O Inquilino 3 (FINALIZADO)

Café da manhã com Adriano

Renata Queiroz

Eu estava sonhando, só podia! Eu nem acreditava que Adriano e eu estávamos vivendo juntos e que teríamos um bebê.

Levantei pela manhã e calcei minhas pantufas de bichinho e o meu casaco de lã que estava à cabeceira.

Procurei por Adriano na cama e um delicioso cheiro de café quente invadiu minhas narinas. Segui para a cozinha e ele estava de costas para a porta, fazendo algo no fogão. 

- Bom dia, Amor!

- Bom dia! - Ele se virou para me olhar. - Com fome?

- Um pouco! - Sorri pra ele. - O que temos de bom?

- Estou terminando o café, mas fiz ovos mexidos, bacon frito, busquei os croissants quando voltava da corrida... Temos suco de laranja, frutas que uma grávida precisa como mamão, maçã... - Ele sorriu. - Você escolhe o que quer comer.

Adriano se aproximou de mim com o bule de café na mão, me deu um beijo e colocou o restante sobre a mesa.

- Vou soar muito gulosa se eu disser que quero comer um pouco de tudo.

Adriano gargalhou se sentando.

- Não! Coma o que quiser... Depois te coloco em forma. - ele piscou para mim.

- Não quero ficar em forma. Quero ser uma grávida mimada e comer tudo o que estiver ao meu alcance, ficar com uma barriga enorme e as bochechas coradas.

- Tem certeza? - Adriano soou debochado. - Você não me parece ser tão desleixada assim.

- Não sou! Mas, agora eu estou grávida, chega de banana com granola. Caramba, falar em granola me deu vontade de comer açaí com granola, castanha e raspas de chocolate!

- Só quando estivermos no Brasil... - Adriano estava se divertindo comigo.

- Fazer o que, né?

- Vamos ligar para sua mãe depois do almoço... Seu irmão vai estar em casa, assim veremos ela pela câmera do celular. Pronto para contar a novidade?

- Ela vai surtar! - eu sorri.

- Minha mãe já está sabendo... Pensa numa velha chorando e berrando no telefone. "Adriano, meu filho! Finalmente eu vou ter um neto!!!" - Adriano imitou a mãe, rimos achando graça.

- Sabe que o Nando vai querer enfiar uma camisa do Palmeiras no nosso bebê né?

- Nunca! - Adriano quase engasgou. - Deserdo!!

- Deserda, sei! Você vai amar a nossa filhotinha de colanzinho verde e ainda vai desfilar com ela assim.

- Nunca! - Adriano disse revirando os olhos. - Minha filha ou meu filho vai ser corintiano!!! Vai se acostumando!

- Minha filha vai ser o que ela quiser!

- Corintiana!!! - Afirmou Adriano me provocando.

- E pode ser um menino, Moça!

- Tenho certeza que é uma menina pra eu vestir toda de cor-de-rosa e encher os cabelos de lacinhos. E adornos.

- Renata! Não faça expectativas. - Adriano se levantou e veio se sentar ao meu lado. - E se for um menino? Sabe que meninos são apegados a mãe... se for menina, vai perder terreno pro paizão aqui!

- Até parece! - Gargalhei ,eu sentia no meu íntimo que era uma menina.

- Quero só ver! - Adriano riu gostosamente. - Melhor comer... o ovo vai esfriar e não fica legal depois.

- Me dá na boca?! - soei manhosa.

- O quê? - Ele me olhou desconfiado e riu. - Claro! O que quer primeiro?

- Quero mamão!

- Muito bem... - Adriano pegou meio mamão, cortou em cubos, despejou uma colher de mel e passou a me dar na boca. - É um bom treino para quando chegar nosso bebê.

- vai ter de mimar bastante essa grávida!

- E o Grávido aqui não conta? - Ele abriu os braços se fazendo de chocado.

- Não! - Respondi resoluta e me joguei em seus braços abertos, que logo me envolveram. - Você é meu mesmo?

Adriano fez um bico indeciso, depois riu e me colocou de pé e se levantou.

- Coloque uma roupa, vamos sair. - Ele me puxou para o quarto.

- Temos que ir mesmo? - fiz biquinho. - Nem acabei o meu café.

- Te compro um café com tudo que tem direito na Starbucks... Eu gosto do clássico com chocolate e chantilly. - Apanhei uma calça Jeans e uma camiseta de manga e gola alta. - Está frio... Se agasalhe.

- Vou fazer isso! Pra onde vamos?

- Compras... Você precisa de um guarda roupa novo e eu preciso comprar uma coisa muito importante que esqueci completamente. - Ele apanhou o Tenis e os calçou. - Vou comprar uma bota de neve para você. essa que você tem jpa está muito gasta... não quero que caia por aí.

- Está me chamando de desastrada?

- Não! Estou dizendo alertando para o perigo. - ele veio até a mim, me envolvendo em seus braços. - Quero você segura. - Ele me beijou. - Te espero na sala.

- Eu não demoro! - Sorri pra ele e tratei de apanhar as roupas que eu usaria pra sair. - Vou precisar de calças novas! - eu sorri. - Tenho certeza que logo as minhas ficarão largas.

- Vamos ver tudo isso... 

Adriano saiu e me deixou sozinha para me trocar. Me arrumei com capricho e segui de volta para a sala.

- Vamos bater pernas por aí, meu amor?

- Vamos lá... - Ele apanhou a chave do carro, a carteira e saímos. - O carro está na rua, esse prédio não tem garagem.

- Tá bom! - Dei de ombros.

Descemos até o térreo e antes que saíssemos do prédio, Adriano ajeitou meu casaco, fechando ele bem.

- Não quero que pegue um resfriado, não é bom. - ele me deu um beijo e abriu a porta me levando para o carro. - Uau! que frio! - Ele assoprou as mãos assim que se sentou no banco do motorista. - Vamos as compras.