Ida ao Guarujá

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Aline

Era sexta-feira e as crianças estavam numa alegria só porque íamos passar uns dias no Guarujá, eles não teriam aula na segunda-feira, então Jorge me convenceu a ir e só voltar na terça. Ele iria de lá mesmo pro fórum e eu fecharia a farmácia na segunda. Até Júnior parecia mais feliz, como se ele soubesse que estávamos indo para o nosso antigo lar. As crianças corriam pela casa, apanhando brinquedos que queriam levar, o que eu achava desnecessário, já que eles tinham tudo por lá.

Depois que eu já tinha organizado tudo pra partirmos Jorge chegou por volta das quinze horas.

- Já estamos prontos pra ir, Amor! - afirmei me aproximando dele e afrouxando sua gravata.

- Da tempo de tomar um banho rápido. Só pra tirar o suor e a Inhaca do trabalho? - Jorge me deu um beijo e me entregou sua pasta pesada. - coloca no carro. Preciso ler uma ação.

- Você não vai passar o fim de semana pregado no escritório, né?

- Vou tentar ficar o mais longe possível. - Jorge sorriu apertando minha bunda.

- Aquela casa me trás tantas lembranças boas! - o abracei e beijei suave, mordiscando o seu lábio inferior.

- Huuuum! - escutamos o eco de Pedro e Nicole e me afastei do pai deles- Tão namorando! - eles repetiram em uníssono.

- Vocês não tem mais o que fazer, não ?

Jorge riu e saiu correndo atrás dos dois.

- O papai vai pegar meus pimentinhas! - Ele disse em voz de monstro, fazendo os dois saírem gritando.

Junior e Priscila patinando no piso pra correr atrás do meu marido.

- Eu tenho três crianças em casa!

Logo estávamos colocando as malas no carro e partindo pro Guarujá. Pedro e Nicole cantavam, enquanto Jorge dirigia e eu fazia a minha lista de medicamentos que teria de encomendar pelo tablet. Eu reclamava de Jorge ser aficionado pelo trabalho, mas eu não ficava muito atrás. Ainda mais agora que meu irmão tinha resolvido vender a parte dele na nossa sociedade. 

- Eu estou tão brava com o Alexandre! - desabafei, largando o tablet no meu colo. - Entendo que ele não queira mais estar a frente do nosso negócio, mas vender pra um desconhecido... Que droga, Cara!

- Você vai se acostumar com seu sócio... - Jorge riu.

- Custava ele oferecer pra mim? - Suspirei. - Caramba, eu dava um jeito, vendia meu carro, fazia um empréstimo no banco, um parcelamento com ele, sei lá! Mas, um novo sócio...

Na verdade o Alex nunca esteve muito a frente da farmácia mesmo. Ele era mais um sócio capitalista e eu me habituei a esse modelo de trabalho.

Agora vou ter de me reportar a um desconhecido. Isso é tão... injusto!
- Você fala como se não tivesse um marido... - Ele disse bravo. - Vender o carro ao invés de conversar comigo...

- Amor, sem drama, por favor! - acarinhei sua coxa, eu sabia que podia contar com ele pra tudo, mas por outro lado ainda era a mesma mulher que quando colocava uma idéia na cabeça faria de tudo possível e viável pra conseguir.

- Na terça o Alex te apresenta ao seu novo sócio.

- O jeito é ter paciência e me habituar as mudanças! - Emendei, me inclinei pro lado e beijei seu rosto- Não fica bravo comigo!

- Não estou bravo, Aline! Só não gosto quando me sinto de lado na sua vida profissional.

- Desculpe Amor! Diz o que eu faço pra me redimir? - Soei manhosa.

- Pergunta um pouco fora de hora! Jorge sorriu malicioso indicando as quatro figuras atentas no banco de trás.

- Hum! Acho que já entendi! - sorri. - Até lembrei quando pegávamos essa estrada sozinhos quando você ia me buscar no hospital.

- Há! Essa estrada se falasse... - Jorge apertou minha mão sobre sua coxa.

Sorri, e encarei minha turminha pelo retrovisor. Era estranho pensar nas voltas que demos pra chegar onde estávamos. Repousei a cabeça no vidro e acabei cochilando. Acordei com Pedro me cutucando no banco. 

- Mamãe, a gente já chegou.

- Está muito quente... - Jorge disse se referindo ao tempo. - Muito protetor solar nas crianças... Eu preciso ver se o protetor solar do Júnior da Priscilla está na validade.

Jorge entrou com o carro na garagem da casa, a grama estava um pouco alta.

- Você não tem falado com o José pra vir cortar a grama?

- Acabei esquecendo! - dei de ombros. - Ligo pra ele depois.


O Inquilino 3 (FINALIZADO)Onde histórias criam vida. Descubra agora