a menor está sendo tratada, as condições em que vive, pra entender se vocês estão realmente aptos a adoção.
Aline parecia feita de pedra, e era óbvio que não estava a vontade com aquela situação
- A dona Cármen passou a tarde conosco
- Que bom... - Sorri amável tentando manter Aline calma. - Me permite chama-la de Carmen?
- Claro! - Ela sorriu. - A Nicole me parece bem feliz ao lado de vocês e isso é muito importante!
- Ah... Nicole é o nosso presente... - Olhe para ela que fazia a lição. - Eu e a Aline nos apaixonamos por ela, e não tinha como não adota-la, é uma menina especial, terá todo o nosso amor... - Olhei para Carmen. - esmo sendo um Juiz da vara da infância, poderia passar por cima de toda burocracia, e a senhora sabe disso mas não é justo, se a lei manda que devemos ser visitados por um assistente social, fazer testes psicológicos, etc... eu e a Aline estamos dispostos a fazer e passar por tudo isso...
- Isso é muito bom! Estamos avaliando o caso de vocês com cuidado. Já conversei com sua esposa, estou a par do processo criminal que a envolveu, e sabemos que estão passando por acompanhamento psicológico e é excelente que a decisão tenha partido de vocês
- Como diz na sua ficha, já estou a dois meses passando por terapia... Tenho histórico de sequestro, o nascimento do Pedro foi algo que mexeu por demais com os nossos psicológicos, quase perdi minha esposa... Foi bem complicado. - Disse respirando fundo e relembrando o dia. - Aline é forte, mas sei abalou o emocional dela, foi tudo muito rápido e inesperado.
- Mas, a terapia tem nos feito muito bem. - Aline finalmente se posicionou. - Tem nos ajudado muito.
- Hum - A mulher encarou Aline curiosa. - Contem-me mais sobre isso. - Ela olhou de Aline pra mim e sentou-se no sofá.
- Bom... - Encarei Aline... - Pedro foi uma benção como disse, mas nos tirou completamente da rotina que estávamos acostumados, ne trabalhava, a gente moa na praia, tinha uma vida de recém casados... - Voltei a olhar Carmem. - Para mim a mudança foi... O concurso, e um ilho, do mais, eu mantive minha rotina, já Aline se viu obrigada a largar o emprego, passou por uma outra cirurgia delicada, passou duas semanas internada, foi uma grande mudança, só que ela não queria admitir e como o terapeuta disse, os hormônios mexeram com a estrutura emocional, e como para mim não mudou muito, Aline se sentiu acuada, perdida.
- Bom! - Aline começou. - Tem me ajudado muito a controlar o meu temperamento, a entender e aceitar todas as mudanças que ocorreram nas nossas vidas!
- Então, a terapia tem sido realmente útil a vocês?
- Sim... - Olhei para Aline.
- Sim! Está sendo maravilhosa! - Aline afirmou confiante.
- E como está a sua inteiração com a Nicole, Sr. Quintino?
- Melhor impossível, estou deixando ela a vontade para decidir o dia que quer nos chamar de pai e mãe... não vou força-la, ainda mais por ter tido pais amorosos que amavam... Mas que infelizmente perderam a vida numa tragédia, não quero que ela deixe de ama-los e forçar nos chamar de pais. quero que seja natural para ela. - Dei risada. - É até interessante, por que vamos ao parque aqui do condomínio, as outras crianças pedem para ela falar com os pais para deixarem ir ao apartamento deles, ela não diz que não somos seus pais, ela vem e pede, então a aceitação podemos dizer que foi aceita, só estamos esperando que nos chame.
- Pude perceber o quanto ela e sua esposa tem se dado bem. E é muito bom ver o quanto elas são amorosas umas com a outra- Aline sorriu vaidosa e Carmem levantou-se. - Bem, eu preciso ir agora, mas até o momento, o meu parecer é favorável a vocês... A Nicole está feliz, bem. - tratada e feliz e ao meu ver, é o que importa.
- Sim... E é o que mais queremos, seja feliz e se sinta em família, completa. - Me levantei, estendi o braço para pegar Pedro. - Não quer jantar conosco?
- Ah não! Tenho um longo trajeto até em casa, mas já provei da deliciosa comida da sua esposa nó almoço.
- E está convidada a voltar sempre que quiser.
- Isso mesmo, tenha uma boa noite e bom retorno para casa. - Sorri com Pedro no colo.
Ela acarinhou os cabelos de Pedro.
- Onde está a Nicole? Quero dar um beijo nela antes de ir pra casa.
- Nicole! - Chamei próximo ao corredor que dá para os quarto.
- Tô indo! - Respondeu ela saindo do quarto novo, sorriu.
- A Tia Carmen está indo embora e quer te dar um beijo.
- Ela não vai me levar, néh tio!? - Nicole agarrou nas minhas pernas e a encarou preocupada.
- Não anjo, ela só quer se despedir... - Disse olhando para Aline, a segurança tinha que vir dos dois.
Aline afagou seus cabelos e sorriu pra ela.
-A tia Carmen está nos ajudando pra gente ficar com você para sempre
- Tchau, tia. - Nicole deu um passo a frente, deu beijo rápido e agarrou as pernas de Aline!.
Aline sorriu e a abraçou forte.
- Obrigada por tudo, Cármen!
- Imagina! A minha recompensa é ver essa garotinha feliz e saindo das estatísticas de abandono.
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O Inquilino 3 (FINALIZADO)
RomanceRenata Quintino viaja para o Canadá para realizar seus sonhos, aprimorar seu inglês e ir para a universidade em Washington, deixando quem ela amava por não entender e aceitar o seus desejos. Os anos passam e Renata esará de volta, madura, feliz, mas...