Prontas para viajar para Argentina

1.6K 222 18
                                    

Adriano

Depois do café da manhã eu e Renata tomamos um banho, fizemos amor debaixo do chuveiro e depois seguimos para casa de sua mãe.
Fiz o convite para irmos a Argentina conhecer minha mãe. Relutante, acabou aceitando em nós acompanhar.
Fiquei de voltar às 15horas para pegá-las para irmos ao aeroporto.
Fui trabalhar, liguei para minha mãe avisando que estava indo com duas convidadas, minha namorada e minha futura sogra. As 14:47hs estava estacionando em frente da casa para apanha-las.

- Estão prontas? - Perguntei assim que Renata abriu o portão.

- Prontissimas! - Estela respondeu animada. - Vamos conhecer outro país! Meu Deus que luxo.

- Você está parecendo criança, mamãe.

- Então vamos... - abri a porta do carro para Estela entrar, apanhei sua mala pequena. - Vou por no porta malas pra ficar mais confortável.

- Quanto tempo vamos voar? - Renata indagou.

- 3horas... - Adriano deu de ombros. - Acho que é isso. - Tá bom! - ela afirmou nervosa.

- Eu trouxe umas revistas de palavras cruzadas pra você, filha!

- Renatinha tem medo de avião.

Olhei para Renata não acreditando.

- Se tá de brincadeira?

- Não! - ela estava pálida. - Eu sempre quis conhecer o mundo, mas sempre tive pavor a voar.

- Acostume-se! - disse me sentando no banco do motorista, liguei o carro e a olhei sorrindo. - Se ficar comigo! Vai viajar muito.

- Se ficar? Já está pensando em me deixar?

- Não... Nem passou pela minha cabeça.

Saí com o carro e percebi que do outro lado havia um BMW preto estacionado, passei por ele lentamente e reconheci o rapaz.

- Alguém estava vindo para te ver. - Falei sério seguindo a rua, não parei para ver o que ele queria.

- Me ver? - Ela estranhou, não havia notado.

- Quer que eu pare? - mesmo que falasse para parar, não iria.

- Quem era? - Mantive o silêncio. - Então, Drico, quem era?

- Seu ex! - Falei caçoando.

- Ah! - ela deu de ombros. - O que aquele idiota pode querer de mim depois de tanto tempo?

- Matar a saudade. - Olhei para Estela pelo retrovisor. - Acho que ele já provocou muito sofrimento, não é!?

- Você não faz idéia de quanto, filho! Nós perdemos demais! Um bem irreparável. 

- Mãe, é passado!

Havia algo de muito podre nessa história. Olhei para Renata.

- Quer me contar? - Pedi carinhosamente.

- Não! - Ela disse resoluta e suspirou longamente. - Eu já te contei tudo o que você precisava saber.

- Filha, por que não por isso pra fora?

- Porque eu já superei essa história, mãe!

- Tudo bem! Não vai faltar oportunidade para me contar.

Ela forçou um sorriso, mas não conseguiu disfarçar a tristeza que tomou seu olhar.

Seguimos até Guarulhos com uma certa tensão no ar. Mas as coisas mudaram assim que entramos para o embarque e direto para o avião, não deixando Renata ter tempo de sentir seu medo. Estela foi na janela, Renata ao seu lado e eu no corredor. Segurei firma a sua mão para a decolagem.

- Não vai demorar muito. Logo estaremos lá.

Renata sorriu para. mim e me abraçou. 

- Não deixa boatos afastarem a gente tá!

- Nunca... É passado e no passado ficará. - A beijei apaixonado. - Renata repousou a cabeça em meu ombro e fechou os olhos. - Eu queria nunca ter conhecido o Gabriel.

- E eu gostaria de ter te conhecido antes dele. - Acariciei seus cabelos e seu rosto até tocar em sua boca.

- E o que você faria se isso acontecesse?

- Provavelmente já estaria casado com você. - Sorri para ela assim que me olhou surpresa.

- Você existe mesmo?

- Não! - Fiz cócegas nela a fazendo rir. - Claro que existo.

- Eu vou sentir tantas saudades de você quando voltar aos Estados Unidos!

Renata repousou a cabeça em meu ombro e suspirou antes de começar a falar.

- Quando o Gabriel e eu começamos a namorar, alguns meses depois eu fiquei grávida! - ela soluçou baixinho e eu sabia que ela estava chorando- Eu contei pra ele assim que confirmei as minhas dúvidas, mas ele não reagiu como eu esperava e sugeriu que eu fizesse um aborto, apavorado com o que os pais dele iam achar. Eu fiquei tão magoada com ele, que eu cometi o erro de procurar os seus pais e contar tudo. Eu acreditei que teria algum apoio, afinal eu estava esperando um neto deles, mas o que eles fizeram foi me oferecer dinheiro pra "resolver o problema" e ameaçaram o emprego da minha mãe! - voltei-me para Estela, mas essa já dormia com a cabeça repousada na vigia. - Eu não aceitei e eles colocaram a mamãe pra fora. O Gabriel me procurou, fingindo arrependimento e nós acabamos reatando o namoro. Eu realmente achei que ele quisesse ficar comigo, que enfrentaria os pais. Ele passou a conviver na minha casa e numa manhã eu passei a me sentir muito mal, após o café-da-manhã, fui internada as pressas com uma hemorragia intensa e perdi o bebê. Achei que tinha sido uma fatalidade, mas o Gabriel ficou estranho e quando eu deixei o hospital ele confessou que esfarelou comprimidos abortivos e pôs no meu suco, a idéia foi da mãe dele. - ela chorava convulsivo. Eu não devia ter aceitado nada daquelas pessoas, eu sei! Mas, é que depois de me decepcionar tanto. Eu só queria ficar o mais longe possível do Gabriel e da família doente dele!


O Inquilino 3 (FINALIZADO)Onde histórias criam vida. Descubra agora