Renata Queiroz - os meses passam

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Renata Queiroz

Eu ainda pensava naquele fim de ano, em como foi gostoso estar com Adriano e como nos amamos. Fui tão feliz naqueles dias, mas o sonho acabou. Tive muita raiva do Adriano nos primeiros dias por não ter entrado em contato, mas o que restou aos poucos foi uma certa mágoa. Eu não podia ter me apaixonado fácil assim e depois de quase um ano ainda estar sofrendo por isso.

Eu especulei mil coisas, levantei inúmeras possibilidades, mas a verdade é que ele era como a maioria dos ricaços que usavam e se esqueciam depois, e apesar disso as lembranças eram incríveis e intensas

As vezes me pegava pensando porque ele tinha sumido assim? Nem um telefonema, email ou mensagem no whatsApp! Apenas o vazio. Chorei por noites a fio até me acostumar novamente a idéia de que meu destino era ficar sozinha

Eu vinha andando tomada pelo desânimo, mas nessa semana em especial jurei pra mim mesma que ficaria bem.

Tomei uma injeção de animo, porque havia conseguido juntar alguns trocados e estava voltando ao Brasil pra passar alguns dias com minha mãe e isso me fazia muito feliz, tanto que pude esquecer um pouco Adriano e me concentrar na minha folginha ao lado da família.

Tomei o vôo para o Brasil me sentindo renovada e só pensando em dar um abraço na minha mãe, meu irmão foi me receber me aeroporto e seu abraço em mim foi tão quente e apertado que chegou a ser sufocante. Fomos pelo caminho conversando sobre a minha estadia nos Estados Unidos e a vida da minha família aqui no Brasil

Meu irmão estava tão feliz em me rever depois de tantos anos que decidiu que antes de eu partir de volta na segunda-feira me levarei pra assistir um jogo do Palmeiras no estádio. Eu nem era torcedora do tipo, na verdade não torcia pra time nenhum, mas a sua animação era tão autêntica que não pude recusar e até aceitei vestir a camisa do time. Seguimos do Aeroporto direto pro shopping pra Fernando me presentear com o "manto sagrado" como ele gostava de nomear! O sonho dourado do meu irmão era me fazer palmeirense.

- Olha Renata, a gente não pode demorar muito senão a mamãe me mata por não ter te levado direto pra casa.

- Eu é que não entendo essa sua pressa, Nando! Hoje ainda é quinta-feira e o jogo é só no domingo. As camisas não vão fugir da prateleira.

- Cara, não contesta! - ele riu.

Eu não resistia a carinha de cachorro sem dono que meu irmão fazia quando queria alguma coisa, e eu imaginava que foi assim que ele ganhou o coração da minha cunhada!

Fernando estacionou o carro no estacionamento do shopping e seguimos direto para uma loja de artigos esportivos. Sentei num daqueles bancos em frente a loja e aguardei do lado de fora, enquanto meu irmão falava com a atendente, eu não tinha a menor paciência para compras em shopping.

- Renata Queiroz? - escutei atrás de mim.

Me virei para ver quem era e lá estava ele, Adriano e de muletas, sorriu ao me reconhecer.

Merda! Meu coração parecia ter parado de bater um instante e minhas pernas estavam trêmulas. Ainda bem que eu estava sentada, porque com certeza elas denunciariam o meu estado de nervos.

- Sim? - Fingi não reconhecê-lo, eu não ia servir de estepe de novo, apesar de estar mega curiosa sobre o porque ele estar de muletas, preferi fingir demência.

- Sou eu Adriano! - Ele se sentou ao meu lado. - Caramba! Não acredito que não me reconhece?

- Deveria? - continuei me fazendo de desentendida, mas a essa altura até a minha voz já estava estranha e falha.

- Eu sei que está magoada comigo. Eu sumi... - Ele soltou o ar com força. - Quer tomar um café?

- Olha, eu realmente acho que você está me confundindo com outra Renata. Porque eu até conheci um Adriano há alguns meses, mas foi um cafajeste, cretino, mal-carater que passou um fim de ano incrível comigo e sumiu do nada depois. E você não parece ser o tipo de pessoa que faria algo assim... Então se me der licença, eu não sou a garota que você procura!

O Inquilino 3 (FINALIZADO)Onde histórias criam vida. Descubra agora